Tortura com sexo oral: GCMs presos “deram risada” durante ato, afirmam vítimas
Os seis GCMs investigados por tortura teriam ameaçado vítima com pedaços de madeira enquanto era obrigada a fazer sexo oral em amigo
São Paulo – Os guardas civis municipais (GCMs) investigados por torturar jovens, obrigando um deles a fazer sexo oral em outro, durante uma abordagem em maio na Grande São Paulo, usaram pedaços de madeira para ameaçar e agredir as vítimas.
Além disso, segundo investigações da Polícia Civil, “as vítimas relataram ter ouvido risadas dos [GCMs] omissos” durante a tortura sexual.
O ex-subcomandante da Guarda Civil Municipal (GCM) de Itapecerica da Serra, Emanuel Formagio, de 43 anos, é apontado pela Polícia Civil como o responsável pelas ameaças contra dois amigos para a realização do sexo oral. Ele seguia foragido, até a publicação desta reportagem.
Outros cinco GCMs, que presenciaram a sessão de tortura, foram presos na terça-feira (15/8), mediante o cumprimento de mandados de prisão. A abordagem ocorreu no fim da tarde de 7 de maio, na Rua Benedito Pereira Rodrigues, em Itapecerica da Serra, quando os jovens empinavam motos pela via. Parte da violência foi registrada por familiares das vítimas (assista abaixo).
O Metrópoles apurou que somente um dos rapazes realizou o sexo oral, sob ameaça, em um amigo. A violência foi interrompida com a chegada de familiares no local da abordagem. Desde a tortura, a vítima teria tentado se suicidar, por causa do trauma gerado pela ação dos guardas.
“Emanuel Formagio coagiu uma das vítimas a praticar sexo oral na outra, sendo a cena acompanhada pelos demais colegas de farda”, diz trecho de denúncia do Ministério Público de São Paulo (MPSP), ao qual o Metrópoles teve acesso.
O delegado Luís Hellmeister, que investiga o caso e cujo inquérito culminou nos pedidos de prisão dos GCMs, afirmou em entrevista nessa quinta-feira (17/7) que “nunca havia visto um absurdo como esse em 47 anos de Polícia Civil“.
“Já investiguei de tudo em abordagens abusivas, como agressões e violência. Mas nunca tinha visto um absurdo desse, de mandar um rapaz fazer sexo oral em outro, em toda a minha carreira como policial. Isso gerou um trauma incontornável no rapaz”
Os GCMs que teriam dado risada da tortura permanecem presos. São eles Gabriel Marques de Souza, 28 anos, Maurício Santos Silva, 37, Washington Maximiano de Araújo, 33, Jhonatas Santos do Amaral, 33, e Ivan Carneiro da Silva, 51.
O caso
Enquanto os jovens eram abordados, um deles recebeu uma ligação da namorada, atendida discretamente. A jovem e os familiares das vítimas então começaram a ouvir a sessão de tortura protagonizada pelos guardas. Por isso, gravaram em vídeo o telefonema, em tempo real.
Com base nessas provas, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) ofereceu uma denúncia contra os seis guardas, pedindo a prisão temporária deles, que foi expedida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).
Todos guardas permaneceram foragidos até terça-feira (15/8), quando cinco deles foram detidos. São eles Gabriel Marques de Souza, 28 anos, Maurício Santos Silva, 37, Washington Maximiano de Araújo, 33, Jhonatas Santos do Amaral, 33, e Ivan Carneiro da Silva, 51.
Defesa e prefeitura
Segundo o advogado Cleisson Martins, que representa os guardas Maurício e Jhonatas, os agentes se declaram inocentes. A defesa vai pedir a revogação da prisão temporária. Sobre a gravação, eles alegam que houve uma discussão entre um dos guardas e “um menino”.
O defensor acrescentou, nesta sexta-feira (18/8), que o posicionamento vale para os cinco GCMs presos, porque os advogados de todos eles, com exceção de Formagio, se reuniram antes de seus clientes se entregarem e chegaram à mesma conclusão sobre as defesas.
No momento da abordagem, acrescentou o advogado, um dos pilotos teria ficado nervoso e começado a chutar a própria moto, reagindo à aplicação de multa por manobra perigosa, segundo a defesa. Então, o guarda teria dito “chuta”, em vez de “chupa” — termo alegado pela acusação.
A Prefeitura de Itapecerica da Serra afirmou ao Metrópoles, em nota enviada na tarde desta quinta-feira (17/8), que a Corregedoria da GCM protocolou um pedido de acesso ao Inquérito Policial, “para tomar as medidas administrativas cabíveis, porém não recebeu a liberação”. “Permanecemos à disposição da Justiça e da polícia sempre que necessário”.
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