🌎Risco de segunda onda de covid-19 aumenta pressão por auxílio

POSSÍVEL PRORROGAÇÃO

*🌎Risco de segunda onda de covid-19 aumenta pressão por auxílio*

_🔎Governo tenta fechar portas para pedidos de gastos de ministĂ©rios e sofre pressĂŁo de alas do Congresso para dar novas parcelas do auxĂ­lio em 2021_

ECONOMIA
AgĂȘncia Estado
Portal R7

*Sexta-feira*,
*06 de novembro de 2020*

🔰A segunda onda da covid-19 jĂĄ registrada em paĂ­ses da Europa e nos EUA fez subir a pressĂŁo em uma ala do governo e tambĂ©m no Congresso pela prorrogação das medidas de combate aos efeitos da pandemia, principalmente o auxĂ­lio emergencial - cujo pagamento, a princĂ­pio, serĂĄ encerrado em dezembro.

Mas de olho no risco fiscal, a equipe econÎmica começou a costurar uma solução legal para fechar a porta a uma eventual corrida de ministérios para autorizar gastos na reta final do ano, deixando pagamentos "pendurados" para 2021 por meio dos chamados "restos a pagar" (despesas transferidas de um ano para o outro).

Segundo apurou o EstadĂŁo/Broadcast, a intenção da equipe econĂŽmica Ă© publicar uma portaria para delimitar quais restos a pagar da pandemia poderĂŁo ser pagos no ano que vem. SerĂĄ um procedimento especial Ășnico para as despesas que foram feitas com base no chamado orçamento de guerra e que vĂŁo ficar para 2021, criando uma espĂ©cie de cinturĂŁo de segurança para a gestĂŁo fiscal no ano que vem.

Aprovado pelo Congresso, o orçamento de guerra tirou vårias amarras de regras fiscais para permitir ao governo ampliar os gastos no combate aos efeitos da pandemia. A portaria estå em anålise na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e deverå ser publicada até o próximo dia 15.

Por essa regra, apenas os restos a pagar processados ficarão de pé de um ano para o outro. O carimbo de "processado" é dado quando o governo reconhece a dívida, ou seja, quando o bem ou serviço é entregue, ou hå o reconhecimento de um direito ao recebimento daquele recurso. Com isso, gastos não processados (ou seja, houve apenas a promessa de despesa, sem avanço) não permanecerão para os próximos anos como restos a pagar. No caso do auxílio, só quem fizer jus ao benefício em dezembro de 2020 poderå receber qualquer eventual valor pendente em 2021.

Com a decisão, a expectativa da equipe econÎmica é fechar qualquer brecha legal que possa permitir aos ministérios deixar uma fatura muito grande para 2021. Segundo apurou a reportagem, alguns órgãos consultaram informalmente a årea econÎmica sobre a possibilidade de empenhar recursos destinados originalmente à crise para outras åreas que estão com orçamento muito apertado em 2021.

A prorrogação do auxílio emergencial estå sendo cobrada porque o governo demora em apontar uma solução para o fim do benefício. Uma das propostas defendidas é a concessão de mais dois auxílios por meio de medida provisória. Hå quem defenda a inclusão dessa prorrogação na Medida Provisória 1.000, que estendeu o auxílio até o fim desteano com valor de R$ 300. A MP ainda não foi apreciada pelo Congresso.

Essa pressão foi reforçada por pesquisa da CNT (Confederação Nacional do Transporte) com o Instituto MDA, divulgada na semana passada, na qual 72% dos entrevistados defenderam a prorrogação do benefício por mais alguns meses a partir de janeiro de 2021.

"É impressionante como o governo nĂŁo conseguiu pautar ainda esse debate (a alternativa ao fim do auxĂ­lio)", disse Pedro Fernando Nery, consultor do Senado. Para ele, hĂĄ hoje um "abismo" que separa os dias 31 de dezembro e 1.Âș de janeiro de 2021, quando nĂŁo haverĂĄ mais o auxĂ­lio. O economista destaca que estĂĄ contratada alta da pobreza, do desemprego e da desigualdade. "Alguma coisa terĂĄ de ser feita. NĂŁo consigo pensar num assunto mais urgente."

Para Manoel Pires, coordenador do Observatório Fiscal do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), é muito provåvel que depois do verão uma segunda onda da covid possa atingir o Brasil. "Seria adequado para o governo manter uma estratégia pela qual uma eventual renovação do benefício seguisse a ideia de redução gradual", recomendou. Segundo ele, isso pode envolver uma redução do valor do benefício nos próximos dois meses, dando tempo para avaliar quais são os reflexos de uma segunda onda lå fora e como poderia se planejar para atuar no Brasil.

Jå o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), disse que o Brasil tem uma onda longa da covid e que a preocupação deve ser maior no verão com os voos que partem da Europa para o Brasil. Ele garante que não hå planos de renovação do Estado de calamidade e nem de auxílios. "Se tivermos um fato extraordinårio, todas as cartas serão colocadas na mesa, mas hoje estamos caminhando para uma não renovação do Estado de calamidade e vamos tratar do Renda Brasil", disse. O Renda Brasil ou Cidadã é o novo programa que o governo estuda em substituição ao Bolsa Família.

Lideranças do Congresso Nacional tambĂ©m jĂĄ cogitaram a possibilidade de remanejar eventuais "sobras" dos gastos contra covid para investimentos pĂșblicos. Em julho, a Casa Civil avaliou consultar o TCU (Tribunal de Contas da UniĂŁo) sobre a possibilidade de empenhar em 2020 gastos com obras e investimentos a serem executados apenas nos prĂłximos anos. Revelada pelo EstadĂŁo/Broadcast, a consulta era um pedido do MinistĂ©rio do Desenvolvimento Regional, e acabou sendo suspensa apĂłs ser interpretada pelo mercado como tentativa de drible ao teto de gastos, que limita o avanço das despesas Ă  inflação.

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