Matemática - Lúdica *


Adreiton Ferreira Bellarmino de Deus  Pós-Graduando em Educação Matemática pela PUC (Pontifícia Universidade Católica). Matemático Formado pela UNESP (Universidade Estadual Paulista). Coordenador de Matemática do Projeto Planeta Educação no Município de Taboão da Serra.
Metodologia da Matemática Lúdica

O uso do Tangram como recurso de aprendizagem


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A Matemática é uma ciência que tem por objeto de estudo as relações entre os números, as formas, as grandezas e as operações entre estes elementos. Ao longo da história, esta se apresentou de modo a separar as pessoas, visto que o conhecimento gera poder, pois nas culturas antigas, conhecimento era privilégio de poucos. Dessa forma, historicamente, nasceu um preconceito de que a Matemática é um conhecimento direcionado apenas a poucos indivíduos talentosos.
Por este motivo, o ensino e a aprendizagem da Matemática, recentemente, está sendo estudado, de modo a tentar universalizar o aprendizado desta ciência e promover a acessibilidade a todas as pessoas. Dentre as maneiras, destaca-se a matemática lúdica.
Nos dias atuais, o ensino da Matemática está apregoado nos Parâmetros Curriculares Nacionais, que são os livros editados por educadores que fornecem suporte didático para o professor, propostos pelo Ministério da Educação. Estes documentos defendem uma abordagem interdisciplinar, o uso de problemas e situações reais, as recreações matemáticas, doutrinas estas propostas já nas obras de Malba Tahan que está entre os educadores que mais trabalhou a contextualização da Matemática, através de sua forma simples e divertida, traduzindo problemas do cotidiano em problemas de Aritmética e Álgebra, além de abordar em sala de aula a matemática lúdica.
Uma das subdivisões da Matemática nos PCN’s é Geometria e Formas, uma parte onde se podem explorar assiduamente as recreações matemáticas. Dentro da moderna orientação do ensino, cumpre ao professor conhecer algumas abordagens lúdicas, pois terá, muitas vezes, necessidade de aproveitá-las para motivar os seus alunos e tornar mais agradável e interessante a aprendizagem da ciência.
Uma dessas abordagens que pode ser explorada nessa subdivisão da Matemática (Geometria e Formas), é o Tangram; um quebra-cabeça chinês de origem milenar formado de sete peças geométricas oriundas de um quadrado.
As peças do Tangram são as seguintes: dois triângulos grandes, dois triângulos pequenos, um triângulo médio, um quadrado e um paralelogramo, como mostra a figura abaixo:
Dois-triangulos-grande-medio-e-pequeno
Com essas peças e a criatividade é possível montar cerca de 1700 figuras diferentes, veja alguns exemplos abaixo:
Formas-de-gatinhos-e-patinhos
A introdução desse material-jogo pode ser feita através do conto de uma lenda sobre o tangram, a qual diz: “um monge chinês deu ao seu discípulo um quadrado de porcelana, um rolo de papel de arroz, pincel e tintas, e disse:
- Vai e viaja pelo mundo. Anota tudo que vires de belo e depois volta.
A emoção da tarefa fez com que o discípulo deixasse cair o quadrado de porcelana, que se partiu em sete pedaços. O discípulo, tentando reproduzir o quadrado, viu formar uma imensidão de figuras belas e conhecidas a partir das sete peças. De repente percebeu que não precisaria mais correr o mundo. Tudo de belo que existia poderia ser formado pelo Tangram.”
Logo após essa introdução, o professor pode confeccionar juntamente com os alunos as peças do Tangram, utilizando somente uma folha de papel quadrada e tesoura, trabalhando assim a coordenação motora e a arte ao mesmo tempo.
Além disso, vários conceitos matemáticos podem ser abordados, como:

  • Identificação;
  • Comparação;
  • Descrição;
  • Classificação;
  • Desenho de formas geométricas planas;
  • Visualização e representação de figuras planas;
  • Exploração de transformações geométricas através de decomposição e composição de figuras;
  • Compreensão das propriedades das figuras geométricas planas;
  • Representação e resolução de problemas usando modelos geométricos;
  • Noções de áreas;
  • Frações.
Com esses conceitos em mente, os alunos podem desenvolver algumas habilidades que servem de pré-requisitos para outras áreas do saber, como: visualização, diferenciação, percepção espacial, análise, síntese, desenho, relação espacial, escrita, construção, criatividade e raciocínio lógico.
Outra maneira de se trabalhar o Tangram é a “sobreposição”, na qual o professor fornece uma imagem pré-definida onde os alunos devem encaixar as sete peças. Veja:
Forma-de-homemzinho-correndo
Através dessa imagem dada, o aluno deve encaixar as peças do tangram preenchendo-a sem sobrepô-las.
A razão finalizadora do Tangram é de que o todo é divisível em partes, e estas podem ser reconstruídas em um outro todo, como a própria concepção do grande educador Malba Tahan sobre a matemática.
Enfim, o uso de material lúdico em sala de aula, como o Tangram, é uma estratégia eficaz para entender conceitos de número e operações, além de educar a atenção, despertar interesse por mais conhecimento e trabalhar a interdisciplinaridade. Portanto, entende-se que a aprendizagem deve acontecer de forma interessante e prazerosa e um recurso que possibilita isso são os materiais lúdicos.
Referências
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997.
DEUS, ADREITON F. B. Malba Tahan e a didática da matemática: teoria e aplicação em sala de aula. Trabalho de Graduação em Licenciatura em Matemática – Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2007. 85p.
CULTURA CHINESA. Tangram. Disponível em: http://www.chinaonline.com.br/antigo/artes_gerais/tangram/default.asp. Acesso em: 06 mar. 2008.

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