O SÉTIMO SELO


 LIÇÃO 7 - O SÉTIMO SELO 

Texto base: Apocalipse 8.1-11.19 

Motivação 

O mundo não é como ele deveria ser. Deus não o criou assim. Justamente por isso, uma das mais caras expectativas judaicas e cristãs tem relação com o fim desta realidade, como nós a conhecemos. Um dia tudo isso vai passar, para dar origem ao mundo como ele deveria ser: sem pecado, sem maldade, sem violência. As descrições bíblicas desta intervenção final de Deus na história aparecem na Bíblia em vários lugares. Nesta lição, estudaremos uma das mais impressionantes descrições de como se dará o fim da história e deste mundo. 

Exposição bíblica 

O SÉTIMO SELO 

Estudamos em momentos anteriores o significado dos selos. Eles representam a forma como o Reino do Filho do Homem, Jesus Cristo, será implementado, consumado na história. Os quatro primeiros selos simbolizam sinais proféticos que, lidos sob a clave das dores de parto, se darão sobre a humanidade em manifestações cada vez mais intensas e em intervalos cada vez menores, até culminarem na derradeira e definitiva Grande Tribulação (o quinto selo). Após esta última tribulação, a humanidade não tem mais a presença de filhos de Deus na terra. Apenas uma humanidade impenitente e rebelde aos projetos de Deus caminha no mundo. É sobre estas pessoas que descem o sexto e o sétimo selo. 

O sexto selo indica o início do fim do mundo e o sétimo é um desdobramento do sexto, ampliando-o na forma de sete trombetas. O que temos no sétimo selo, então, é a descrição simbólica da intervenção escatológica de Deus. Outro autor poderia descrever isso de forma rápida, como fez o apóstolo Paulo em 1Tessalonicenses 4.13-18. João, entretanto, não escreve tão breve assim. Ele amplia e alonga sua descrição do final. É um fim expandido, que começa no sexto selo e se arrasta pelo sétimo (as sete trombetas). 

AS SETES TROMBETAS 

Quando o Cordeiro quebrou o último selo, o que João viu dentro dele foi outra série, desta vez sete anjos, cada um com uma trombeta na mão. Cada trombeta é um tipo de flagelo. São flagelos limitados, já que nenhum quer destruir toda a terra. 

As trombetas evocam as pragas do Egito, e com isso simbolizam que Deus está castigando os opressores do seu povo. Uma leitura atenta das sete trombetas encontra um estreito paralelo entre elas e as sete taças que virão a ser despejadas sobre a terra a partir do capítulo 16. A estrutura das trombetas e das taças é a mesma, indicando que ambas descrevem os mesmos eventos, dentro da narrativa do fim dos tempos. A história que o Apocalipse conta aqui com as trombetas será contada novamente através das sete taças dos sete anjos. 

E que história profética é essa? Que a humanidade impenitente que perseguiu e matou o povo de Deus sofrerá, ainda dentro da história, uma série de castigos e pragas divinas. É importante frisar que os seguidores do Cordeiro não sofrerão as dores das sete trombetas. 

O PROFETA E O LIVRO 

Já vimos que após o sexto selo e antes do sétimo, o Apocalipse apresentou uma pausa na narrativa, uma espécie de interlúdio ou parênteses. O mesmo fenômeno literário acontece entre a sexta e a sétima trombeta. Isso significa que as cenas que aparecem antes da última trombeta não estão numa ordem narrativa ou cronológica. São duas cenas, basicamente. A primeira descreve a entrega de um livro que João deveria comer. Essa primeira cena descreve, em termos simbólicos e proféticos, a vocação de João. Alguns comentaristas acreditam que é outra forma de descrever a mesma vocação que ele já narrara no capítulo 1, quando recebeu a incumbência de escrever às sete igrejas. Aqui, entretanto, a vocação tem um alcance mais amplo. João é chamado a falar para “povos, nações, línguas e reis” (Ap 10.11) É uma cena inspirada na vocação de antigos profetas de Israel que também precisaram comer um livro recebido de um ser celestial. Ainda no contexto da sua vocação, João precisa medir simbolicamente o santuário, no que talvez seja uma referência à destruição do Templo pelos romanos, na guerra judaico-romana de 66-70. 

A segunda cena do interlúdio descreve a morte das duas testemunhas. Esta é uma das passagens mais enigmáticas do Apocalipse. Muitos expositores do livro entendem que ela é uma referência literal a eventos que se darão no final dos tempos. Com isso, eles a inserem na estrutura cronológica da narrativa. Como já argumentei anteriormente, as pausas podem não fazer parte da sequência natural dos eventos que João apresenta no seu livro. Seguindo essa linha de raciocínio, as duas testemunhas podem não ser figuras que se manifestarão entre a sexta e a sétima trombeta. Faz mais sentido entendê-las como uma descrição proléptica (antecipada) do povo de Deus durante a perseguição das bestas, cena que se desenrolará no capítulo 13 do Apocalipse. A cena das duas testemunhas, portanto, parece ser uma antecipação de eventos (prolepse) que João ainda iria narrar dentro do seu livro. A besta que surge na cena é claramente a besta do capítulo 13, que aqui aparece sem rodeios ou apresentações. Ela surge subitamente na narrativa. Talvez, enquanto ouviam o texto pela primeira vez, seus ouvintes se perguntariam nessa hora: “Que besta é essa? De onde ela veio? Por que ela persegue as testemunhas de Deus?”. João explicará isso com propriedade a partir do capítulo 13 do Apocalipse. 

Lidas desta forma, elas representam os santos perseguidos e martirizados pelas bestas. Da mesma forma que as duas testemunhas foram levadas por Deus para o céu, os crentes que morrerem também irão. A morte, então, não representa suas derrotas. 

CONSUMAÇÃO DO REINO DE CRISTO 

Finalmente, chega a sétima trombeta. Com ela se encerra também a revelação do livro selado. E o que João viu no final da revelação? Apesar de todas as dificuldades e perseguições, não há qualquer possibilidade de Cristo ser derrotado. Seu Reino será estabelecido e consumado sobre a história humana. 

A seção começou com adoração e terminará do mesmo jeito. Grandes vozes no céu cantam a vitória de Deus e seu Ungido. Os vinte e quatro anciãos a verbalizaram assim: 

Graças te damos, Senhor Deus, Todo-Poderoso, que és e que eras, porque assumiste o teu grande poder e passaste a reinar. Na verdade, as nações se enfureceram; chegou, porém, a tua ira, e o tempo determinado para serem julgados os mortos, para se dar o galardão aos teus servos, os profetas, aos santos e aos que temem o teu nome, tanto aos pequenos como aos grandes, e para destruíres os que destroem a terra. (Ap 11.17-18) 

Chegou a hora do juízo final. A Bíblia está repleta de cenas dele. João, entretanto, não se detém a descrevê-lo. Sua preocupação com a adoração é tão grande que ele termina a história da intervenção final de Deus com o canto de vitória. A forma como ela se concretizará não aparece aqui. Mas não precisa. O principal foi declarado: chegou o tempo de galardoar os que temem o nome de Deus! 

Relação com a vida 

Vários povos da antiguidade entediam que o mundo não teria fim, e que a história continuaria de forma ininterrupta. Os judeus, e posteriormente os cristãos, entretanto, compreenderam que esta realidade não iria durar para sempre. Um dia o mundo iria acabar. Como isso iria acontecer e em que momento eram perguntas respondidas de diversas maneiras, mas a esperança comum residia na expectativa da chamada inversão escatológica, quando todo o mal, dor e opressão seriam descontinuados para dar origem a uma nova realidade. 

Essa esperança precisa gerar nos filhos de Deus algumas posturas. Uma primeira tem relação com o apego ou desapego aos bens materiais. Alguns crentes são muito apegados a coisas. A casa, o carro e outros objetos recebem mais atenção do que os próprios membros da família. A Bíblia nos alerta que este não é o nosso destino. Estamos aqui de passagem. Somos peregrinos em terra estranha. Nosso lar está em outro lugar. Precisamos andar por aqui sem apegos exagerados por bens e recursos materiais, pois eles, como tudo que existe neste mundo, são estritamente transitórios. 

Uma segunda postura reside na certeza da vitória de Jesus Cristo, o Filho do Homem, o Cordeiro de Deus. Quando andou entre nós, foi maltratado e morto numa cruz. Mas sua morte, na verdade, foi apenas o caminho para a vitória, que começou na sua primeira vinda e se concretizará no seu retorno glorioso. 

Para pensar e agir 

Você anseia pela volta de Jesus? Certamente os incrédulos não tem qualquer interesse em sua volta. Sequer creem que isso vai acontecer. Mas mesmo entre alguns crentes, há um certo apego a coisas materiais que suprimiu esse anseio. Vamos olhar, então, para nossos mais íntimos sentimentos e promover um desejo sincero de ver a volta de Jesus. Maranata! Que venha nosso Senhor Jesus! Leituras diárias: 

Segunda-feira: Apocalipse 8.7-13 

Terça-feira: Apocalipse 9.1-12 

Quarta-feira: Apocalipse 9.13-21 

Quinta-feira: Apocalipse 10.1-11 

Sexta-feira: Apocalipse 11.1-2 

Sábado: Apocalipse 11.3-14 

Domingo: Apocalipse 11.15-1




Fonte: http://batistafluminense.org.br/revista/documentos/palavraevida_4_ano_2015_tipo_1_capitulo_7.pdf

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