Geografia Humana *


Compilação: Janildo da Silva Arante
A GEOPOLÍTICA E ECONOMIA NO PÓS-GUERRA

Resumo: esta lição visa mostrar as mudanças que ocorreram no mundo após a Segunda Guerra mundial. Neste período o mundo ficou dividido, a tal ponto que vemos traços disso ainda nos tempos modernos.

A REORGANIZAÇÃO GEOPOLÍTICA
A Alemanha foi o pivô no conflito que teve tanto na Primeira Guerra Mundial como na Segunda Guerra. O país mergulhou numa grande crise tanto econômica como social, em conseqüência da Primeira Guerra Mundial. Foi criado assim condições ideais para o surgimento do nazismo: grave crise econômica; revanchismo, principalmente contra a França, pelas humilhações impostas pelo Tratado de Versalhes; nacionalismo; racismo. Adolfo Hitler chegou no poder em 1933, lançando a Alemanha num processo expansionista. Com a derrota da Alemanha, Japão e Itália e o enfraquecimento do Reino Unido e da França, o mundo foi levado por mudanças econômicas e geopolíticas. Os Estados Unidos agora do bloco capitalista, e do outro lado, União Soviética, que expandiu sua influencia e seu território, definindo o bloco socialista.
Após a união entre Estados Unidos e União Soviética para derrotarem o eixo, foi acirrada uma disputa pela hegemonia no globo, dando inicio a Guerra Fria, que se estendeu no momento pós-guerra até o final dos anos 80.
Os Estados Unidos lançaram em 1947, a doutrina Truman e o Plano Marshall, sendo consenso, portanto, considerar este ano como inicio da Guerra fria.
A doutrina Truman tinha por objetivo a contenção do socialismo. Foi desenvolvido por George F. Kennan, e tinha como idéia básica impedir a expansão da União Soviética, fazer alianças com outros países para isola-la. Já o Plano Marshall, idealizado por George C. Marshall era um plano para ajudar países na Europa afetados pela guerra, e recuperar mercados para produtos e capitais norte-americanos.
O Plano Marshall também foi estendido a Alemanha (Ocidental) e Itália. A recuperação e regularização da economia e comercio mundial era necessária para a contenção do socialismo, e assegurar para os Estados Unidos em mercado que seria capaz de consumir sua elevada produção. O Plano Marshall contribui para expandir os ideais da sociedade de consumo, o chamado american way of life ( modo americano de viver ).
Em 1948 para administrar a ajuda recebida através do plano Marshall, foi criada a OECE ( Organização Européia de Cooperação Econômica ), em 1961, seu nome foi mudado para OCDE ( Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico ), visto que foram incluídos países não-europeus. Além do mais, seus objetivos foram ampliados: a geração de empregos, incentivar o crescimento econômico, expandir o comércio e a estabilidade financeira dos países membros. A OCDE, congrega alguns dos países mais ricos do mundo, é sediada em Paris.
Com a queda do Muro de Berlim, em novembro de 1989, a reunificação da Alemanha, o desmantelamento do Pacto de Varsóvia em abril de 1991, e a dissolução do Império Soviético a Guerra fria chega ao seu fim.
A Guerra Fria foi marcada pela bipolarização de poder entre Estados Unidos e União Soviética, que competiam para conseguir zonas de influencia. Começaram a corrida armamentista, um querendo superar o outro em força militar. Portanto a paz era impossível de ocorrer, mas também a guerra não aconteceu. Isto porque cada país tinha um grande poder destrutivo, e se ocorresse uma guerra, era certo que esta guerra não teria vencedores, haveria uma mútua destruição.
O mundo ficou divido em blocos geopolíticos e ideológicos. De um lado o bloco ocidental, e do outro, o bloco oriental. O bloco ocidental designou os países capitalistas, apoiados pelos Estados Unidos. O bloco oriental designava os países socialistas, junto com a União Soviética.


REORDENANDO A ECONOMIA
Em julho de 1944, na Conferencia de Bretton Woods, nos Estados Unidos, os 44 países aliados lançaram uma nova ordem econômica, um plano que visava estimular o desenvolvimento capitalista e a reconstrução e estabilidade econômica mundial. Apesar de vários países participarem quem dava as regras era os Estados Unidos, e também uma parcela o Reino Unido. Foram criados o Banco Mundial, o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Gatt (Acordo Geral sobre tarifas Aduaneiras e Comércio).
Nessa reunião foi definido um novo padrão monetário, o padrão dólar-ouro. O banco central norte americano (Federal Reserve Board), garantiu uma paridade de 35 dólares por uma onça troy (31,1g) de ouro. Ou seja, quem quisesse trocar dólar por ouro, o governo dos Estados Unidos garantiu a troca nessa paridade. Nas duas décadas seguintes após o pós-guerra, essa situação levou as grandes potencias a aumentar as suas economias.
Já no final da década de 60 a economia norte americana dava sinais de crise. Isto ocorreu devido aos gastos na corrida armamentista, déficits orçamentários e desequilíbrio na balança comercial, o que levou o governo norte americano a emitir moeda sem lastro, isto quer dizer, sem a retenção de valor correspondente em ouro. Em 1973 numa reunião do FMI, foi decidido o fim do padrão dólar ouro. A partir daí os Estados Unidos passou a emitir dinheiro sem lastro, e teve que observar sua moeda se desvalorizar frente a outras moedas, como o ienes japonês.
O Banco Mundial (ou Bird) no começo foi criado com objetivo de ajudar os países europeus afeados pela guerra. Mas com o tempo passou a financiar criação de infra- estrutura nos países subdesenvolvidos:construção de estradas, construção de usinas de energia, instalação de industria de base e etc.
O FMI tem como objetivo estimular o comercio mundial e promover ajuda econômica aos países membros que apresenta, problemas econômicos, evitando que desequilíbrios econômicos em alguns países levassem a uma crise global. Na prática, o FMI atua resolvendo crises de países que apresentam problemas para equilibrar seus balanços de pagamentos. Com o FMI se estabeleceu regras básicas das relações financeiras internacionais. Os países membros converteram o valor de suas moedas ao dólar ou ao ouro, e isto a valorização da moeda norte americana.
Todos os países membros do FMI tem cotas de fundo proporcionais aos recursos eles contribuem. Os Estados Unidos tem a maior parte de cotas, o que leva ele a tomar as decisões finais em relação as políticas do FMI, visto que o poder de decisão é proporcional as cotas que cada país possui.
O Gatt também teve como objetivo estimular o comércio mundial e combater medidas protecionistas. Em 1995 o Gatt passou a denominar-se OMC (Organização Mundial de Comércio) e tem procurado aumentar sua influencia no comércio mundial.
Essa três instituições agem reciprocamente, ou seja, se um país não respeitar as regras estabelecidas pela OMC, não tem acesso aos recursos financeiros do FMI e do Banco Mundial. De modo similar, o Banco Mundial só libera recursos para países que orientam sua economia com as metas aceitas ou sugeridas pelo FMI.

TENTANDO REORGANIZAR A POLÍTICA INTERNACIONAL
A ONU (Organização das Nações Unidas) foi criada em 1945, numa Conferencia em São Francisco (Estados Unidos), com o objetivo de garantir a paz mundial, e a cooperação entre os países, para se resolver problemas econômicos, sociais e humanitários. Sediada em Nova Iorque, a ONU substituiu a Liga das Nações criada após a Primeira Guerra Mundial.
A ONU é constituída por vário órgãos, por exemplo: Unesco (para Educação, Ciência e Cultura), FAO (para a Agricultura e Alimentação). Alem de vários programas e organizações, como: Unicef (Fundo das Nações Unidas para Infância). Nestes órgãos e programas participam quase todos os países do mundo. Apesar que, mesmo com a criação da ONU, não foi possível impedir a morte de milhões de pessoas em conflitos. Os dois órgãos mais importantes da ONU são, a Assembléia Geral e o Conselho de Segurança.
A Assembléia Geral faz recomendações, e não decide sobre questões de segurança internacional. É formada por todos os países membros, mas as resoluções feitas na Assembléia tem que ter pelo menos nove votos dos países que fazem parte do Conselho de Segurança; até 1990 qualquer resolução poderia ser vetada pelos EUA ou pela Rússia; atualmente o poder de veto foi estendido aos cinco membros permanentes.
O Conselho de Segurança é o órgão de maior poder da ONU. É formado por quinze países membros, sendo que cinco são permanentes, e os outros dez são eleitos a cada dois anos. Esse Conselho pode investigar conflito e disputas internas ou entre países. Pode recomendar acordos de paz ou sanções que envolvem corte de relações diplomáticas e até mesmo bloqueio econômico. Os cinco países permanentes são: Estados Unidos, Reino Unido, China, França e Rússia.



Na pratica, durante a Guerra Fria, a ONU ficou paralisada, visto que se as decisões tomadas contrariassem os EUA ou a União Soviética eles vetavam as resoluções.

GEOPOLÍTICA NO PERÍODO PÓS-GUERRA
Neste período de Guerra Fria os interesses dos Estados Unidos se completaram, como exemplo a elaboração da Doutrina Truman e o Plano Marshall (já citados nesta lição).
A União Soviética, superpotência rival, desde a década de 1940 já mostrava sua liderança em muitos setores, superada apenas pelos EUA. Depois de 1945, passou a ter influencia em quase todos os continentes.
Os Estados Unidos, por sua vez, criaram blocos militares visando impedir que a influencia socialista se expandisse. Muitos setores norte-americanos acreditavam que se a União Soviética expandisse a sua influencia, além dos países do Leste europeu e a China, aos poucos todos iriam cair nas “mãos do inimigo”. Estabeleceu-se em “cordão sanitário” que isolava a potencia rival. Ao modo de ver dos ocidentais, o socialismo era uma doença e deveria ter sua expansão contida.
Em 1949 foi criado então, a OTAN ( Organização do Tratado do Atlântico Norte), uma aliança formada pelos Estados Unidos, Canadá, e vários outros países ocidentais. Sua sede fica em Bruxelas (Bélgica). A criação da OTAN foi uma resposta ao bloqueio feito por Stálin, a Berlim ocidental. Com a construção de várias bases militares, e um grande mercado de armamentos não só para a força militar dos Estados Unidos como também para a de seus aliados, se delimitou a zona de influencia norte-americana.
Em maio de 1949 foi proclamada a RFA (República Federal da Alemanha) ou Alemanha Ocidental, nas zonas ocupadas pelos EUA, Reino Unido e França. A resposta da União Soviética foi a criação, em outubro do mesmo ano, da RDA (República Democrática Alemã) ou Alemanha Oriental. Tinha como capital a parte oriental de Berlim, ocupada pelos soviéticos.
O Muro de Berlim foi construído em 1961. A Alemanha passava por crises econômicas, e muitas pessoas estavam deixando o setor oriental em busca de melhores condições na parte ocidental. Com o intuito de acabar com essa migração de trabalhadores e reafirmar a sua soberania, os lideres soviéticos construíram o Muro de Berlim. Esse muro que dividia a cidade de Berlim, era um dos símbolos que mostrava as tensões da Guerra Fria: o conflito leste x oeste (capitalismo x socialismo).
A resposta da União soviética depois da criação da Otan foi a formação do Pacto Varsóvia. Esse pacto tinha a mesma finalidade da Otan, a defesa militar de seus aliados. Em 1991 quando houve o fim da URSS, o Pacto de Varsóvia foi extinto.
Os Estados Unidos formaram outras alianças para deter a expansão socialista: a Anzus – acordo bilateral com Japão, as Filipinas, Austrália e Nova Zelândia; Otase – uma ambiciosa aliança militar asiática formada pelo Reino Unido, França, pelos países da Anzus, Tailândia e Paquistão.
Com o fim da Guerra Fria, as alianças que não foram extintas, se tornaram órgãos políticos. A Otan passou a ter um novo objetivo: manter a paz na Europa. Para isso foi criado o projeto Parceria para a Paz. A Otan ainda se expandiu com a entrada de países que faziam parte da ex-União Soviética. A Rússia tem sido contra essa política, afirmando que é uma ameaça à sua segurança. Mas se trata apenas dos últimos suspiros da Guerra Fria.


Exercício

Responda:

1) Quais os objetivos da criação da Doutrina Truman?


2) O que pretendia o Plano Marshall?


3) Como o mundo ficou dividido em meios geopolíticos e ideológicos após a segunda guerra mundial?


4) Com que objetivo foi criada a ONU?


5) O que visava a criação da OTAN?



Gabarito

1) Os Estados Unidos criaram essa doutrina em 1947 com objetivo de conter o socialismo. Fazer alianças com outros países para isolar a União Soviética.
2) Também criado pelos Estados Unidos, esse plano pretendia ajudar os países europeus que foram afetados pela guerra, também recuperar mercados para os produtos e capitais norte-americanos. A recuperação da economia era essencial para a contenção do socialismo. Esse plano ajudou muito para expandir os ideais de consumo.
3) Foi iniciado o conflito leste x oeste. De um lado, ocidental, ficavam os ideais capitalistas liderados pelos Estados Unidos. Do outro, oriental, estavam os conceitos socialistas, juntos com a União Soviética.
4) Foi criada para tentar reorganizar a política internacional, garantir a paz mundial, e a cooperação entre os países para resolver problemas sociais, econômicos e humanitários.
5) Era um bloco militar que visava impedir a expansão do socialismo. Com a criação de bases militares e um grande mercado de armas, foi delimitada a zona de influencia norte-americana.


MODELOS DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA TURISMO
PERIODICIDADE SEMESTRAL – ANO III EDIÇÃO NÚMERO 5 – JUNHO DE 2006
SISTEMAS PRODUTIVOS, DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E DEGRADAÇÃO AMBIENTAL.
SILVA, Odair Vieira da.
Bacharel e Licenciado em Geografia UNESP – FCT
Pós-graduado em Ciências Humanas – Cidadania e Cultura – UNICAMP
Pós-graduado em Legislação Ambiental e Turismo - FAEF – ACEG.
Professor do curso de Turismo da FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS – FAHU – GARÇA – SÃO PAULO - BRASIL
odairvieiras@hotmail.com

RESUMO
O presente artigo tem como objetivo oferecer uma reflexão sobre as transformações na concepção de natureza e as modificações sócio-econômicas, políticas e culturais ocorridas a partir do século XV. A ênfase se dará sobre o desequilíbrio ambiental, em torno da proposta de se pensar na transição de uma sociedade de produtores para uma sociedade de consumidores. Por fim abordaremos os principais problemas ambientais da sociedade moderna e pós-moderna e de que modo isso se reflete na perda da qualidade de vida dos seres humanos.

PALAVRAS CHAVE: Sociedade, natureza, desenvolvimento, meio-ambiente.
Tema Central: Turismo
ABSTRACT
The present article has as objective to offer a reflection about the transformations in the nature conception and the socioeconomic modifications, political and cultural who happened since 15th century.
The emphasis will actl on the environmental unbalance, around the proposal of thinking in the transition of a society of producers for a society of consumers. Finally we will approach the main environmental problems of the modern and post-modern society and that way that is reflected in the loss of the human beings' quality of life.

KEY WORDS: Society, nature, development, environment, industrialization.
1. Introdução
O interesse da sociedade e da comunidade científica pelas questões ambientais não é tão recente. Hodiernamente a emergência dessa temática está intimamente ligada à perda de qualidade de vida dos seres humanos devido ao caráter predatório e dilapidador do meio ambiente relacionado a uma apropriação desregrada da natureza, o que tem provocado o esgotamento e a poluição de elementos vitais a vida de qualquer ser vivo e da humanidade.
O presente artigo pretende abordar essas inadequações provocadas pelo desenvolvimento dos sistemas produtivos e a conflituosa relação sociedade/natureza.
Em linhas gerais, será abordada a união entre a interpretação mecanicista e materialista do universo, e os sistemas baseados no pensamento e na razão humana, que de certa forma tornaram obsoletas as concepções teológicas.
Por fim, será abordada a contemporaneidade dos principais problemas ambientais agravados pela construção de um “espaço” cada vez mais instrumentalizado, culturizado, e tecnificado e cada vez mais trabalhado segundo os ditames dos processos produtivos e da ciência.

2. A relação sociedade e natureza e suas principais inadequações
A emergência da temática ambiental na atualidade, segundo Mendonça (2001), se reveste de grande importância devido a três fatos: O caos da qualidade de vida da população, que se acentuam nos grandes centros urbano-industriais; o alarmismo da mídia, que trazem a tona de maneira sensacionalista os problemas locais e globais relacionados à degradação do meio ambiente, e o papel das ciências, das artes e da atividade política.
No entanto, a natureza e o meio ambiente de maneira geral, bem como as questões inerentes à degradação que sofreram ao longo do desenvolvimento histórico das sociedades humanas, têm servido de escopo para análise de diversos pensadores interessados em estudar a fúria destruidora dos sistemas produtivos.
Porém, antes de desenvolvermos uma análise sobre as questões relacionadas aos impactos provocados pelos sistemas produtivos e pelas atividades humanas sobre a natureza, é preciso resgatar um pouco da história da evolução tecnológica e científica da humanidade relacionada com a Revolução Industrial e o crescente processo de urbanização.
Para iniciarmos esta análise, vamos nos reportar a passagem do feudalismo para o capitalismo, período esse marcado pelo renascimento das ciências, renascimento das cidades, pela expansão comercial e marítima européia e pela produção para o mercado.
Essa sucessão de fatos ocorridos na transição do feudalismo para o capitalismo gerou um grande progresso comercial e urbano, criando uma nova realidade econômica
que marcou o início da chamada era moderna. O resultado dessas mudanças foi uma significativa alteração de comportamento das sociedades humanas frente à natureza.
Houve uma grande mudança na concepção de natureza, passando de um todo orgânico para uma simples idéia mecanicista e materialista, que produziu efeitos que ainda hoje perduram, notadamente sobre a atitude das pessoas em relação ao meio ambiente natural.
As transformações engendradas no início da era moderna influenciaram várias correntes intelectuais posteriores, dentre as principais podemos ressaltar os sistemas de pensamentos fundados em uma interpretação mecanicista e materialista do universo, e os sistemas baseados no pensamento e na razão humana, esses sistemas tornaram obsoletas as concepções teológicas; a interação entre os dois primeiros sistemas de pensamento refletiu o advento das chamadas ciências modernas e o crescente efeito das descobertas científicas, bem como as transformações políticas e econômicas das sociedades humanas.
Concomitante a essas transformações, as sociedades européias do século XV viviam uma retração econômica fundamentada no antagonismo entre os dois sistemas produtivos, o feudal basicamente rural e o capitalismo em formação, basicamente urbano, o que levou essas sociedades a buscarem novas alternativas de crescimento econômico, a solução encontrada foi à expansão comercial e marítima dos séculos XV e XVI, e seus “descobrimentos” posteriores, o novo e novíssimo mundo.
Segundo Ross, “a expansão do comércio por todo o planeta e as necessidades que foram criadas pelas sociedades humanas, intensificou-se a apropriação dos recursos naturais”, essas necessidades cada vez mais crescentes marcadas pela intensificação comercial e pelo início do consumismo exacerbado fizeram com que surgissem “novas técnicas de produzir mercadorias, ou seja, fabricar equipamentos que agilizassem o transporte e gerassem maior produção de mercadorias a serem comercializadas” (ROSS, 1996, p. 213).
Essa fase de expansão do modo capitalista de produção, chamada de capitalismo comercial, marcada pela preponderância do capital mercantil sobre a produção, gerou o processo de acumulação primitiva do capital. Em decorrência disso, todo o capital acumulado na circulação das mercadorias começa a ser investido na produção, o que possibilitou o advento da Revolução Industrial na Inglaterra a partir da segunda metade do século XVIII.
“A Revolução Industrial decorre da intensificação do comércio, a contar dos descobrimentos – revolução comercial – e da valorização da natureza e gosto da investigação, levando a novas atitudes – revolução intelectual. O mercado cresce, o consumidor tem mais nível aquisitivo, é exigente: daí o trabalho sob outros padrões, sem limites da antiga corporação e com o culto do conforto”. (IGLÉSIAS, 2002, p. 93).
A partir de então, as sociedades humanas pautadas no desenvolvimento científico e no capital, adotaram um modelo de desenvolvimento baseado no aumento crescente da produção e, conseqüentemente, do consumo, aumentando a pressão na aquisição dos recursos naturais, gerando a degradação ambiental em todas as suas formas.
Com o advento da Revolução Industrial a concepção mecanicista e materialista de natureza se auto realiza. A idéia de progresso torna-se imperante. Todos os recursos naturais passam a ser visto como matéria prima geradora de novos produtos.
Busca-los onde quer que se encontrassem, torna-se uma obsessão, em um sistema econômico e social fundado na acumulação constante. Paralelamente, uma perigosa e falsa idéia são difundidas, a de que a capacidade da natureza de fornecê-los é desmedida, inesgotável.
A sociedade industrial consolidada na era contemporânea pautada nos avanços técnico-científicos, e na expansão do capitalismo industrial, promove efetivamente uma dissociação entre sociedade e natureza, como resultado, temos o acirramento da degradação do ambiente natural.
“O acréscimo do conhecimento técnico-científico dos séculos XVIII, XIX e XX possibilitado pelo capitalismo colocou definitivamente os interesses das sociedades humanas de um lado e a preservação da natureza de outro”. (ROSS, 1996, p. 213).
Uma outra característica da sociedade industrial é o crescimento acelerado das cidades, gerando o processo de urbanização, que de acordo com Spósito (1996, p. 49) se deu “a partir da intensificação da produção industrial, tornada viável tanto graças ao capital acumulado, como pelo desenvolvimento técnico-científico a que se denomina Revolução Industrial, a urbanização tomou ritmos muito acentuados”.
O elevado adensamento populacional e industrialização trazem sérios riscos ao meio ambiente urbano e rural, que alteram o intercâmbio orgânico entre o homem e a natureza impedindo principalmente à volta a terra dos resíduos da produção e do consumo que poderiam reconstruir a fertilidade, gerando todo o tipo de poluição.
A deterioração dos ambientes urbanos e rurais é conseqüência de um modelo de desenvolvimento pautado no crescente aumento da produção, do consumismo, da opulência e do desperdício, iniciados com a formação do modo capitalista de produção início do século XV, e acirrado com o advento da Revolução Industrial século XVIII e a formação da sociedade industrial urbana séculos XIX e XX, que ameaçam a sobrevivência das gerações futuras. Dentre as principais conseqüências desse modelo de desenvolvimento podemos citar: alterações climáticas; alterações do solo; assoreamento dos rios e lagos; aumento da temperatura da Terra; erosão do solo; desertificação; escassez de água potável; perda da biodiversidade; poluição do ar, da água, do solo, sonora, visual; redução da camada de ozônio; exclusão social.

3. Considerações finais
A relação entre sociedade e natureza tem sido caracterizada por uma série de inadequações, traduzida por uma variada forma de impactos ambientais que tem ameaçado a qualidade de vida do homem e sua própria vida. Assim processos erosivos, inundações, aquecimento da área central, são exemplos dos conflitos existentes entre sociedade e natureza na produção do espaço socialmente construído.
Ao produzir seu espaço, a sociedade o faz de acordo com seus interesses em termos de organização social e econômica, se apropriando do espaço, dos seus recursos naturais, minerais e energéticos, alterando sua forma, organização e constituição.
Esses processos iniciaram-se nos séculos XV e XVI, e intensificaram-se a partir do século XVIII, com o advento da Revolução Industrial.
O desenvolvimento dos sistemas produtivos e o conseqüente desenvolvimento econômico provocaram um avançado estágio de artificialização das relações entre sociedade e natureza, a degradação ambiental nada mais é do que um dos produtos desta artificialização.
Em termos gerais, o impasse contemporâneo da relação sociedade natureza, materializam-se nos chamados problemas sócio ambientais, que segundo Harvey (1980, p.268), “... reflete a ideologia prevalecente dos grupos e instituições dominantes na sociedade. Em parte, ela é moldada pela dinâmica das forças do mercado que podem, facilmente, produzir os resultados que ninguém em particular deseja”.
Neste sentido, esta artificialização do meio natural assume um caráter anti-social e antiambiental, na medida em que provoca a dilapidação do meio ambiente e secundariza o bem-estar humano, ao mesmo tempo tem-se mostrado ecologicamente predatório, socialmente perverso e politicamente injusto.
Além disso, a transformação de uma sociedade de produtores para uma sociedade de consumidores na passagem da sociedade moderna para a sociedade pós-moderna aumentou ainda mais a pressão sobre os recursos naturais, aumentando a degradação ambiental e prejudicando a qualidade de vida dos cidadãos.
Faz-se necessário à busca de modelos de desenvolvimento estratégicos e alternativos, visando à inclusão social, favorecendo a concepção de eco desenvolvimento como garantia de todas as formas de vida, buscando restabelecer um novo equilíbrio ambiental com características mais próximas do ambiente natural desejável.

4. Referências bibliográficas
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IGLÉSIAS, F. História geral e do Brasil. 2ª ed. São Paulo: Ática, 2002.
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SPOSITO, M. E. B. Capitalismo e urbanização. 7ª ed. São Paulo: Contexto, 1996.


A GLOBALIZAÇÃO E A NOVA ORDEM MUNDIAL: MEGABLOCOS ECONÔMICOS –
NOVA ORDEM MUNDIAL

Objetivo: esta lição tem como objetivo mostrar o desenvolvimento de um novo conflito, não de armas, mas sim algo mais organizado e que gera mais lucros, a nova ordem mundial.
Depois da queda do Muro de Berlim, em novembro de 1989, um dos assuntos mais discutir é o surgimento de uma nova ordem mundial. Quando ela se definiu e o que traz de novo?
A nova ordem mundial apresenta uma faceta geopolítica e outra econômica. Na geopolítica, houve uma mudança para um mundo multipolar, onde as potencias impõe mais por seu poder econômico de que bélico. Na economia o que aconteceu de novo foi o processo de globalização e a formação de blocos econômicos supranacionais.

Velha ordem bipolar
Desde 1989, a humanidade começou assistir uma série de eventos que até então eram imagináveis. A queda do Muro de Berlim era impensável, bem como a reunificação da Alemanha Ocidental e da Oriental, em 1990.
O muro que dividia Berlim e a separação da Alemanha, constituíam os principais símbolos da Guerra fria. Apesar da proximidade geográfica, a mesma origem histórica e cultural havia muitas diferenças na Alemanha. De um lado estava a democracia pluripartidária, a hegemonia da propriedade privada e da livre iniciativa, uma sociedade rica, que apresentava altos índices de produtividade. Do outro lado, a ditadura do partido único, a exclusividade da propriedade estatal. O consumo limitado e baixos índices de produtividade. E as diferenças políticas, econômicas e sociais aumentaram cada vez mais. A Alemanha apesar de ser uma só nação, apresentava dói Estados. Era o modelo soviético frente a frente com o modelo norte-americano.
Em 1991 houve o fim de outro símbolo da Guerra Fria, o Pacto de Varsóvia. Representantes que faziam parte deste pacto formalizaram a sua dissolução, em Praga, na então Tcheco-Eslováquia. Era o fim do conflito leste x oeste.
Por fim, em dezembro de 1991, foi selada desagregação geopolítica e territorial da União Soviética. O presidente Boris Yeltsin declarou a independência da Rússia, e após isso, se reuniu com os chefes de Estado da Ucrânia e de Belarus, em Minsk. Nesse encontro foi criada a CEI (Comunidade dos Estados Independentes), substituindo a ex-União Soviética. Composta por doze países que faziam parte da ex-soviética, a CEI é uma aliança de Estados independentes.

NOVA ORDEM MULTIPOLAR
Hoje no mundo multipolar pós-guerra fria, o poder é medido pela capacidade econômica do país, que envolve disponibilidade de capitais, avanço tecnológico, mão-de-obra qualificada e nível de produtividade. Isso explica a emergência de Japão e Alemanha como potencias, e ao mesmo tempo, a decadência da Rússia. Embora a Rússia seja dona de em poderoso arsenal nuclear, o setor industrial é obsoleto e pouco produtivo, e o país se encontra em crise social, política e econômica.
A China possui uma economia que mais cresce no planeta, isso porque: possui a maior população do mundo, e portanto, um grande mercado consumidor; além de muita mão-de-obra barata, oferecendo facilidades para atração de capitais estrangeiros. Apesar disso também enfrenta sérios problemas internos, principalmente políticos.

Assim, podemos afirmar que os países mais poderosos do mundo hoje são os Estados Unidos, Japão e Alemanha.
Outro aspecto de importância é a tendência da globalização em suas várias facetas, tanto em sentido mundial como regional.

CONFLITO NORTE X SUL
Muitos tem dito com atenção que a nossa ordem mundial é a vitória do capitalismo e da democracia. Alguns argumentavam que o modelo político e econômico estabelecido pelos Estados Unidos se tornaria dominante a tal ponto que não haveria mais conflitos. Que houve uma vitória norte-americana sobre a União Soviética não podemos negar. Mas até mesmo os vencedores apresentam vários problemas econômicos, como por exemplo: elevado déficit público e elevado endividamento interno e externo; isso em parte se deve a corrida armamentista.
Assim não devemos nos apressar ao afirmar que o capitalismo o melhor que o socialismo. É preciso primeiro avaliar: melhor para quem?
É bem claro que o capitalismo é mais dinâmico e competitivo. Não podemos nos esquecer, porem, de que os países subdesenvolvidos, com exeção da Coréia do Norte, Cuba e Vietnã são todos capitalistas. Muitos problemas no mundo, foram criados pelo sistema capitalista, como o aumento da pobreza, desemprego e concentração e estes aumentam em todo mundo.
Um dos problemas mais sérios é a desigualdade social. Este problema vem se agravando até mesmo em países desenvolvidos. Com o aumento da incorporação de novas tecnologias no processo produtivo, a oferta tem diminuído e isso contribui e muito para se empobrecer a população. Também é cada vez maior o buraco que separa os países ricos dos pobres. Esse é o chamado conflito norte x sul, que é de natureza econômica, é não geopolítica, como era o caso do conflito leste x oeste.



Considerando os aspectos socioeconômicos se divide o mundo em países desenvolvidos, Norte, e subdesenvolvidos, ou Sul. Essa não é uma divisão geográfica, mas podemos dizer que na América a linha divisória é a fronteira Estados Unidos - México; a Europa é separada pelo Mediterrâneo; na Ásia, o Japão é o mais desenvolvido, tendo como os tigres Asiáticos como economias emergentes; Oceania a Austrália e a Nova Zelândia se enquadram no clube dos ricos.
Um problema decorrente do conflito entre Norte x Sul é a migração em massa. Milhões de pessoas a cada ano tem emigrado, principalmente para a Europa Ocidental. Isto se deve ao aumento de desemprego, baixos salários, fome, que estão aliados ao crescimento populacional, além de conflitos e guerras nos países subdesenvolvidos.

Tentando solucionar o problema, são feitas cada vez mais exigências para diminuir a entrada de imigrantes e ata mesmo de turistas. Mas isso não tem, e não resolverá o problema, pois esse, é resultante de desigualdade entre o Norte x Sul, a solução definitiva seria complexa e demorada.
Com a instauração de uma nova ordem política e econômica surgem novos problemas, novas tensões. Muitas crises que estão ocultas durante a Guerra Fria vieram a tona. Por isso, quando se fala de uma nova ordem mundial, não quer dizer de um novo mundo em que predomina a paz, a ordem e a estabilidade, mas sim de um novo arranjo geopolítico e econômico. Com a entrada da “Nova Ordem” (em que a capacidade financeira e a tecnologia define o poder), a instabilidade e a desordem apenas aumentaram.

GLOBALIZAÇÃO
O QUE É A TÃO CHAMADA GLOBALIZAÇÃO?
Esse atual processo é a expansão capitalista na sua fase mais recente. A globalização está para o atual período científico - tecnológico do capitalismo, assim como o imperialismo esteve para o final da fase industrial e inicio da financeira. É uma expansão que pode dispensar força militar, enfim a guerra. Tanto é que as guerras atuais tem mais um fundo nacionalista do que a econômica. A invasão agora é mais sutil, é chamada high-tech. Uma invasão de mercadorias, capitais, informações e pessoas. As novas armas são a eficiência a agilidade das comunicações e do controle de dados, através dos satélites; da informática; dos telefones fixos e móveis; dos boeings e airbus; dos super navios petroleiros e trens de alta velocidade.
A guerra é travada na bolsa de valores, de mercadorias e de frutos em todas os mercados do mundo. As estratégias são formuladas nas grandes corporações, nas sedes dos grandes bancos, e etc. e influenciam vários países.
A guerra convencional está cada vez mais sem necessidade. É muito mais econômico a guerra contemporânea, tendo como campo de batalha e mercado mundial altamente globalizado.
A invasão atual pode ser feita de modo instantâneo através da Internet, Globex ou Reuters Dealing. A Globex é uma rede que interliga as bolsas de mercadorias e de futuros. Com ela se fazem negócio em todo mundo. A Reuters Dealing interliga as bolsas de valores em todo o mundo, permitindo que milhões de negócios com ações sejam fechados em vários países ao mesmo tempo.
Essas duas redes eletrônicas são controladas pela Reuters, agencia de noticias britânicas que monopoliza as informações financeiras. Para acessa-las, basta se ter um computador, um modem ligado a linha telefônica e acessar a Internet.
Outra invasão atual da globalização é a dos capitais especulativos de curto prazo, conhecida como smart money (dinheiro esperto) ou hot money (dinheiro quente), se movimentou com grande rapidez em busca de mercados que oferecem mais lucratividade. A estimativa é que haja pelo menos três trilhões de dólares vagando pelo sistema financeiro mundial.
Essa volumosa soma de dinheiro vai em busca de um mercado que oferece altas taxas de juros, ou de maior segurança. Em geral essa soma de pertence a milhões de poupadores dos países desconhecidos, que colocam seus fundos num banco ou investem num fundo de pensão. Os administradores desses países se interessam em procurar mercados que se mostram mais rentáveis e seguros, podendo investir em curto prazo. Quando não, são transferidos a outro mundo. E isso é possível graças aos sistemas de telecomunicações, informática e satélites que possibilitam investir em um país que antes o investidor nem ouvira falar.
Esses capitais de curto prazo geralmente vão embora na hora em que mais se precisa. Foi o caso no México, em 1994, quando houve uma crise econômica. Ela aconteceu principalmente por causa da saída desses capitais, diminuindo as reservas mexicanas, provocando desequilíbrios nos cantos externos do país, e a desvalorização da moeda local em relação ao dólar. Problemas políticos juntos com a instabilidade do país, acabou espantando os investidores de curto prazo. O mesmo ocorreu no Brasil em 1999. quando o governo desvalorizou o real, devido a queda das reservas cambiais.
Por isso um país não deve depender dos capitais de curto prazo para equilibrar contas externas.
Com a intensificação dos fluxos comerciais em todo mundo, são facilitados a entrada de mercadorias pela mais variada de transporte. Essa é uma fonte mais antiga da globalização que gera lucros a longo prazo, mas são mais eficientes. Com isso há também, uma globalização de consumo, que é resultado de uma maior produção.
Esses capitais produtivos, são menos suscetíveis a oscilações repentinas no mercado, isso porque são investimentos a longo prazo. A expansão dos mercados para esses capitais é resultante de: custos menores de produção, baixos custos de transportes, proximidades dos mercados consumidores e facilidades em driblar barriras protecionistas; esses fatores contribuem para geração de maiores lucros.
Como resultado de tudo isso entramos ainda mais no processo de mundialização da produção, que começou após a Segunda Guerra Mundial. Houve a expansão dos conglomerados pelo mundo afora, filiais foram montadas até mesmo em países subdesenvolvidos.
Junto com a globalização da produção e do consumo, veio a intensificação do fluxo de viajantes pelo mundo, seja por emigração, negócios ou turismo. Entrelaçando os países em uma mesma forma de consumo, costumes, de comportamento, e etc. Essa nova cultura de massas se origina principalmente nos Estados Unidos. O “modo de viver americano” é bem difundido nos filmes, pelas noticias, pelos fast-foods, etc. Mas hoje também temos fácil acesso a outras formas de cultura de todas as partes do mundo.
A globalização apesar de ser em fenômeno recente, apresenta , como vimos, várias dimensões: social, política, econômica e cultural. Esse fenômeno é, portanto, uma intensificação do fluxo de mercadorias e serviços, capitais, tecnologia e pessoas. Isto é possível graças ao desenvolvimento de novas tecnologias após a Terceira Revolução Industrial.
Desde a década de 70, graças ao chips, tem se conseguido construir computadores cada vez menores e mais rápidos. Com isso, houve um grande desenvolvimento nas produções, nos transportes, comunicações e etc. A revolução da informática facilitou o fluxo de informações em escala mundial. Neste período científico-tecnológico, o capitalismo integrou muitos países em um único sistema. Dizemos isso, porque em séculos passados uma civilização muitas vezes nem sabia da existência da outra.
De lá para cá, está surgindo uma mundo quase totalmente integrado – um sistema mundo – que evidentemente está controlado a partir de alguns centros de poder econômicos e políticos.
Outra fase da globalização é que envolve o mundo de uma forma bastante desigual, pois tem lugares que estão mais integrados que outros. Aprofundar-se a integração de blocos econômicos buscando retirar barreiras que dificultam o fluxo de mercadorias, e se estabelecem acordos que resultam em mercados comuns, ou zonas de livre comércio.

EXERCÍCIO

Marque a resposta certa.
1) A queda do Muro de Berlim, e a reunificação da Alemanha, foram fatores marcantes para a chegada da (o):
a) Velha ordem
b) Nova ordem multipolar
c) Conflito leste x oeste
d) Guerra fria

2) Podemos dizer que não foi uma conseqüência da nova ordem a (o):
a) Globalização
b) Migração
c) Igualdade social
d) Expansão dos conglomerados

Responda:

3) O que é globalização?


4) O que quer dizer “conflito norte x sul”?





5) Cite um problema decorrente do conflito norte x sul?


6) Cite uma conseqüência de o mundo estar altamente interligado?


Gabarito

1) b
2) c
3) É a expansão capitalista na sua fae mais recente. É uma expansão que visa aumentar os mercados, e os lucros. Tornando o mundo num único sistema integrado.
4) É um conflito de origem econômica. Os países ricos cada vez mais se distanciam dos países pobres. Essa desigualdade levou a divisão dos países do Norte, os desenvolvidos, e os do Sul, subdesenvolvidos.
5) A migração em massa. Milhões de pessoas saem de seu país de origem em busca de uma melhor condição de vidas nos países mais ricos. O aumento do desemprego, fome e guerras são alguns fatores que motivam essa mudança.
6) os países acabaram se entrelaçando em uma mesma forma de consumo, costumes, etc. Sofrendo principalmente influencia dos Estados Unidos.


NOVA ORDEM MUNDIAL II

OBJETIVO:
Esta lição continuará falando a respeito da nova ordem mundial, a disputa entre os blocos econômicos, e o resultado da globalização. Para melhor entendimento recomenda-se a leitura da lição anterior.

OS MEGABLOCOS ECONÔMICOS
Por que estão surgindo blocos econômicos supranacionais no sistema capitalista?
Essa integração econômica de vários países responde a uma questão primordial colocada pelo sistema capitalista. Em uma economia globalizada e bastante competitiva, a criação desses blocos visa a acumulação de capitais. Por isso os países que integram esses blocos tem como principio ampliar suas relações comerciais com seus associados.
Em todas as modalidades de blocos o objetivo é a eliminação das tarifas e de impostos de importação entre os paises membros.
Esse aumento de blocos se deve a grande competição entre os países, em que o único objetivo é eliminar o concorrente ou neutralizá-lo. O processo de globalização intensificou essas disputas.
Os países membros desses blocos fortalecem-se diante de países isolados ou outros blocos de países.
Mas existem várias modalidades de blocos econômicos espalhados pelo mundo:
» Mercado comum: é uma aliança que visa a livre circulação de pessoas, capitais, serviços e mercadorias. Como exemplo a EU (União Européia), que permite a livre circulação de pessoas, e de todos os tipos de serviços entre os países – membros; alem de eliminar as tarifas aduaneiras, e adotar tarifas comuns para o mercado fora do bloco.
» Zonas de livre comércio: busca-se a redução ou eliminação de tarifas aduaneiras entre os países membros; a liberalização do fluxo de mercadorias e capitais dentro dos limites do bloco. Como é o caso do Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte), formado pelos Estados Unidos, Canadá e México.
» União aduaneira: além de reduzir ou eliminar as tarifas alfandegárias entre os países dos blocos, estabelecem-se as mesmas tarifas de exportação e importação, aplicada aos países fora bloco, chamada TEC (Tarifa Externa Comum). A união aduaneira exige que os países membros mantenham pelo menos 85% das troca comerciais livre de taxas de importação e exportação entre si. Mas se trata apenas de uma abertura de fronteira para mercadorias, e não de pessoas. Um exemplo é o Mercosul (Mercado Comum do Sul), formado pela Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai, mas se trata de uma união aduaneira incompleta, pois mitos produtos não se encaixam na TEC. Chile e Bolívia participam do Mercosul, mas não da união aduaneira.
» União econômica e monetária: é caso ainda da União Européia, que administrada pelo Banco Central Europeu, adotaram o euro como moeda única. Nessa integração é preciso que os países estipulem limites comuns máximos de inflação e de déficit público. Até meados de 2003, o Reino Unido, a Suécia e a Dinamarca, não haviam adotado o euro.
Existem ainda outros acordos e associações de menor importância ou em processo de formação: a Apec (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico); Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático); CAN (Comunidade Indiana); CEI (Comunidade de Estado Independentes), reúne países da extinta URSS.
Todas essas etapas do processo integracionista interessam os conglomerados transnacionais. As grandes corporações passam a ter uma grande mobilidade espacial e capacidade de competição. Assim a competição tende a ser cada vez mais mediada por entidades supranacionais. Nesse sentido a dois fenômenos ocorrendo simultaneamente: um processo de regionalização, assentada nas fronteiras que são definidas pelos megablocos, e um processo de globalização, de transnacionalização da economia.
Todas a transnacionais tem uma sede em um determinado país. Essas grandes corporações se movimentam com maior desenvoltura ao passar o tempo, através das fronteiras. Mas apesar dessa mobilidade, sempre a barreiras à circulação. Por de trás das fronteiras sempre há medidas protecionistas, para tentar impedir a circulação das mercadorias e dos capitais pelo mundo.
A tentativa de reduzir esse protecionismo não é recente, faz se acordos para tentear alcançar esse objetivo, como: Organização Mundial do Comércio; ou de forma regional como a EU, Nafta.

OS FLUXOS DE INFORMAÇÕES
É bem comum a exigência para boa parte das vagas de trabalho, alem de um curso universitário, o domínio da língua inglesa e da informática.
Nesse mundo cada vez mais conectado e integrado, a transmissão de boa parte dos dados é feito por meio da informática, e língua considerada universal é a inglesa.
Trabalhadores no mundo inteiro desenvolvem suas atividades em informações através de computadores, ao mesmo tempo inserem dados, e por meios de redes de computadores nas empresas, enviam e recebem informações. Para isso é preciso estar habilitado para usar alguns tipos de programas.
Com o avanço das telecomunicações ( centrais telefônicas, cabos de fibras óptica e telefones celulares, etc.), e na informática, o fluxo de informações teve um aumento significativo.
O acesso a dados e a internet são exemplos do avanço da telemática (telecomunicações e informática), que possibilita maior rapidez na transmissão de dados, texto e imagem.
A Terceira Revolução Industrial passou a ocorrer após a Segunda Guerra Mundial, os avanços da robótica, da informática e biotecnologia fazem parte desse novo processo, que é marcado pela maior vinculação entre ciência, técnica e produção. Para as empresas, o desenvolvimento tecnológico e cientifico é muito importante para a elaboração de novos produtos e o aperfeiçoamento de outros, permitindo a competição num mercado cada vez mais disputado.

INTERNET
A Internet é um dos maiores símbolos da globalização. Essa rede de computadores interliga aproximadamente 400 milhões de usuários em todo o mundo, e esse numero vem crescendo rapidamente. Mas o acesso aos recursos acabam sendo restritos as pessoas dos países desenvolvidos.
Se conectar a internet é um privilégio para poucos. Menos de 1% de usuários estão na África, além disso todo o continente africano tem menos linhas telefônicas do que na cidade de Tóquio, Japão. Menos de 5% dos conectados a internet se encontram nos países subdesenvolvidos. Por isso surge o termo exclusão digital: termo que se refere as pessoas que não tem acesso a informatização, o que leva, como conseqüência, à exclusão social.
É preciso lembrar que a internet tem sido usada como um meio para organizar e facilitar atividades ilegais, como redes de prostituição (que envolve estrupos e pedofilia), tráficos de drogas e atividades terroristas.

Também surgiu uma nova modalidade de crime, a invasão de sistemas de empresas. Os chamados hackers invademos sistemas para obterem dados e informações de sigilo, senhas, números de cartões de crédito e saldos bancários.
A Internet e a telemática vêm revolucionando as formas de se armazenar as informações, e provocando vários efeitos em diversos setores da economia. Até o modo de vermos as distancias e as noções de tempo se modificam. É nisso que podemos pensar quando surge em nossa frente situações como:
» ensino a distância;
» compras, pesquisas, conversas, imagens, consultas bancárias;
» caixas eletrônicos situados nos mais diversos lugares;
» se conectar a internet via celular;
» teleconferências;
» controle dos espaços aéreos e terrestre;

MOVIMENTAÇÃO DE CAPITAIS E MERCADORIAS
Os investimentos estrangeiros, as remessas de lucros de empresas multinacionais, os pagamentos de juros de dividas externas, os empréstimos, tudo isso possibilita a circulação de capitais entre países.
Os investimentos estrangeiros são formados por investimentos na área produtiva, e financeiros (aplicados na compra de ações de empresas ou de moedas).
Os investimentos estrangeiros tem como principal destino os países desenvolvidos, apesar de terem crescido nos países emergentes. No final do século XX, só os Estados Unidos recebiam cerca de 22% de todos os investimentos realizados no mundo.
Em 1950, o fluxo de mercadorias movimentou 61 bilhões de dólares; 51 anos depois, em 2001, o valor das movimentações comercias passou os 7 trilhões de dólares.

MEIO TÉCNICO-CIENTÍFICO-INFORMACIONAL
O geógrafo Milton Santos denominou o espaço do mundo no contexto da Revolução Técnico-Científico de meio técnico-científico-informacional.
Em meio a Terceira Revolução Industrial, com o aumento das redes de infra-estrutura, da capacidade de produção nas empresas, os mais variados setores econômicos repletos de sistemas informatizados, o meio geográfico passa a apresentar meu grande quantidade de técnica, ciência e informação.
Mas é preciso lembrar que a técnica, ciência e a informação não estão igualmente distribuídas no espaço geográfico mundial. Há lugares em que a sua presença é escassa, como nos países subdesenvolvidos de economia primária; outros é bastante irregular, como nos países emergentes; e ainda outros sua presença é grande, notadamente nos países desenvolvidos.

A PRESENÇA DO ESTADO NA ECONOMIA GLOBALIZADA
O Estado é uma instituição formada por uma população que reside em um determinado território com governo próprio.
Os Estados modernos surgiram inicialmente no século XV, primeiro com a formação de Portugal e Espanha. Depois foram surgindo os demais Estados europeus, principalmente no século XIX. Foram surgindo também outros Estados no mundo, seguindo o mesmo modelo de estrutura política e territorial.
O Estado inicialmente tinha atribuições como defesa do território, procurar dar um bem-estar as pessoas, e um bom relacionamento político com outros Estados.
Ao longo da história essas atribuições foram aumentando. Com uma variação de país para país, o Estado foi agregando várias outras funções:
» participação acionária em empresas;
» pagamento de aposentadorias, pensões e seguro-desemprego;
» investimento em educação, saúde e moradia;
» controle da circulação da moeda;
» realização de empréstimos a juros baixos, ou isenção de impostos para determinados grupos;
» construção e manutenção de equipamentos de infra-estrutura.
Na década de 80 surgiram novas propostas sobre as atribuições do Estado, por causa das crises em vários países subdesenvolvidos, e dos elevados déficits públicos de muitos países. As organizações financeiras (Banco Mundial e FMI) e o governo dos Estados Unidos propuseram um Estado que não interferisse no livre comércio, que facilita-se a atuação da grandes empresas, que cobrasse menos impostos e reduzisse seus gastos. Essa idéia foi chamada de neoliberal.
O Estado sendo neoliberal deve intervir pouco na economia, procurando eliminar barreiras ao comércio internacional, privatizar empresas e atrair investimento estrangeiro. Para o conceito neoliberal o papel do Estado é apenas incentivar a pesquisa tecnológica para apoiar as empresas privadas e assegurar estabilidade econômica. A produção de mercadorias fica apenas para as empresas particulares.
Os gastos do governo, até mesmo em aspectos sociais, devem ser restringidos, a fim de não acarretar déficits nas contas do governo. Os gastos do Estado não devem ser altos também, para não acarretar impostos elevados para as empresas e sobre a sociedade como um todo. Além disso, segundo os conceitos neoliberais, os gastos das empresas com mão-de-obra acabam sendo repassados ao preço dos produtos, por isso, devem ocorrer algumas eliminações ou modificações nos direitos trabalhistas, para estimular novas contratações.
A adoção das práticas neoliberais, fez com que alguns Estados, de países subdesenvolvidos, ficassem vulneráveis a ação de empresas estrangeiras, que são originárias dos países desenvolvidos.
Com isso, as desigualdades entre os países só aumentaram, visto que o neoliberalismo atende melhor os que possuem maior capacidade de investimento, e maior capacidade de atuação no mercado mundial, ou seja, beneficia mais os países desenvolvidos.

ANTIGLOBALIZAÇÃO
Os movimentos antiglobalização surgiram em todo mundo, devido as conseqüências negativas que surgiram com a globalização.
Esses movimentos partem do principio que as multinacionais estão dando forma ao mundo. Os países ricos procuram defender o espaço para os conglomerados multinacionais. Enquanto os países pobres, procuram atrair investimentos abrindo seus mercados para esses mesmos conglomerados.



Esses movimentos tem propostas muito diferentes. Agrupam ambientalistas, reformistas que lutam por uma globalização mais justa, sindicalistas que se preocupam com os direitos dos trabalhadores, minorias negras, indígenas que lutam contra a discriminação, enfim uma lista bem grande.
Não existe ainda um grupo hegemônico antiglobalização, mas sim vários grupos e movimentos que lutam contra um tema em comum.

EXERCÍCIO
Relacione a primeira coluna de acordo com a primeira.
(1ª) coluna
(1) Zona de livre comércio
(2) União aduaneira
(3) Mercado comum
(4) União econômica e monetária

(2ª) coluna
a) ( ) estabelecem entre si mesmas tarifas de exportação e importação para o comércio internacional;
b) ( ) uma aliança que visa livre circulação de mercadorias, pessoas capitais e serviços. Como exemplo a EU;
c) ( ) acordos que visam exclusivamente a redução ou eliminação de tarifas aduaneiras ente os países membros. Ex. o Nafta;
d) ( ) adotam uma moeda única, os países estipulam limites comuns de inflação e déficit como é o caso da União Européia;

Responda:

2) Diga com suas palavras o que é o meio técnico-científico-informacional?





3) Em que a internet contribui para a exclusão digital?


4) O que é Estado, e quais algumas de suas funções?


5) O que é o neoliberalismo?




GABARITO

1) a) 2; b)3; c)1; d)4;

2) O espaço geográfico em que vivemos apresenta uma grande quantidade de técnica, ciência e informação. Em todos os lugares vemos redes de computadores, telefones celulares, mercadorias com código de barras, e etc. Essa configuração espacial que veio junto com a Terceira Revolução Industrial é denominada meio técnico-científico-informacional.
3) Apesar de essa rede interligar milhões de usuários em todo mundo, boa parte desses usuários são de países ricos. Muitos não tem os meios físicos necessários (linha telefônica, por exemplo) para se conectar, havendo então uma exclusão não só digital, mas também, social e econômica.
4) Estado é uma instituição formada por um povo que habita em uma determinada área, tendo um governo próprio. É responsável, por exemplo, pela defesa do país, controla os relacionamentos comerciais entre outros Estados e investe na educação, saúde.
5) É um conjunto de idéias propostas, que se consolidaram a partir de 1990. Idéias essas que ditam que o Estado deveria promover medidas como: a redução nos gastos do governo; a maior liberdade para circulação de mercadorias e serviços; a privatização de empresas estatais, diminuindo a participação do Estado nas atividades produtivas.

CAPITALISMO

Resumo: esta lição mostrará o surgimento do capitalismo e suas várias formas de desenvolvimento, bem como suas principais características.
Desenvolvimento do Capitalismo
O capitalismo passou a ser dominante no mundo ocidental a partir do século XVI. A transição que houve do feudalismo para o capitalismo foi bastante desigual; foi mais rápida na parte ocidental da Europa e mais lenta na parte central e oriental. A transição foi bem mais acelerada no Reino Unido, do que nos outros países.
O capitalismo foi se evoluindo gradativamente, aos poucos foi se sobrepondo sobre outras formas de produção, até ter sua hegemonia, que ocorreu em sua fase industrial.
Considerando seu processo de desenvolvimento, pode-se dividir o capitalismo em 3 fases: capitalismo comercial, industrial e financeiro.

CARACTERÍSTICAS DO CAPITALISMO
Todos os países são diferentes uns dos outros, mas os capitalistas apresentam algumas características semelhantes.
» Estrutura de propriedade: predomina a propriedade privada. Em alguns países o Estado também é dono de alguns meios de produção; atua como capitalista principalmente em setores básicos e de infra-estrutura.
» Relação de trabalho: o trabalho assalariado é predominante. Mas em muitas regiões subdesenvolvidas e rurais ocorrem relações de trabalho ilegais, como a escravidão, ou trabalho forçado por dívida.
» Objetivo: o único objetivo é ter constantemente a obtenção de lucro, não importando quem perca com isso. As empresas estatais recebem ajuda de subsídios do governo, sendo difícil ir a falência, ao passo que se uma empresa privada operar no vermelho, ela pode falir.
» Meios de troca: o principal meio de troca é o dinheiro, que facilitou bastante o comércio. Outros meios de troca é o cheque e o cartão de crédito, em que é possível movimentar um fundo em dinheiro depositado no banco. Com um cartão bancário é possível fazer pagamentos sem o uso de dinheiro real ou cheque.
» Funcionamento da economia: os agentes econômicos fazem investimentos se guiando pela lei da oferta e da procura. Investem com o objetivo de conseguir a maior rentabilidade.
A lei da oferta e da procura funciona da seguinte maneira: se houver mais oferta do que procura os preços tendem a cair; se houver mais procura que oferta os preços tendem a subir. Essa lei é a essência da economia de mercado.
» Relação social: há uma grande desigualdade social, principalmente nos países subdesenvolvidos, ficando a maior parte da renda com poucos. Mas nestes últimos anos, também em países desenvolvidos tem crescido a distancia entre ricos e pobres.

CAPITALISMO COMERCIAL
Essa etapa do capitalismo se estendeu do século XV até XVIII. Houve uma expansão de potencias, como Espanha e Portugal, que tinham como objetivo descobrir uma nova rota para as Índias, e tirar a supremacia da Itália no comércio com o Oriente, através do Mediterrâneo.

Foi uma época marcada por Grandes Navegações e descobrimentos, mas também de escravidão e genocídios de muitos nativos da América e África. Os europeus comandaram esse processo de colonização e exploração.
Esse termo capitalismo comercial se deu porque o acúmulo de riquezas ocorreu por meio do comércio. A economia nesse período funcionava sob a intervenção governamental, pois promover e aumentar o poder do Estado. A riqueza e o poder de um país era medido pela quantidade de ouro, prata e pedras preciosas.
Durante o capitalismo comercial tudo que pudesse ser vendido como lucro virava mercadoria na mão dos comerciantes europeus. O negócio mais lucrativo foi o tráfico de escravos negros.
Neste período também se acumulava riquezas tendo uma balança comercial favorável, ou seja, mais exportar do que importar. As colônias garantiam grande lucro, visto que eram obrigadas a vender os seus produtos por preços baixos, e comprar das metrópoles coisas que necessitavam por preços altos.
Essa fase foi fundamental para se desenvolver o capitalismo, pois permitiu o grande acúmulo de capitais na mão da burguesia européia. Essa acumulação inicial de capitais criou condições, no Reino Unido e depois em outros países, para que ocorresse a Revolução Industrial.

CAPITALISMO INDUSTRIAL
O capitalismo industrial foi marcado por transformações na economia, na sociedade, na política e cultura. Uma de suas características mais importantes foi a de transformar da natureza, uma quantidade bem maior de produtos aos consumidores, o que multiplicava o lucro dos produtores.
A essência do sistema não era mais o comércio. O bom lucro vinha da produção de mercadorias.
Os mecanismos da exploração capitalista foi chamada por Karl Marx de mais valia.
Mais valia: o trabalhador assalariado recebe uma remuneração por cada jornada de trabalho. Mas o trabalhador produz um valor maior do que aquele que recebe em forma de salário. Essa parte de trabalho não pago fica no bolso dos donos das fábricas, minas e etc. Assim todo produto vendido traz uma parte que não é paga aos trabalhadores, permitindo o acúmulo de capitais.
Por isso que o regime assalariado é a melhor forma de trabalho no capitalismo. O trabalhador assalariado alem de produzir mais, tem condições de comprar os produtos. Com isso a escravidão foi “extinta” quando o trabalhador assalariado começou a predominar.
Com o aumento da produção também houve o aumento de mão-de-obra, energia, matéria-prima e mercado para os seus produtos. A industrialização estava não só na Europa, mais também nos Estados Unidos, e no Japão estava começando.
Nessa nova fase do capitalismo a burguesia industrial, ao contrário da fase comercial passou a ser um empecilho. Consolidou-se uma nova doutrina econômica, o liberalismo.
Mudanças importantes estavam ocorrendo: a produtividade e a capacidade de produção aumentavam rapidamente; e a produção em série crescia. Na segunda metade do século XIX, estava acontecendo a Segunda Revolução Industrial. Um dos aspectos importantes desse período foi a introdução de tecnologias e novas fontes de energia, passou a haver um interesse para a pesquisa cientifica com o objetivo de desenvolver novas e melhores técnicas de produção.

A descoberta da eletricidade beneficiou não só as industriais como a sociedade em geral, melhorando a qualidade de vida. Com o desenvolvimento do motor, e utilização de combustíveis derivados do petróleo, foi aberta novas formas de transporte.
Com o grande aumento da produção, houve também competição para se ganhar mercados consumidores e novas fontes de matérias-primas.
Foi nessa época que ocorreu a expansão imperialista na África e Ásia. Esses continentes foram partilhados entre os países imperialistas. Com essa partilha consolidou-se a divisão internacional do trabalho, em que as colônias se especializavam em fornecer matérias-primas com o preço bem barato aos países que estavam se industrializando.
Nessa época surge ema potencia industrial fora da Europa, os Estados Unidos. Eles adotaram o lema ‘A América para os americanos’. Os Estados Unidos tinham como área de influencia econômica e política a América Latina.
Em fins do século XIX também começou a surgir o Japão como potencia. Passou a disputar territórios com as potencias européias, principalmente o território da China.
Apesar de a primeira metade do século XX ser marcada por avanços tecnológicos, foi também um período de instabilidade econômica e geopolítica. Houve a Primeira Guerra Mundial, Revolução Russa, Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial. Em poucas décadas o capitalismo passou por crises e transformações.

CAPITALISMO FINANCEIRO
Com o crescimento acelerado do capitalismo passou a surgir e crescer rapidamente várias empresas, por causa do processo de concentração e centralização de capitais. A grande concorrência favoreceu as grandes empresas, o que levou a fusões e incorporações, trazendo monopolização em muitos setores da economia.
O capitalismo dessa forma entrava em sua fase financeira e monopolista. O inicio dessa nova fase capitalista coincidiu com o período da expansão imperialista (1875 – 1914), em fins do século XIX e meados do século XX. Mas a consolidação só ocorreu após a Primeira Guerra Mundial, quando as empresas ganharam mais poder e influencia.
A expansão do mercado de capitais é uma marca do capitalismo financeiro. Nos Estados Unidos se consolidou um grande mercado de capitais. As empresas foram aumentando seus capitais através da venda de ações em bolsas de valores. Permitindo assim, a formação de enormes corporações.
Os bancos passam a ter um papel importante como financiadores de produção.
A livre concorrência e o livre mercado passam a ser substituídos por um mercado oligopolizado. O Estado também começa a intervir na economia.
Em 1929 apesar de o capitalismo financeiro crescer houve uma grande crise, que levou milhares de bancos e industrias a falência, causando até 1933 quatorze milhões de desempregados. Essa crise se deu devido a grande produção industrial e agrícola, mas pouca expansão do mercado de consumo externo; a industria européia passa a importar menos e exportar menos dos Estados Unidos; exagerada especulação com ações na bolsa de valores. Porem acreditava-se, segundo os preceitos liberais, que o Estado não deveria se interferir na economia.
Mas em 1933 foi elaborado e colocado em prática o New Deal, pelo presidente Franklin Roosevelt. Foi um plano de obras publicas, com o objetivo de acabar com o desemprego, sendo este plano fundamental para melhorar a economia norte-americana.
KEYNESIANISMO – política de intervenção estatal numa economia oligopolizada. Recebeu este nome porque seu principal teórico e defensor foi John M. Keynes.

TRUSTES – grandes grupos que controlam todas as etapas da produção, desde a retirada de matéria-prima da natureza até a distribuição das mercadorias.
CARTEL – associação entre empresas para uma atuação coordenada, estabelecendo um preço comum, restringindo a livre concorrência. Geralmente elevam o preço em comum.
O truste é o resultado típico do capitalismo, que leva a fusão e incorporação de empresas de um mesmo setor de atividade. Já o cartel surge quando empresas visam partilhar entre si, através de acordo, um determinado mercado ou setor da economia.
Surgiram também através dos trustes os conglomerados. Eles são corporações que atuam no capitalismo monopolista. Resultantes de uma grande ampliação e diversificação dos negócios, visam dominar a oferta de determinados produtos e serviços no mercado.
Um dos maiores conglomerados do mundo é o Mitsubishi Group, que fabrica desde alimentos, automóveis, aço, aparelhos de som, televisores, navios, aviões e etc. O Mitsubishi tem como financiador o banco Mitsubishi, que após a sua fusão, Tokyo-Mitsubishi, se tornou o maior do planeta.
Após a Segunda Guerra Mundial, as antigas potencias européias foram entrando num processo de decadência, perdendo seus domínios coloniais na Ásia e África. Esse período pós-guerra, foi o início do atual processo de globalização da economia.



Um dos benefícios dos conglomerados, é a geração de empregos


As fábricas no século XIX eram assim. Agora compare com as de hoje em dia.

EXERCÍCIO

Marque a alternativa certa.

1) Se considerarmos o processo de desenvolvimento do capitalismo, podemos dizer que ele foi respectivamente.

a) industrial, financeiro e comercial
b) comercial, industrial e financeiro
c) liberal, industrial e comercial
d) financeiro, imperialista e comercial

2) A associação que visa restringir a livre concorrência e elevar o preço em comum. É chamada de:
a) cartel
b) truste
c) conglomerados
d) mais-valia

3) No capitalismo financeiro o mercado passa a ser:

a) liberal
b) imperialista
c) oligopolizado
d) colonial






RESPONDA:

4) O que são trustes?



5) A que se refere a chamada mais-valia?



6) Quais as principais características do capitalismo?



GABARITO.

1) b;
2) a;
3) c;
4) O truste surge como resultado típico do capitalismo levando a fusões e incorporações de empresas. São grandes grupos que controlam todas as etapas da produção de mercadorias. Atuam em vário setores do mercado.
5) O trabalhador assalariado produz um valor bem maior do que ele recebe, essa parte que ele não recebe fica no bolso do dono da empresa, permitindo um acúmulo de capital. Sendo que todo produto vendido possui uma parte que não é paga ao trabalhador.
6) Propriedade privada como sendo predominante; trabalho assalariado; tem um único objetivo, que é o conseguir muito lucro; dinheiro, como sendo o melhor meio de troca; desigualdade social.










A INDUSTRIALIZAÇÃO E SEUS REFLEXOS SOBRE O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DOS PAÍSES DESENVOLVIDOS E SUBDESENVOLVIDOS

OS PIONEIROS NA INDUSTRIALIZAÇÃO

RESUMO:
Nesta lição será destacado sobre dois países que foram os primeiros a se industrializar, como eles se industrializaram, que fatores foram necessários e como estão suas situações hoje.
PRÉ-REQUISITO:
Estar atento as lições anteriores.
Os pioneiros na industrialização

REINO UNIDO
O Reino Unido foi o pioneiro no processo de industrialização. Mas, por que ele, e não outro como, por exemplo, os Estados Unidos? O Reino Unido tinha as condições básicas que eram necessárias para a industrialização. Condições em sentido econômico, político, social e natural.
O Reino Unido, em 1968, passou a se tornar a mais antiga monarquia parlamentar do mundo. O rei perdeu o poder político, que ficou sob os cuidados do Parlamento. A crescente burguesia mercantil passou a controlar o Estado britânico, usando para apoiar seus objetivos econômicos. A revolução burguesa foi fundamental para a eclosão da Revolução Industrial quase um século depois.
Durante o capitalismo comercial, o Reino Unido acumulou reservas de riquezas, que foram fundamentais para o processo da Revolução Industrial. Mais do que em qualquer outro país, a acumulação de capitais foi intensa. Essas reservas foram bem utilizadas para a instalação de industrias, ampliação de redes de transportes, extração de recursos minerais, etc. Todos esses fatores juntos, foram fundamentais em avanços técnicos nas indústrias importantes da Primeira Revolução Industrial.
Mas o Reino Unido tinha ainda a vantagem de possuir grandes reservas de carvão mineral, essenciais para o uso de máquinas a vapor. Graças às reservas de ferro e carvão, houve a expansão na siderurgia, e, portanto, o crescimento de outros ramos, como o naval, ferroviário, etc.
O Reino Unido já possuía as principais condições para ocorrer a Revolução Industrial: disponibilidade de matéria-prima e energia, acúmulo de capital, avanços tecnológicos. E o Estado já estava sob o comando da burguesia. Faltava apenas a força de trabalho.
Em fins do século XVII, os camponeses foram sendo expulsos do campo, para trabalhar nas cidades. Motivo: com a Lei do Cercamentos, as terras foram sendo privatizadas, e a atividade agrícola foi substituída pela criação de carneiros para fornecer lã à industria têxtil. Essa massa de camponeses que foi obrigada a se deslocar aos centros urbanos, se tornou o proletariado urbano. E os capitalistas estabeleceram a ralação de produção baseada no trabalho assalariado. Logicamente, eles aproveitaram para a exploração dos operários, e obtiveram altos lucros.


LOCALIZAÇÃO INDUSTRIAL
A localização industrial teve uma íntima relação com as jazidas de carvão e os portos. Por isso, houve grande industrialização nas chamadas “regiões negras”, como Yorkshire, Midlands, Northumberland, País de Gales, e outros.
Surgiram várias indústrias têxteis, principalmente em Yorkshire, devido a lã e o algodão que eram utilizados como matéria-prima. Com o desenvolvimento das indústrias de base, a siderúrgica, foi possível a produção de locomotivas e navios movidos a vapor. Era um fator puxando outro: as indústrias de material ferroviário e naval se localizavam perto das siderúrgicas, que por sua vez, se localizavam perto das jazidas de carvão, que também atraiu a industria têxtil.
Outro fator importante foi a existência de portos marítimos e fluviais. Muitas cidades, como Londres e Liverpool, desenvolveram um importante parque industrial.
Londres sempre foi a maior aglomeração urbana e industrial do país. Devido a disponibilidade de mão-de-obra, de mercado consumidor e rede de transportes, foi favorável a instalação de industrias menos dependentes de matérias-primas. Londres já era na Primeira Revolução Industrial, o maior porto e centro comercial e financeiro britânico. E após a Segunda Revolução Industrial, mais industrias que não dependam de carvão, foram se instalando em Londres, e ampliando cada vez mais a metrópole. Outra cidade importante foi Birmingham, que depois de Londres, era o principal centro industrial do Reino Unido, e possui um parque industrial bem diversificado.
Recentemente com a realocação industrial, as cidades do centro-sul da Inglaterra, passaram a abrigar s industrias mais novas e modernas.

UMA POTÊNCIA QUE PERDEU O 1° LUGAR
Até o início do século XX, o Reino Unido liderava o avanço industrial. Mas apesar de hoje, ainda ser uma potência, perdeu a força que tinha, em sentido econômico e político. Embora o país tenha crescido após a Segunda Guerra Mundial, não conseguiu acompanhar o ritmo de outros países, como os Estados Unidos, Japão, Alemanha e França.
Essa decadência que ocorreu com o Reino Unido, atinge o país de forma desigual. Há alguns setores em decadência, como a têxtil, siderúrgica, que antes eram as maiores de mundo. Mas existem outros setores bem dinâmicos, como o petroquímico, e o nuclear, que é apoiado tecnologicamente pelos Estados Unidos.
Nas “regiões negras”, que antes eram bem fortes economicamente, hoje é visível a desindustrialização e o desemprego. Essas regiões liberavam migrantes para o sul, principalmente para Londres. O empobrecimento de parte da população ocorreu significativamente na década de 80, quando passou a ter uma maior concentração de renda. Isso ocorreu não só pela perda de competitividade do país, mas também pelas políticas neoliberais, adotadas pela primeira-ministra Margareth Tatcher, que prejudicaram a proteção social que antes eram mantidas pelo Estado.
Apesar de permanecer um custo social elevado, as políticas neoliberais atingiram seu objetivo: a redução do papel do Estado na economia. Assim, muitas empresas estatais foram privatizadas, por exemplo, a British Airways (transporte aéreo), British Petroleum, etc.

FRANÇA
Sendo hoje a quarta maior economia do mundo, a França foi o segundo país a se industrializar. O rápido processo de industrialização teve início em meados do século XIX, depois a burguesia chegar ao poder, como resultado da Revolução Francesa. A França já contava com várias condições necessárias para a industrialização, mas foi basicamente o fator político que atrasou em relação ao Reino Unido.
A França, apesar de possuir vários recursos minerais, não é auto-suficiente em todos os setores, sendo preciso consideráveis importações.

LOCALIZAÇÃO INDUSTRIAL
Logo no início da industrialização, as industrias se localizavam em torno de regiões ricas em carvão, na região da Lorena, de Pás-de-Calais e do Norte. Atualmente a utilização do carvão vem sendo substituída pela energia elétrica, derivados do petróleo, energia hidráulica e energia nuclear. Até porque, as minas de carvão mineral estão quase esgotadas no Norte do país. A maior concentração industrial fica na Lorena, principalmente as siderúrgicas.
A França dispõe de vários minerais, mas em pequena quantidade. No sul do país se concentra industrias de transformação do alumínio.
O gás natural é dispensável nos campos do Lacq. E abastece as regiões de Paris e outros centros por meio de gasodutos.
A França também dispõe de usinas hidrelétricas, que abastecem cerca de 25% da energia total consumida no país. Mas, o principal forte é a energia nuclear. Utilizando o urânio das jazidas do Maciço Central e Bretanha, aumenta cada vez mais o uso de usinas nucleares para a produção de energia elétrica. Cerca de 75% da energia elétrica consumida no país, provém da energia nuclear.
Boa parte do petróleo utilizado no país é importado, principalmente do Oriente Médio e norte da África e do mar do Norte. Os portos de recepção do petróleo estão em Le Hare, no Atlântico, e Marselha, no Mediterrâneo, e como conseqüência, perto desses estão as principais refinarias e indústrias petroquímicas. Visto que esses portos ficam próximos a foz de rios, facilita o transporte de derivados do petróleo para o interior do país.

PARIS
O parque industrial francês é bem diversificado e moderno. E apesar da descentralização industrial no pós-guerra, o norte do país, principalmente a região de Paris, abriga a maior concentração industrial. Paris é beneficiada pela qualificada mão-de-obra, pelas renomadas universidades e centros de pesquisa, pelo amplo mercado consumidor, pela infra-estrutura de transporte e comunicações, acumulação de capitais desde a Idade Média, e é o centro político-administrativo da França. Portanto, Paris é o principal centro-econômico, financeiro, comercial e cultural da França. Nela se concentra um diversificado parque industrial.
Mas também há outros centros importantes, como Lyon. Aonde possui industrias químicas, mecânicas, eletrotécnicas e têxteis.
A França é um país em que o Estado apresenta boas participações na economia. Grandes empresas são controladas pelo capital estatal, como a Renault, Air France (aéreo), Elf Aquitaine (petrolífero).


EXERCÍCIO

Responda.

1) Por que o Reino Unido foi o pioneiro no processo de industrialização?



2) Como se estabeleceu a localização das industrias no Reino Unido?



3) Porque o Reino Unido é dito como uma potência em decadência?



4) Depois de que fato, a França começou a se industrializar rapidamente?



5) Aonde estão localizados os principais centros industrias da França?





GABARITO.

1) porque possuía bastante disponibilidade de mão-de-obra, acúmulo de riquezas e capitais, avanços técnicos, e recursos minerais disponíveis. As grandes reservas de capitais, adquiridas durante o intenso comércio na Idade Moderna, foram bem úteis para a instalação de industrias.
2) visto que as primeiras maquinarias eram sustentadas com o carvão, houve uma intensa industrialização perto das jazidas de carvão, nas chamadas “regiões negras”. Também nas regiões de portos, aonde tinha facilidade de exportação ou importação.
3) porque apesar de ela ainda ser uma potencia, não conseguiu acompanhar o ritmo de outros países, como os Estados Unidos. E muitos setores não possuem o mesmo dinamismo de antes. Sendo que em algumas regiões o desemprego aumentou, principalmente devido a maior concentração de renda.
4) com a Revolução Francesa a burguesia chegou ao poder, e com isso acentuou o processo de industrialização. A França possuía todos as condições necessárias para se industrializar, só atrasou em relação ao Reino Unido, devido a fatores políticos.
5) as concentrações industriais se localizavam em torno das regiões de carvão, em Lorena, Pás-de-Calais e no Norte. No sul do país se concentra as industrias de transformação de alumínio. Perto dos portos de recepção de petróleo estão as refinarias e industrias petroquímicas.



INDÚSTRIAS ESPALHADAS PELO MUNDO

RESUMO:
Neste capitulo veremos algumas condições básicas para industrialização, e que nem todos os lugares são favoráveis, para a instalação de industrias. Mas apesar disso, mais indústrias chegam a alguns países subdesenvolvidos.

PRÉ-REQUISITO:
Estar atento as lições anteriores, para poder entender a seqüência das lições.

INDÚSTRIAS ESPALHADAS PELO MUNDO
A industrias é capaz de transformar uma matéria-prima em bens de consumo e produção. Sem a industria, a nossa capacidade de transformação de matéria-prima seria limitada, e o abastecimento de grandes massas populacionais seria bem difícil e até inviável. A Industria, porém nem sempre teve as características que tem hoje em dia.
Antes houve a longa fase do artesanato e manufatura, que se estendeu desde a antiguidade até a Revolução Industrial. A produção era feita de forma manual. Mas entre 1765 a 1775 foi desenvolvida a primeira máquina a vapor pelo inventor escocês James Watt, dando início a maquinofatura. Apesar de ter dado um avanço acelerado no processo de industrialização, esse fenômeno industrial, de certa forma está restrito a alguns lugares do mundo, principalmente aos países do norte.
Muitas pessoas, apesar de consumirem algum tipo de produto industrializado, nunca viram uma fabrica. Mas porque as industrias ficam concentradas espacialmente? Porque nem todos os lugares oferecem condições favoráveis para a expansão das industrias. Por isso, nem todos os países se industrializaram. Veremos agora quais são as condições necessárias para a industrialização, e como ela se processou em alguns países.

FATORES FAVORÁVEIS
Como mencionamos, as industrias estão distribuídas desigualmente no mundo, isto se deve às condições ou fatores favoráveis, que nem todos os lugares apresentam.
Alguns fatores favoráveis são:
- Fontes de energia
- Mão-de-obra
- Matéria-prima
- Mercado consumidor
- Infra-estrutura de transporte
- Rede de comunicação
- Incentivos fiscais
- Disponibilidades de água.
Durante o final do século XVIII e meados do século XIX, época da Primeira Revolução Industrial, as jazidas de carvão mineral era um dos fatores, mas importante para a instalação de industrias. Por isso houve grande concentração de fabricas em torno das principais jazidas de carvão mineral britânicas, norte-americanos, franceses e alemãs. Ao longo do tempo, e com a chegada da Segunda Revolução Industrial, o carvão foi perdendo importância, e o petróleo e a eletricidade começaram a ganhar espaço. Visto que essas duas novas fontes de energia são facilmente transportadas, houve uma dispersão na distribuição de geografia das fabricas, surgindo novas industrias.

O petróleo além de fonte de energia, é também, uma importante matéria-prima. E isso possibilitou o crescimento de outros setores, como por exemplo, a industria petroquímica. Faz bem notar, que, a proximidade de outras matérias-primas, como minério, floresta, etc. também influi na localização das industrias. Por exemplo, a Siderúrgica do Quadrilátero Ferrífero, nasce próximo às jazidas de minério de ferro.
A existência de uma rede de transporte que possibilitou e facilitou o escoamento das mercadorias produzidas e o recebimento desta, é também um fator importante para a localização das industrias. É por isso que muitas indústrias se localizam próximo a portos marítimos e fluviais, ou ferroviários.
Um outro fator importante é a disponibilidade de mão-de-obra e mercado consumidor. Assim, historicamente, fenômeno industrial esteve ligado a grandes concentrações urbanas, como exemplo, a Londres, Nova Iorque, Tóquio, São Paulo, Cidade do México, Paris, etc. Varias dessas grandes cidades são entroncamento de ferrovias, rodovias, hidrovias e aerovias, e abrigam as sedes de vários bancos e empresas, se tornando um atrativo para a chegada de mais industrias. Vimos então, que muitas cidades crescem em torno de centros industriais, que fazem com que elas cresçam ainda mais e acabem atraindo um número bem maior de industrias.
O capitalismo não criou a cidade, mas ele criou a metrópole, em sua fase industrial, e recentemente a megalópole, em sua fase financeira. Os capitalistas sempre estão a procura de maiores lucros, por isso, se localizam próximos dos mais importantes fatores de produção. O problema é que, com a superconcentração do capital nas metrópoles, ocorrem também a aceleração dos preços dos imóveis, congestionamento nas redes de transportes e comunicações, esgotamento das reservas de matéria-prima e energia, e a elevação do custo da mão-de-obra.
Com isso, está ocorrendo uma reorganização geográfica industrial no mundo, principalmente nos países subdesenvolvidos industrializados. Procura-se uma desconcentração das industrias. Hoje, leva cada vez menos tempo para se transportar mercadorias e produtos, e menos ainda para se trocar informações. As distâncias são como se tivessem encurtado. Graças às modernas rodovias, ferrovias, os aeroportos e no ramo das telecomunicações, ao telefone, celular, videoconferência e computadores integrados. Há paralelamente o aumento do deslocamento da população para os grandes centros urbanos e para cidades medias e pequenas.
O mercado, portanto, também se descentraliza. Assim as industrias podem buscar novas regiões para a instalação de suas fabricas. Regiões aonde oferecem menores custos de produção; onde a infra-estrutura é melhor; onde as matérias-primas e as fontes de energia estão mais próximas; esses fatores acabam fazendo com que algumas industrias prefiram cidades menores, e descem as metropolitanas. Outro fator que tem bastante importância na hora de decidir implantar uma fabrica é os incentivos fiscais. Esses incentivos fiscais podem ser: isenção de impostos as empresas interessadas a se instalar em uma área: terreno sem custo, algumas vezes com infra-estrutura básica já implantada. Em qualquer país, quando alguma empresa anuncia a concentração de uma nova fabrica, começar as guerras fiscais entre as cidades, para atraí-la.

TIPOS DE INDÚSTRIAS
A localização das industrias também dependem do tipo de industria a ser instalada.

- Indústria de bens de produção ou de base (pesada): transformam matérias-primas ou energia em produtos que vão ser usados pelas industrias de bens de capital ou de consumo. Por isso elas se localizam perto das fontes fornecedoras ou dos postos e ferrovias, onde fica fácil a recepção das matérias e a saída da produção. Ex: as siderúrgicas, as metalúrgicas e as petroquímicas.
- Indústria de bens de capital: esse tipo de indústria produz maquinas e equipamentos que serão utilizados pelas industrias leves ou pesadas. Essas indústrias se localizam principalmente perto de seus consumidores, nos centros industriais.
- Indústria de bens de consumo (leves): produzem produtos duráveis (móveis, eletrodomésticos, automóveis, etc) ou não-duráveis (alimentos, bebidas, etc). Essas indústrias abrigam a maior parte dos trabalhadores, e atinge um amplo mercado consumidor. Portanto, encontra-se nas cidades médias, ou em centros urbanos. A produção destina-se a população em geral.
Então vimos que, dependendo do tipo de indústria, leve ou pesada, ela pode se instalar nos centros urbanos ou não. Sempre é necessário se localizar em regiões que atingirá mais facilmente os consumidores.
Essa classificação, de acordo com a natureza dos bens produzidos, é a mais utilizada. Mais existe outras formas de se classificar as industrias. Vejamos:

SEGUNDO A FUNÇÃO:
- Indústrias germinativas: elas geram o aparecimento de outras indústrias, como a petroquímica.
- Indústrias de ponta: são as indústrias dinâmicas, que comandam a produção industrial. Ex. automobilística.

Segundo a tecnologia:
- Indústrias tradicionais: são empresas que ainda estão ligadas com a primeira revolução industrial. Geralmente são empresas familiares, e existem algumas dessas ainda no Brasil.
- Indústrias dinâmicas: usam muita tecnologia e capital, e pouca força de trabalho. Está ligada com o desenvolvimento mais recente da química e eletrônica. Operam em economia de escala.
Em outras lições será mostrado como se processou a industrialização em alguns países. Assim será mais fácil entender a geografia das industrias.

EXERCÍCIO
Responda.

1) Por que nem todos os lugares existem indústrias?




2) Quais são algumas condições favoráveis para o surgimento de industrias, em uma determinada área?




3) Que relação existe entre os grandes centros industriais e as grandes cidades?




4) O que são as guerras fiscais?







Gabarito.

1) Porque nem todos os países ou regiões apresentam as condições necessárias para a instalação de indústrias. Apesar de praticamente todas as pessoas consumirem algum tipo de produto industrializado, muitas pessoas nunca viram uma indústria.
2) Disponibilidade de matéria-prima e energia; mão-de-obra (qualificada); mercado consumidor, infra-estrutura básica; incentivo fiscais.
3) Nas grandes cidades está disponível um amplo mercado consumidor e mão-de-obra, isso se torna um atrativo para a chegada de indústrias. Assim as cidades crescem ainda mais e atraem mais empresas.
4) São os incentivos fiscais que várias cidades oferecem para atrair indústrias, quem oferecer um incentivo mais favorável, logicamente atrairá a empresa. Esses incentivos podem ser: isenção de impostos durante alguns anos, doação de terreno com infra-estrutura básica já instalada, etc.

PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO: ITÁLIA

Resumo: nesta lição será mostrada uma das últimas potências a se industrializarem. Bem como os fatores históricos contribuíram para isso. E mesmo tendo uma economia tardia, é hoje uma das potências mundiais.
Pré-Requisito: ter estudado as lições anteriores.


HISTÓRIA
Atualmente, a Itália é a sexta economia do mundo. Mas, semelhante a Alemanha era fragmentada territorialmente. Em 1870, ficou completado o processo de unificação sob a liderança do Conde Cavour, primeiro-ministro de Piemonte. A burguesia de Piemonte e da Lombardia tinha interesse na unificação italiana, por isso investiram contra as forças conservadoras que impediam o crescimento capitalista. Pelo fato de a Itália ser dividida em vários reinos, possuía diversas leis e impostos que dificultavam a livre circulação de mercadorias.
Além dos conflitos com a Áustria e a França, havia também conflitos internos. Conflitos que levaram a conquista interna de territórios, como os ducados de Toscana, Parma e Módena. Assim, aos poucos se concluiu a unificação da Itália. O país unificado tinha uma monarquia parlamentarista. Mas, em 1946, através de plebiscito, foi decidido uma república parlamentarista.
Nessa época da história, a Itália tinha muitos pontos em comum com a Alemanha, em sentido geopolítico e socioeconômico. E, portanto, muitos problemas semelhantes. A Itália atrasou seu avanço industrial mais do que a Alemanha, visto que é pobre em matéria-prima, apresentava um mercado limitado e perdeu a corrida colonial. Apesar dos obstáculos, o país conseguiu intensificar os seus processo industrial após a unificação política.
Com vários pontos em comum com a Alemanha, acabaram formando uma aliança contra o Reino Unido e a França, resultando na Primeira Guerra Mundial. No período entreguerras surgiu em 1922 um ditador, Mussolini, que ficou no poder até 1943. Esse período foi marcado por instabilidade política e econômica. Com a derrota na Segunda Guerra Mundial, formando aliança novamente com a Alemanha e o Japão, o país viu sua economia destruída.

LOCALIZAÇÃO INDUSTRIAL
Quando ocorreu o “milagre italiano” (um rápido crescimento econômico), houve uma forte concentração industrial no Norte da Itália (Vale do Pó) apesar da política de descentralização industrial.

POR QUE NO NORTE DO PAÍS?
Durante muitos séculos (XII ao XVI) as cidades estados do Norte tinham um forte comércio com o Oriente Médio e várias regiões da Europa. Veneza e Gênova eram cidades que tinham um importante centro comercial.
O comércio permitiu o surgimento de cidades, nas quais com o tempo foi havendo uma concentração de capitais nas mãos da burguesia e, uma aglomeração de população, que, com a industrialização no século XIX, se tornou a mão-de-obra e mercado consumidor. No Norte, com o crescimento comercial e urbano, o feudalismo foi perdendo forças, e passou a disseminar uma mentalidade burguesa.
Ao mesmo tempo, o Sul ficou por muito tempo preso as estruturas do feudalismo, que preservou uma agricultura atrasada realizada por uma abundante mão-de-obra.
A industrialização que ocorreu no Sul, depois da Segunda Guerra Mundial, foi uma intervenção do Estado italiano, como planejador e concedendo incentivos para a iniciativa privada. Já que no Sul não houve uma grande acumulação de capitais, muitas empresas do Norte passaram a abrir suas filiais nessa região.
Durante o período em que a industria era movida principalmente por carvão, a Itália tinha grandes barreiras. No entanto, com a Segunda Revolução Industrial e a utilização da eletricidade o país pôde aumentar sua industrialização mais rapidamente.
Nesse ponto, o Norte também levou vantagem. A bacia do Pó passou a produzir boa parte da energia consumida pelas indústrias e cidades da região. Com a construção de usinas hidrelétricas, a Itália foi diminuindo a sua dependência de energia importada.
Mas, com o crescimento econômico, o país se tornou um grande importador de combustíveis, principalmente petróleo. Em 1946, uma estatal de energia descobriu algumas reservas importantes de gás natural no Vale do Pó. Apesar da descoberta de novas reservas de gás no Sul, a Itália ainda depende da importação de combustíveis fósseis, tornando-se uma grande importadora de petróleo, mas também, uma enorme exportadora de produtos derivados do petróleo.
A Itália possui um parque industrial bem diversificado. O país aumentou sua competitividade e produtividade após a Segunda Guerra Mundial, quando o capital estatal e privado passou a capacitar tecnologicamente o país. A Itália também se beneficiou do Plano Marshall para a reconstrução de sua indústria.
Alguns grupos privados nacionais estão entre os maiores conglomerados do mundo, como a Fiat (Fábrica Italiana de Automóveis Turim), que além de automóveis, produz aviões, helicópteros, etc. Há outros grupos importantes como a Olivetti (eletrônico), a Parmalat (alimentício), a Pirelli (químico), etc.
Alguns dos principais centros são Milão, Turim, Gênova, Verona e Parma. No Sul as indústrias se localizam em torno de siderúrgicas e petroquímicas instaladas pelo Estado. A Itália tem a maior capacidade de refinaria de petróleo da Europa. Devido a sua localização entre o Oriente Médio e Europa, suas refinarias abastecem vários países.

O Estado italiano teve uma grande importância ao longo desse processo de industrialização tardia. Mas algumas empresas foram privatizadas, devido ao neoliberalismo ter ganhado espaço.

EXERCÍCIO
RESPONDA
1) Por que a Itália se industrializou tardiamente?




2) Em que parte da Itália se concentraram as indústrias, e por que?





3) Como a Itália se sobressai apesar de ser grande importadora de combustíveis fósseis?





4) Após que período a região Sul da Itália passou a se industrializar, e como?






GABARITO

1) Por que ela era divida territorialmente, e passava por muitos problemas internos entre esses Estados, que dificultavam o livre comércio. Além do mais, a Itália sofreu com a falta de recursos minerais, que no surgimento da industrialização era o carvão mineral, o país era pobre nesse recurso, além de ter um mercado limitado e ter ficado para trás na corrida colonial.
2) A concentração industrial ficou no Norte do país, região do Vale do Pó, aonde antes era o reino de Piemonte e Lombardia. Esses reinos conseguiram acumular mais capitais e mercado consumidor, pois tinham um forte comércio com o Oriente e cidades da Europa. Com o surgimento do capitalismo, esses reinos ficaram a favor, e o feudalismo foi perdendo espaço. Já na época da utilização de eletricidade, boa parte da energia vinha da Bacia do Pó, que abastecia cidades e indústrias da região.
3) O fato de ser importadora de combustíveis fósseis, principalmente o petróleo, faz da Itália uma grande exportadora derivados desses combustíveis. Possuiu várias refinarias e um enorme potencial de exportar produtos derivados do petróleo. Por se localizar entre o Oriente e a Europa, suas refinarias abastecem vários países.

4) Após a Segunda Guerra Mundial, o Estado italiano passou a incentivar o surgimento de indústrias privadas nessa região. E muitas empresas do Norte passaram a abrir suas filiais, pois a região Sul não tinha conseguido acumular suficiente capital. Muitas das suas indústrias ficam em torno de siderúrgicas e petroquímicas instaladas pela indústria.

PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO: CANADÁ

RESUMO: neste capitulo será mostrado como o Canadá passou a ser uma potência mundial, apesar de ter uma industrialização tardia. E como esse país é influenciado pelos Estados Unidos.

PRÉ-REQUISITO
Estar atento as lições anteriores, para poder entender a seqüência das lições.

PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO: CANADÁ

O Canadá é o segundo maior país do mundo em extensão territorial. Apenas a Rússia é maior. O Canadá ocupa praticamente toda a metade norte da América do Norte. O único país que limita-se com o Canadá é os Estados Unidos, localizado ao sul do país (48 Estados contíguos) e a noroeste com o Estado do Alasca. Ao norte localiza-se o Oceano Ártico, a oeste, o Oceano Pacífico, e a leste, o Oceano Atlântico.
O Canadá é a sétima potência do Grupo dos Sete. É um país rico em minérios e combustíveis fósseis. Isso o torna um grande exportador de matérias-primas minerais, combustíveis fósseis e alimentos. Aliás, foi a enorme quantidade de recursos naturais que impulsionaram sua industrialização. Mas, esse país começou o seu processo de industrialização no início do século XX; o último a se industrializar das sete potências. No entanto, apresenta uma forte dependência dos Estados Unidos, tendo vários setores econômicos aonde predominam capitais norte-americanos.
O Canadá foi colonizado pelos franceses, mas, em 1763, com a perda na Guerra dos Sete Anos, a França perdeu esse território para o Reino Unido. Ele permaneceu como colônia britânica até 1867, nesse mesmo ano conquistou a independência. O Canadá passou à categoria de domínio e, passou então, a ser independente no âmbito da Comunidade Britânica de Nações, formada por ex-colônias britânicas. É organizado politicamente como uma monarquia parlamentarista, o chefe de Estado é a rainha da Inglaterra, que indica um representante local, e o partido que é maioria no Parlamento, indica o chefe de governo.
O Canadá é uma federação, uma monarquia constitucional e uma democracia parlamentar, constituída de dez províncias e três territórios. Seu nome vem da palavra iroquesa kanata-ton, que significa "vilas" ou "pequenas casas". O Chefe de Estado do país é a Rainha Isabel II do Reino Unido - um símbolo dos laços históricos do Canadá com o Reino Unido - e dirigido por primeiros-ministros. O atual primeiro-ministro do Canadá é Stephen Harper. A capital do país é Ottawa.

LOCALIZAÇÃO INDUSTRIAL

Nas províncias de Ontário, Québec e Columbia Britânica, a riqueza mineral contribuiu para o surgimento de indústrias metalúrgicas e siderúrgicas. A exploração mineral ocorreu principalmente no Planalto de Labrador e no Escudo Canadense. Assim, o Canadá é bem favorecido pela natureza. Possui reservas de petróleo e carvão, urânio e, além disso, é o maior produtor de energia hidrelétrica do mundo. Isso explica o grande desenvolvimento da indústria de alumínio, apesar da inexistência de bauxita, pois o fator de produção mais importante não é a matéria-prima, e sim a energia.
Outras indústrias importantes para o país são a de papel e celulose. Essas indústrias estão ligadas a disponibilidade de matéria-prima, a baixo custo, e a facilidade de transporte. As florestas de coníferas recobrem cerca de um terço do país, e o transporte da madeira sai a custo zero, visto que é feito através da flutuação de troncos de árvores nos rios até as fábricas. Isso contribui, e muito, para fazer do Canadá o maior produtor de papel e celulose do mundo.
O Canadá atua em diversos ramos industriais, mas com predomínio de capital norte-americano em setores de alta tecnologia, como por exemplo, nos setores automobilístico, químico-famacêutico e eletroeletrônico. Mas, o que explica a participação dos Estados Unidos na indústria canadense?
O Canadá começou a se industrializar tardiamente, devido ao fato de ter permanecido como colônia britânica até 1867. O processo de industrialização se intensificou após a Primeira Guerra Mundial. Entretanto, com o conflito, as relações comerciais com o Reino Unido foram enfraquecidas pela impossibilidade de importação de produtos industrializados. Isso abriu oportunidade para a entrada de empresas norte-americanas nos vários setores da economia canadense. Os dois países são vizinhos, facilitando o vínculo entre as duas economias. Houve grande concentração industrial na região dos Grandes Lagos e no Vale de São Lourenço.
A indústria canadense cresceu sob a influencia do capital norte-americano, assim os dois países são dominados praticamente pelas mesmas empresas. Por exemplo: as empresas que produzem automóvel no Canadá são a Ford, Chrysler e a GM. Os dois primeiros tiveram que apenas atravessar de Detroit para Windson. A GM se instalou em Ottawa, produzindo quase metade dos automóveis canadenses. E essa situação se repete em vários setores econômicos do Canadá.
Não somente nos aspecto econômico, como também geográfico, o Canadá é uma extensão dos Estados Unidos. Seus principais centros industriais, as cidades de Toronto, Montreal, Hamilton, Québec e Windson, fazem fronteiras com o nordeste dos Estados Unidos. Existe, também uma importante área industrial e portuária no Pacífico, Vancouver, e outras cidades industriais no interior. Os dois países formam uma área urbano-industrial em torno dos Grandes Lagos e do Vale de São Lourenço, estendendo-se até o oceano Atlântico.
O setor primário do Canadá – agricultor, pesca e silvicultura - é responsável por 3% do PIB do país, e emprega um total de aproximadamente 675 mil pessoas.
O setor secundário – manufatura, construção e mineração - responde por 30% do PIB do Canadá. A manufatura de produtos industrializados é responsável sozinha por 18% do PIB canadense, e emprega aproximadamente 2,3 milhões de pessoas. Construção é responsável por 5% do PIB nacional, empregando 820 mil pessoas, e a mineração é responsável por 4% do PIB nacional, e emprega cerca de 285 mil pessoas.
A maior parte do PIB do Canadá provém de seu setor terciário - comércio e serviços, que são responsáveis por 67% do PIB do Canadá. Serviços comunitários e pessoais são responsáveis por 22% do PIB, e empregam 5,7 milhões de pessoas, enquanto o setor financeiro e imobiliário responde por 19% do PIB do país, empregando cerca de 870 mil pessoas. Já o comércio por atacado e varejo responde por 11% do PIB do Canadá, gerando aproximadamente 2,3 milhões de postos de trabalho. Existem três bolsas de valores no Canadá, uma em Toronto - a principal do país - uma em Montreal e uma em Vancouver. A capital financeira do Canadá é Toronto.
Um grande problema na economia do Canadá é a falta de profissionais reconhecidos, de alta educação, no país - muitos profissionais que estudam no Canadá deixam o país para trabalhar nos Estados Unidos, atraídos por melhores salários e menores impostos. Ao mesmo tempo, profissionais qualificados de outros países imigram para o Canadá, mas seus diplomas de ensino superior não são muitas vezes reconhecidos no Canadá.
Com a assinatura do Nafta, que propõe a livre circulação de mercadorias entre os Estados Unidos, o Canadá e o México, apenas se formalizou o que já existia na prática, há forte integração das economias norte-americana e canadense.
Em 1993, um ano antes de o Nafta entrar em vigor, os canadenses exportaram 80% para os Estados Unidos, e importaram 72%. Assim, o Nafta apenas retirou alguns obstáculos que ainda existam entre esses dói países.

EXERCÍCIO
RESPONDA

1) Que tipo de indústrias se destacam no Canadá, e por que?




2) Onde se localizam as principais concentrações industriais?




3) O que significa dizer que o Canadá é dependente dos Estados Unidos?





GABARITO
1) Destacam-se a indústria de alumínio, papel e celulose.
A de alumínio porque o país tem uma grande fonte de energia hidrelétrica, necessária para a transformação da bauxita em alumínio. E exporta a matéria-prima de outros países como o Brasil. O papel e celulose se destacam devido a abundante matéria-prima a baixo custo, e a facilidade de transporte, que é feita através dos rios, dando um custo zero.
2) No sudeste, aonde faz fronteira com o nordeste dos Estados Unidos. As principais cidades são Toronto, Montreal, Hamilton, Québec e Windsor. Também há concentrações industriais no interior, e uma área industrial e portuária no Pacífico, em Vancouver.
3) Isto quer dizer que o Canadá cresceu economicamente sob a influencia do capital norte-americano. Visto que os dois países são vizinhos, houve facilidade para troca de mercadorias e outras relações comerciais. Muitas empresas dos Estados Unidos formaram filiais no Canadá, havendo uma grande concentração industrial nos Grandes Lagos e no Vale de São Lourenço.

PAÍSES RECENTEMENTE INDUSTRIALIZADOS (I)
RESUMO: esse tutorial mostrará os países que começaram a se industrializar há pouco tempo, e que até hoje são países em desenvolvimento. Alguns apresentam muitas dificuldades, e podem levar muitas décadas para se industrializarem completamente.
Os países que se industrializaram recentemente são formados por um grupo bem diversificado. Os países que entregam esse grupo são: Brasil, Argentina, México, Coréia do Sul, Cingapura, Hong Kong, África do Sul e Índia, esses são os maiores. É natural, portanto a diferencia cultural, o processo de industrialização, nível econômico, tecnológico e realidade social.
Esse países, porém, poderiam ser divididos em dois grupos. Um que implantou um modelo econômico voltado inicialmente para o mercado interno. E o segundo grupo para o mercado exterior, transformando-se em grandes exportadores.

BRASIL, MÉXICO E ARGENTINA
Brasil, México e Argentina iniciaram seus processos de industrialização após a primeira guerra mundial, esse processo se intensificou na década de 30, depois da crise de 29. Começaram a implantar industrias voltada para o mercado interno, produzindo bens de consumo não-duráveis, os quais eram antes exportados da Europa. Assim, no começo, a industrialização visava substituir as exportações.
A aristocracia agrária era os donos das primeiras fábricas, pois eles tinham acumulado capitais com as exportações de produtos agropecuários e minerais, e passaram a investir na industria, no comercio e no sistema financeiro. Na Argentina os estrangeiros ganharam muito dinheiro exportando carne e trigo, no Brasil surgiram os barões de café. Os latifundiários se tornaram a burguesia.
O estado também foi outro agente importado para o inicio da industrialização, investindo de base e em infra-estrutura: ferrovias, rodovias, portos, etc. Depois da Segunda Guerra Mundial, esse modelo ficou pouco frágil, devido a ausência de capitais, pela inexistência de ramos industriais importante e pela limitação tecnológica. Foi nesse período que os capitais estrangeiros começaram a invadir esses países. As diversas transnacionais viabilizaram a expansão de novos setores industriais, como; industrias automobilista, eletrônicas, químico-farmacêutico, etc. Nos setores tradicionais entraram industrias alimentícias e têxteis, que se juntaram as nacionais, ou em alguns casos incorporando-as.
A industrias tornou-se um setor importante na economia desses países, colaborando com 37% do PNB no Brasil; do PNB no México; 28% do PNB na Argentina.

ANOS DE CRISE E DÍVIDAS
O Brasil, Argentina, e México cresceram bastante e rapidamente nas décadas de 50 e 60. Porém, o crescimento desses países estava apoiado pela poupança estrangeira. Era uma conjuntura de abundancia de dinheiro no mercado financeiro mundial; portanto as taxas de juros eram baixas. Esses países se endividaram nas décadas de 70 e 80; são os maiores devedores em valores absolutos do mundo subdesenvolvido.
Esses três países, entre outro, caíram numa armadilha. Grande parte de suas dividas foram fixadas nesse patamar. O dinheiro foi emprestado podendo os juros oscilarem em função do mercado. E foi isso o que aconteceu, depois de uma elevação provocada pelo choque do petróleo, veio outra elevação das taxas de juros.

Além de não sobrarem recursos para os países subdesenvolvidos, houve uma elevação artificial de suas dividas, que estavam presas as taxas de juros praticadas pelos Estados Unidos.
A parti desse momento, aprofundou-se nesses países, a política de exportação. Foi feito um grande esforço para aumentar suas exportações, levando o preço de seus produtos para baixo.
Paralelamente, os governos mantinham uma política de forte contenção de importações, por isso os parques produtivos nacionais ficaram desatualizados, devido a impossibilidade de comprar máquina e recursos necessários a sua modernização. Para se conseguir saldos na balança comercial que possibilitasse o pagamento dos juros da divida, fizeram: um aperto salarial, desvalorização cambial para tornar os produtos mais competitivos no exterior, altas tarifas de importação, reserva de mercado para determinado setores, etc. A combinação de preços dos produtos em baixa, e taxas de juros em alta, resultou em muitos entrando numa profunda crise econômica.
O que agravou tudo isso, foi que a maior parte da divida foi encontrada por regimes ditatoriais e corruptos, que investiram o dinheiro em projetos sociais duvidosas. A década de 90 foi marcada por tentativa de estabilização econômica, e a implantação do receituário neoliberal.
Com a implantação do real, o Brasil foi o ultimo dos países latino-americanos a lançar um de estabilização econômica bem sucedido. Com esse novo plano a inflação voltou para patamares vigentes da década de 70.
Fernando Henrique Cardoso, eleito em 1994, idealizou o Plano Real quando ocupou o cargo de ministro da economia do governo Itamar Franco, e aprofundou as reformas, visando garantir a estabilidade econômica e a inserção brasileira no processo de globalização dos capitais. Fernando Henrique Cardoso conseguiu reduzir drasticamente a inflação; porém durante o seu primeiro mandato não se empenhou em aprontar reformas (tributarias, administrativa, previdenciária, etc.) que sustentariam a estabilidade econômica. Em janeiro de 1999, o Banco Central teve que desvalorizar o real para estancos para a fuga de capitais, o que provocou uma crise econômica.

ÁFRICA DO SUL E ÍNDIA
A África do Sul e a Índia foram colônias britânicas, e só começaram seus processos de industrialização após a Segunda Guerra Mundial, quando conseguiram a independência política.
A Índia se libertou do domínio britânico em 1947, depois de uma longa campanha sob a liderança de Mahatma Ghandi. Essa campanha foi baseada na “desolação civil” (quando um grupo ou nações passavam a desobedecer uma lei, que julgam ser injusta ou socialmente ultrapassada, com o objetivo de induzir o legislador a muda-la). Depois da independência o Partido do Congresso assumiu o poder, tendo como primeiro-ministro um importante líder indiano, Jawarhald Nehru. Seu governo se estendeu até 1996, gerando conflitos com a minoria mulçumana do país.
Com o rompimento da dependência do Reino Unido, surgiu em 1961 a republica Sul-Africana. O partido Nacional tomou o poder, e ele era controlado minoria branca descendente de holandeses e alemães que migraram para o país desde o século XVII. A parti da independência, foi implantado um regime de segregação social conhecido como apartheid.
A Índia teve, sob o governo nacionalista, uma forte participação do Estado no inicio de seu processo de industrialização. Investiu-se principalmente em setores de base, na industria bélica e em obras de infra-estrutura. Hoje a Índia tem conseguido atrair investimentos estrangeiros, devido a uma política de abertura ao capital estrangeiro, e a privatização. A Índia, apesar de ter um parque industrial bem diversificado, é um país essencialmente rural e agrícola.
A África de Sul teve desde o inicio a participação de capitais estrangeiro em sua economia, predominantemente britânicos e norte-americanos.
Nesses dois países, os capitais nacionais se originaram através de exportações de produtos agrícolas e fósseis, o que ajudou a acumular capitais que foram direcionados para a industrias. Assim, o que atraiu capitais estrangeiros para esses países foi uma grande disponibilidade de matéria-prima, mão-de-obra barata e um mercado interno razoável.
Na África do Sul, apesar do fim do apartheid, os principais consumidores são os brancos (cerca de 14% da população), que possuem um padrão de vida do país desenvolvido. Mesmo com a entrada de Nelson Mandela no poder, o primeiro presidente negro do país, a desigualdade socioeconômica continua. E este é o grande desafio não só da África do Sul, mas de todos os países subdesenvolvidos.

EXERCÍCIO

RESPONDA

1) Quais são alguns dos países que formam o NICs ?





2) Que modelos econômicos implantaram os países latino-americanos?





3) Em que cilada caíram os países latino-americanos?






4) Em que período a África do Sul e Índia começaram seu processo de industrialização? E o que ajudou esse processo?










GABARITO.

1) O grupo dos países recentemente (NICs) industrializado é formado pelo Brasil, México, Argentina, Índia, África do Sul, Coréia do Sul, Cingapura, Taiwan e Hong Kong.
2) Implantaram uma industrialização substutiva de importações de importações. Começaram a implantar indústrias voltadas para abstrair o mercado interno, produzindo bens de consumo que eram implantados da Europa. Assim, eles queriam substituir as exportações.
3) Esses países começaram a tomar emprestado grande quantidade de dinheiro num período em que juros internacionais estavam num baixo patamar, mas a divida não foi fixada nesse patamar. O dinheiro foi emprestado podendo os juros oscilarem em função do mercado. E foi isso que aconteceu após uma elevação provocada pelo choque do petróleo, causando uma elevação das taxas de juros. Isso fez com que o Brasil, México e Argentina se tornassem grandes devedores.
4) O processo de industrialização se iniciou após a Segunda Guerra Mundial, após terem se tornado independente dos britânicos. O que ajudou esse processo foi o fato de esses países serem ricos em matéria-prima, e terem mão-de-obra abundante e muito barata. Com a entrada de capitais estrangeiros e a acumulação de capitais com as exportações de recursos naturais, esses países foram gradativamente se empenhando para o desenvolvimento da industria.

PAÍSES RECENTEMENTE INDUSTRIALIZADOS (II)

OS TIGRES ASIÁTICOS

RESUMO: neste tutorial será mostrado os países denominados “tigres asiáticos”. Como pequenos países, que possuem uma população relativamente pequena, cresceram e continuam se expandindo de uma maneira tão rápida. O que levou os produtos desses países a se espalharem pelo mundo?
Coréia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Cingapura, até a segunda guerra mundial, eles em nada diferiam dos outros países asiáticos. Eram países agrícolas, com boa parte da população vivendo no campo e cultivando principalmente arroz. O futuro para esses países não parecia ser muito promissor, visto que a população era na sua maioria analfabeta, tinha um território reduzido e não possuía nenhuma reserva de recursos minerais ou combustíveis fósseis. No entanto, atualmente esses países possuem as economias mais dinâmicas do mundo. São as economias que apresentaram os maiores índices de crescimento na década de 80, enquanto a América Latina vivia a “década perdida”. Suas economias são as que mais incorporam rapidamente novas tecnologias no processo de produção. E ao meio tempo em que aumentam os índices de produtividade, diminuem os índices de desigualdade sociais. Os tigres asiáticos, assim chamados desde a década de 80, mostram uma forte agressividade na busca de novos mercado no exterior. Em 1965, esses países detinham uma fatia de apenas 1,5% do comércio mundial, mas, em 1986, essa fatia já alcançava 8,5%.
Esses países que hoje formam os tigres asiáticos, desde o expansionismo imperialista do final do século XIX, já sofriam influencia japonesa.

HISTÓRICO: O SURGIMENTO DOS TIGRES
A península da Coréia foi ocupada pelo Japão, juntamente com Taiwan, desde a guerra Sino-japonesa (1894-1895) até o fim da segunda guerra mundial. Hong Kong era um território chinês que foi cedido ao Reino Unido, marcando o fim da guerra do Ópio. Cingapura era u entreposto comercial da Companhia Britânica da Índia Ocidental desde 1824. Mas durante a segunda guerra mundial todos esses territórios já estariam sob ocupação japonesa.
Com o fim da guerra, veio a fase rápida da industrialização, devido a influência da guerra Fria. Esses territórios passaram a fazer parte da aliança norte-americana frente aos soviéticos.
Após a segunda guerra mundial, a península da Coréia foi dividida na altura do paralelo 38°N, formando dois países. A parte norte, recebeu apoio sino-sovietico, com a capital em Pyonyang. A parte sul, com a capital em Seul, passou a receber apoio dos Estados Unidos. Em 1950, essa rivalidade veio a tona, quando tropas da Coréia do Norte invadiram a parte sul da Coréia, dando inicio a guerra da Coréia. Os Estados Unidos interviram para ajudar a Coréia do sul e pôs em pratica a Doutrina Tsumam, esses conflito durou até 1953, quando foi assinado o Armistício de Panmuyon.
Taiwan, com a capital em Taipe, surgiu depois da Revolução Chinesa, com a fuga dos nacionalistas para essa ilha.
Com a guerra Fria, Taiwan forma um conflito com Pequim, e sua historia é marcada com a duplicidade da política norte-americana com os dois países. Aliás, até a década de 70, Taiwan tinha um lugar na ONU. Durante o governo Pixon, a China foi reconhecida pelos Estados Unidos e, portanto pela a ONU. Assim, em 1971, a china foi admitida na ONU como membro permanente do conselho de segurança, e ao mesmo tempo Taiwan foi expulsa da organização por exigência chinesa. Isso ocorreu porque os Estados Unidos tinha interesse em se aproximar da china comunista, depois que esta rompeu a sua ligação com os soviéticos. Em 1979, os Estados Unidos rompeu relação com Taiwan.
Hong Kong, foi devolvida a China em 1997, num acordo firmado em 1984, com a manutenção do capitalismo por 50 anos.
A lha de Cingapura se integrou a Federação da Malaísia, e se tornou independente em 1965, constituindo a republica de Cingapura.

O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO
A combinação de uma serie de fatores de natureza econômica, social, política e cultural explicam o que levou esses países emergirem em tão pouco tempo como importantes países industriais, apesar de tantos problemas.
Os tigre Asiáticos constituíram, depois da segunda guerra mundial, regimes políticos fortes.
O estado teve um papel importante sob esses governos ditatoriais, no sentido de estimular a industrialização, concedendo subsídios às exportações, mantendo uma política de desvalorização cambial, tomando medidas protecionistas contra os concorrentes estrangeiros, impondo restrições ao funcionamento dos sindicatos, fornecendo grandes investimentos para a eslucação e controle das importações, além de fazer grandes investimentos em infra-estrutura.
Com o alto nível de poupança interna, junto com empréstimos controlados em bancos no exterior, mais a ajuda financeira dos Estados Unidos possibilitaram a arrancada industrial. Seus produtos tornam-se baratos devido: a mão-de-obra muito barata, mas qualificada e produtiva, devido ao bom nível educacional; os subsidies as exportações e o controle da política cambial. Isso garantiu, e garante, aos tigres asiáticos grandes competitividade no mercado mundial, que, por sua vez, eleva os saldos comerciais e são reinvestido para se conseguir maiores capacitação tecnológica.
Os tigres seguiram os passos de seu vizinho bem sucedido, o Japão. Além do mais, se beneficiaram de uma conjuntura mundial liberal, dispondo de amplos mercados para colocar seus produtos. Tornaram-se verdadeiras maquinas de exportação.
Mais recentemente, a elevação da renda por capital e a elevação salarial, que são resultados do aumento de produtividade da economia como um todo, ocasionaram uma expansão do mercado interno, e ajudou esses países a aprimorarem suas industrias.



Os Tigres têm investido em novos ramos industriais, mais avançados tecnologicamente, e transferindo seus setores tradicionais para outras regiões ou países que possuem um custo menor. Junto com os investimentos japoneses, empresários dos Tigres, tem construído filiais na Tailândia, Malaísia e Indonésia, que com população numerosas, cresceram rapidamente até meados dos anos 90. Por isso, esses países são conhecidos como os “novos tigres”.



Mas apesar dos pontos em comum, há grandes diferenças entre esses países, principalmente quanto à estrutura industrial.
A economia da Coréia do sul é controlada por grandes conglomerados e automóveis. Os chaebols sul-coreanos cada vez mais espalham seus produtos pelo mundo. Com a crise asiática, porém, muitos desses conglomerados tiveram problemas devido ao alto grau de endividamento.
Taiwan possui uma economia controlada por uma variedade de empresas de medico e pequeno portes, que atuam especializadamente em um ou dois setores na economia. Isso permite as empresas maior agilidade e flexibilidade para se adaptarem as inovações tecnológicas.
Em Cingapura se consolida um enorme entreposto de comercio e grandes navais, petroquímicas, eletrônicas, maquinas e equipamentos.
Desde 1997, esses países junto com os “novos tigres” passam por uma crise econômica, nas Cingapura e Taiwan, fora os que menos sofreram devido ao baixo grau de endividamento de suas empresa e o controle de suas contas públicas.
Hong Kong, após a sua reincorporarão a china na forma de região administrativa especial, sofreu os efeitos da crise. Em fins de 1997, houve uma queda repentina no valor das ações de sua bolsa de valores, agravando ainda mais a crise.
Mesmo a crise não conseguir parar esses países, que cada vez mais enchem o mercado com produtos sofisticados. Agora a fama de produzir produtos de baixa qualidade ou bugigangas ficou para os “novos tigres” e, principalmente, para as zonas especiais da China.
Atualmente, os tigres continuam vendendo seus produtos a um preço bem razoável devido à desvalorização de suas moedas. Quando a crise financeira for superada, poderão retornar ao rápido crescimento econômico.

EXERCÍCIO

Responda.

1) Quais os países que formam o grupo dos Tigres Asiáticos, e porque recebem esse nome?




2) Cite alguns fatores que favorecem a industrialização dos Tigres?






3) Como esses países atuam no comércio mundial?






GABARITO

1) Coréia do Sul, Cingapura, Taiwan, Hong Kong, Tailândia, Malásia e Indonésia. Recebem esse nome devido a forte agressividade na busca de novos mercados no exterior e seu rápido crescimento.
2) O incentivo do Estado para estimular a industrialização; alto nível de poupança interna; ajuda financeira dos Estados Unidos; mão-de-obra barata e relativamente qualificada e produtiva; subsídios às exportações e o controle da política cambial.
3) Esses países procuram sempre inovar e sofisticar seus produtos, mas a um baixo custo para que se possa espalhar pelo mundo, com isso muitas empresas e conglomerados crescem na Ásia. Passaram a investir nas industrias, deixando o título de exportador de bugigangas para a china. Esses países atuam em qualquer setor econômico principalmente, o eletrônico e a robótica.

O BRASIL E SEU PROCESSO INDUSTRIAL

Resumo: neste capítulo será explicado como o Brasil passou a aumentar seu parque industrial, e quais foram às conseqüências para a população. Como a crise do café e o governo de Vargas contribuíram para a criação de indústrias?
Atualmente o Brasil faz parte de um país considerado industrializados. Apesar de terem conseguido alcançar certas metas no crescimento econômico, não são boas as condições oferecidas a sua população. Grande parte da população desses países continuam excluídas da participação da renda conseguida através do crescimento econômico.
O crescimento desses países não ocorreu de forma espontânea. A intervenção do estado foi responsável pela base estrutural dos setores de energia e transportes, pela legislação trabalhista, pelas políticas fiscal e cambial e pela produção direta, através de empresas estatais. Tomadas um conjunto essas medidas tornaram-se a base para entrada de economia dos países subdesenvolvidos.
O novo estágio de desenvolvimento nos setores de transportes, comunicação e informação acabaram unindo locais isolados e permitindo o surgimento de uma industria global. Criou-se uma mundialização não só de mercado, mas também de produção. O que não se produz numa certa região, é buscado fora dela. Isso, também requer, uma ampliação do mercado, que de regional passa para nacional ou mundial.

O INÍCIO DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
No mercado colonial, existia no Brasil uma ocupação de exploração territorial, onde prevalecia a monocultura de produtos para exportação, que era realizada com a utilização de mão-de-obra escrava. Nessa época, a maior parte ou quase todo, dos lucros era enviados para os cofres de Portugal, que procurava garantir sua fonte de renda nas Américas.
Na segunda metade do século XVIII, houve a passagem do capitalismo comercial para o industrial, mas isso em nada mudou nas economias do Brasil e Portugal. Nesse período qualquer tentativa de implantar indústrias no país, era impedida pela metrópole.
A Coroa de Portugal tentara impedir o surgimento de uma elite econômica que reivindicasse a independência e, ainda, garantir que somente Portugal vendesse produtos britânicos na colônia; garantindo elevados lucros.
Com a chegada da família real, em 1808, a política de restrições a industrialização foi revogada, mas a concorrência com os produtos britânicos continuou sendo um empecilho para o crescimento da industria brasileira. Foi somente em 1844, com a Tarifa Alves Branco e a criação de taxas médias de importação de 44%, que aconteceu o primeiro surto industrial no país. Mas, foi somente a parti da primeira guerra mundial que o país passou por um significativo processo de desenvolvimento industrial.
O setor terciário apontava índices de crescimento econômico superior aos verificados nos setores primário e secundário. É no setor terciário que circula toda a produção dos outros dois setores. Mas, com a quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, em 1929, houve a crise do café, aqui no Brasil. A parti de então, o setor secundário passou a apresentar índices de crescimento superiores aos do setor primário.



CRISE DO CAFÉ E SUA INFLUÊNCIA NA INDUSTRIALIZAÇÃO
Com a crise de 1929, e a conseqüente diversificação da população agrícola, terminou o ultimo ciclo monocultor. A economia mundial entrou em sério aperto, que levou ao fim do ciclo do café na região do Sudeste e trouxe crises na exportação de cana-de-açúcar, cacau, tabaco e algodão na região Nordeste. Essa queda repentina na produção se explicava pelas dificuldades de exportação.
Da mesma forma que estava difícil exportar, estavam sendo prejudicadas as importações de bens de consumo duráveis e não-duráveis.
O ciclo do café deixou como herança uma infra-estrutura básica para a implantação da atividade industrial. Os barões do café eram os detentores de uma enorme quantia de capital aplicado no sistema financeiro, assim, os bancos funcionaram como agentes financiadores da instalação de novas industrias no Brasil, repassando o dinheiro depositado pelos barões aos empreendedores industriais. Existia também, grande disponibilidade de mão-de-obra, que foi liberada dos plantios de café, e boa produção de energia elétrica. Havia, também, um dos fatores mais importantes, o mercado estrangeiro caiu.
Com todos esses fatores, começou a surgir à industrialização, principalmente em São Paulo, depois nos estados do Rio Grande do Sul e Minas Gerais.
A maior parte das industrias implantadas era de bens de consumo, com destaque para os de bens não-duráveis, como as alimentícias e têxteis. O governo comandava uma política de substituição, visando um superávit cada vez maior na balança comercial.

GOVERNO GETÚLIO VARGAS
De 1930 a 1956, a industrialização no Brasil se caracterizou por explícita intervenção estatal.
Na revolução de 1930, foi empossado Getúlio Vargas como presidente, assumindo o poder durante a crise econômica mundial de 1929. Com a crise, o pensamento capitalista de que o mercado deveria agir livremente para promover um maior desenvolvimento e crescimento econômico, foi mudado para o pensamento de que o estado poderia diretamente na economia, evitando novos sobressaltos.
Essa prática de intervencionismo estatal na economia é conhecida por keynesianismo.
Em 1934, Getúlio Vargas promulgou uma nova constituição, que beneficiavam o trabalhador, destacando-se a criação do salário mínimo, as férias remuneradas e o descanso semanal remunerados. Vargas, com o apoio das elites agrárias e industriais, conseguiu aprovar uma nova Constituição em 1937, que o manteve no poder como ditador até o fim da Segunda Guerra Mundial.
Esse período na produção industrial, devido a falta de oposição eficiente e a manipulação das notícias através da forte censura aos meios de comunicação. Essa intervenção estatal ocorreu no setor de base da economia. E graças a essa intervenção, houve um grande crescimento da produção industrial.
Durante a segunda guerra mundial, as industrias dos setores de metalurgia, borracha, transportes e minério não-metálicos conseguiram grandes índices de crescimento, pois produziam os principais produtos que o Brasil enviava as tropas aliadas no conflito.
Após a disposição de Vargas, em 1946, assumiu a presidência o General Eurico Gaspar Dutra, que instituiu o Plano Salte, dirigindo investimentos aos setores de Saúde, alimentação, transportes, energia e educação.
O saldo positivo na balança comercial, obtido durante a Segunda Guerra Mundial, foi queimado no decorrer do governo Dutra, com a importação de máquinas e equipamento para a industria mecânicas e têxteis, havendo o requipamento do sistema de transportes.
Em 1950, Vargas voltou ao poder, mas dessa vez eleito pelo povo. Passou a enfrentar novos empecilhos para o crescimento econômico: deficiências nos sistemas de transportes, comunicação, produção de energia, petróleo. Mas, apoiado por um movimento nacionalista popular, Getulio criou a Petrobrás, a Eletrobrás e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, inaugurados em 1953.

EXERCÍCIO

1) O Brasil faz parte de um grupo de países considerados industrializados. Mas em que isso mudou para a maior parte da população?




2) No período colonial, o que impedia o Brasil de se industrializar?




3) Como a crise de 29 afetou a economia brasileira?






Gabarito

1) O país atingiu um patamar significativo de crescimento econômico, mas a maior parte da renda continua em visões de poucos, as condições do subdesenvolvimento continuam castigando a população. A maior parte da população fica excluída dos benefícios do crescimento econômicos.

2) Nessa época o território era explorado, com uma ocupação assentada na monocultura de produtos tropicais para exportação. A maior parte da renda ficava nas mãos das metrópoles portuguesas. Além do mais, a Coroa portuguesa não permitiu a criação de industrias. A população era praticamente obrigada a comprar produtos britânicos.
3) Com a crise de 29, terminou o ultimo ciclo monocultor de exportação. Com o fim do ciclo do café, foi implantada toda a infra-estrutura necessária ao impulso da atividade industrial. O dinheiro depositado pelos barões do café foi apenas repassada pelos bancos financeiros a nova industria do Brasil. Também, havia disponíveis os trabalhadores liberados dos cafezais, além de sua boa produção de energia. Visto que a crise também afetou as importações, as industrias nacionais ganharam mercado consumidor. Todos esses fatores contribuíram para o crescimento econômico e industrial do país.


O BRASIL E SEU PROCESSO INDUSTRIAL (2ªparte)
Resumo: nesse capítulo, será mostrado como o processo industrial brasileiro foi afetado pelos homens que estiveram no poder. Alguns aumentaram a dívida externa, mas, que benefícios trouxeram ao Brasil?
Pré-requisitos: ter lido as lições anteriores.

O GOVERNO JUSCELINO KUBITSCHEK
No governo de JK, houve um grande crescimento econômico em conseqüência do Plano de Metas. Esse plano visava fornecer investimentos estatais em diversos setores da economia: agricultura, saúde, educação, energia, transportes, mineração e construção civil. Influenciado por uma ideologia desenvolvimentista, o governo divulgava o objetivo de o país crescer 50 anos em 5. Nessa época a capital federal foi transferida para Brasília.
Nesse Plano de Metas, 73% dos investimentos se dirigiram aos setores de energia e transportes. Isso trouxe uma melhora na produção de hidroeletricidade e carvão mineral, reaparelhamento e construção de ferrovias e pavimentação e construção de rodovias. Paralelamente, o Brasil conseguiu atrair investimentos estrangeiros, que foram responsáveis pelo grande crescimento da produção industrial nos setores automobilístico, químico-farmacêutico e de eletrodomésticos. Graças a essa melhora, o parque industrial brasileiro conseguiu continuar com uma significativa produção de importações.
Mas nem tudo foi vantagem nesse Plano de Metas, pois o Brasil também ganhou, aumento da inflação e dívida externa, como conseqüência da construção de Brasília e o afastamento do capital federal do centro econômico e populacional do país e pala efetiva implantação do rodoviarismo, um sistema de transportes não-recomendavel ao Brasil, que possuiu uma grande dimensão territorial.
A política desse Plano também gerou desigualdades regionais, pois o parque industrial se concentrou na região Sudeste. Com isso mais pessoas migraram nos centros urbanos, principalmente para cidade de São Paulo e Rio de Janeiro, que passou a necessitar de uma melhora na infra-estrutura, mas não foi atendida.
Com a concentração industrial no Sudeste, o governo federal passou a criar uma política para o desenvolvimento das demais regiões. Em 1959, foi criada a Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste) e, logo depois, a Sudam, Sudeco, Sudesul, etc.


JOÃO GOULART NO PODER (1961-1964)

Com a renúncia do presidente recém-empossado, Jânio Guadros, o Brasil passou por uma grande política. Essa crise ficou mais grave com os problemas econômicos deixados por JK, como a divída externa e a inflação.
A posse de João Goulart, em 25 de setembro de 1961, ocorreu após a instauração do parlamentarismo, que esvaziou os poderes do presidente. Essa política foi gerada pelos militares e pelos partidos dos conservadores.
As propostas do Plano Trienal eram as reformas de base. Propunha-se uma reforma nos sistemas tributários, bancário e eleitoral, a regulamentação dos investimentos estrangeiros, além de investimentos grandes na educação e saúde e da reforma agrária. Mas os conservadores e os militares não gostaram dessa proposta, e a tacharam de comunista. Isso criou as condições necessárias para o golpe militar ocorrido em 31 de março de 1964.
O que estava em jogo era o papel que cabia ao estado, investir no setor político ou privado. As forças conservadoras optaram em investir no setor privado, e essa opção, como percebemos, só melhorou a vida de poucos.

A DITADURA MILITAR
O período da ditadura durou de 1964 a 1985. Durante se iniciou esse regime militar, o país possuía a 43º PIB de mundo e uma divida externa de 3,7 bilhões de dólares. Já no fim desse período, em 1985, o país era o 8º PIB do planeta, mas possuía uma divida externa de 95 bilhões dólares. A qualidade de vida das pessoas piorou em vez de melhorar. O parque industrial havia crescido e a infra-estrutura nos setores de energia, transportes e comunicações havia se modernizado. Porém, a política econômica esteve voltada ao crescimento do PIB e a obtenção de um maior superávit no saldo da balança comercial.
A economia do Brasil, no período chamado de “milagre econômico”, se desenvolveu bastante e em um ritmo acelerado.
Esse movimento foi garantido por obras gigantescas, de necessidade e rentabilidade questionáveis, como a rodovia Transamazônica e perimetal, a ponte Rio-Niterói e projetos minerais. O que garantir esses investimentos foi à busca de recursos no exterior, o que aumentou ainda a divida externa do país.
Os lucros dos empresários aumentaram através da diminuição dos salários dos trabalhadores. A retórica do ministro Delfim Netto, ficou famosa: “É necessário fazer o bolo (ou economia) crescer para depois reparti-lo”. Essa repartição do bolo nunca aconteceu, mas o bolo cresceu.

Outro peso colocado na balança econômica no período militar foi os investimentos externos. O capital estrangeiro entrou em vários setores, principalmente para a extração de minerais metálicos, expansão das fronteiras agrícolas, fabricação de bens intermediários.
No final da década de 70, o país teve que arcar com os juros da divida externa e ver uma repentina redução na entrada de investimentos externos. Nesse período, os Estados Unidos promoveu uma elevação das taxas se juros no mercado internacional, e isso provocaram uma redução do volume de dinheiro que entrava nos países subdesenvolvidos.
O Brasil passou a voltar sua produção para a exportação, com o objetivo de aumentar o saldo positivo da balança comercial. Mas, para isso, o governo tomou medidas para tomar os produtos competitivos com os do exterior.
Essas medidas não foram muitos bons para o mercado interno: um produto exportado passou a pagar menos impostos que um similar vendido no mercado interno, acordo salarial, despreocupação total com o meio ambiente, desvalorização cambial, combate a inflação através da diminuição do poder aquisitivo. Isso facilitou a saída dos produtos para o mercado externo, mas apertou o mercado interno, que viu seu poder de comprar cair. Assim a economia crescia, mas o povo empobrecia.
Também, com o intuito de aumentar o superávit na balança comercial, o governo impôs pesados encargos as importações. Isso provocou um sucateamento do parque industrial brasileiro, com o tempo foi provocando a perda da compatibilidade no mercado internacional.
Com a crise do petróleo em 1979, as taxas de juros atingiram 14% ao ano, em 1982.
A partir daí, a economia brasileira passou por um período de recessão que castigou o país durante a década de 80 e 90.
Outra medida tomada pelo governo foi estatizar as empresas que estavam falindo. O estado brasileiro adquiriu empresas em quase todos os setores da economia.
Aumentar a produção econômica e o objetivo de qualquer governo, a questão é como atingi-lo. Os sacrifícios impostos a população criaram um contingente de mão-de-obra desqualificada e miserável, até hoje ignorada pelo governo.
Apesar do que foi exposto, durante o período da ditadura militar, o processo de industrialização nos índices de mortalidades e natalidade. Durante o período do poderio militar a população passou a viver mais, o que não é a mesma coisa de viver melhor.

EXERCÍCIO

Responda.
1) Como o governo de Juscelino influenciou na economia brasileira?





2) No governo de João Goulart o que deu condições para o golpe militar?




3) Durante o período da ditadura militar o PIB cresceu, mas como ficou o povo?






GABARITO

1) Esse governo implantou o Plano de Metas, que previa um maciço investimento em vários setores da economia. Queria crescer 50 anos em 5. Esse programa foi acompanhado por um aumento da inflação e da divida externa. Além de haver uma concentração industrial na região Sudeste.
2) Foram as propostas do Plano Trienal, que visavam as reformas de base. Reformas nos sistemas tributários, bancário e eleitoral, além de investimentos naciços na educação e saúde e da reforma agrária. Isso foi tachado de comunista pelos conservadores.
3) A qualidade de vida da população pisou bastante. A política econômica esteve voltada apenas para o crescimento do PIB e um maior saldo positivo na balança comercial, não importando quem perderia. O Brasil passou a exportar mais, e a dificultar a importação e o mercado interno. Com isso a população tendo um baixo salário, viu a cada dia seu poder de comprar despencar.


O BRASIL E SEU PROCESSO INDUSTRIAL (3° parte)

Resumo: neste capítulo, será explicado como o Brasil mudou a sua política econômica em anos recentes, e como isso influenciou a sua economia e seu mercado. Também, como o desenvolvimento industrial se espalhou no território brasileiro.
Pré-requisitos: ter visto as lições anteriores.

O BRASIL EM ANOS RECENTES
Em nosso país, a partir de 1985, houve o inicio de um processo de democratização do sistema político, e uma conseqüente pratica de privatização de empresas estatais, combate aos monopólios da União, brusca diminuição aos impostos de importação de bens de consumo e de produção, com estabelecimento de rotas de importação e tarifas diferenciadas por setores.
Por razões ideológicas, a extensão do programa de privatização se esbarra em pontos de estrangulamento. Enquanto alguns partidos acham que setores considerados estratégicos devem ser administrados pelo estado, outros acreditam que todo o setor produtivo deve ser administrado pela iniciativa privada, tendo o governo apenas a responsabilidade de administrar os serviços públicos.
A abertura do mercado brasileiro, através da relação dos impostos de importação, facilitou a entrada de maquinas e equipamentos industriais de ultima geração, modernizando o parque industrial e aumentando a capacidade de competição no mercado internacional, mas por outro lado, provocou o aumento de desemprego estrutural*. Com a entrada de produtos importados de países, como a China, nos setores de calçados, têxteis e brinquedos, tem causado a falência de industrias nacionais e conseqüente elevação do desemprego.
* Quando é mencionado desemprego estrutural se refere ao desemprego causado pela substituição do homem, pela maquina. O desemprego causado pela introdução de novas tecnologias ao processo produtivo, além de outras praticas que visam reduzir lucros. Diferente do desemprego conjuntural, que é provocado por crise econômica, o estrutural pode surgir em uma fase de crescimento econômico.
A industria automobilística, com o processo de abertura a entrada de veículos importados, passou por vária reformulação, que beneficiaram o restrito mercado interno de consumo. Apesar de ter havido grande redução no mínimo de trabalhadores por unidade de fabricas, verifica-se também aumento do numero de plantas industriais, com a entrada de novas fabricas no país.

SUA ESTRUTURA INDUSTRIAL
Com uma política de impostos, que durou até a década de 70, a industria brasileira contava apenas com a instalação de industrias de bens de consumo não-duráveis e o predomínio de investimentos privado nacional até o fim da Segunda Guerra Mundial.
A partir de 1942, houve o inicio de investimentos estatais em industrias de base e nos setores de infra-estrutura. Já no governo de JK, com o seu Plano de Metas, instalaram-se no país filiais de industrias intermediarias e de bens de consumo duráveis, dominados por empresa transnacionais.
Com a associação de capitais privados nacionais e estrangeiros com investimentos estatais levaram a formação de um parque industrial completo nos setores de bens de consumo e de produção. Contudo, ainda é necessário importar maquinas, equipamentos e produtos siderúrgicos espaciais que não são fabricados no país. Mesmo assim, ainda o maior volume de importação é de bens de consumo.

DISTRIBUIÇÃO DA INDUSTRIA BRASILEIRA
Até a década de 30, a organização espacial das atividades econômicas era, a região sudeste, onde se desenvolvia o ciclo do café, quase não interferia ou sofria interferência das atividades econômicas que se desenvolviam no Nordeste ou no Sul. As industrias de bens de consumo, a maioria ligada aos setores alimentícios e têxteis, escoavam a maior parte da produção apenas em escala regional.
Após a crise do café e o inicio da industrialização, esse retrato mudou. O setor cafeeiro deslocou investimentos para o setor industrial, instalando uma industria moderna para a época, principalmente em São Paulo. Sob o governo de Getulio Vargas, foi construído um sistema de transporte que ligava as industrias de diversas regiões. Isso possibilitou uma invasão de produtos industriais do Sudeste nas demais regiões, levando muitas empresas a fabricas. Muita industria, principalmente nordestinas, não tinham capacidade financeira para competir economicamente com os antigos barões do café. Assim, iniciou-se o processo de integração dos mercados regionais se concentraram na região Sudeste, devido a dois fatores básicos:
A complementaridade industrial: ex. as industrias de autopeças tendem a se localizar próximo as automobilísticas, as petroquímicas, próximo as refinarias; a concentração de investimentos públicos nos setores de infra-estrutura industrial: pressionados pelos detentores do poder econômico, os governantes costumam atender as suas reivindicações. E é mais barato para o governo concentrar investimentos em determinada região do que espalha-los pelo território nacional.
Essa concentração industrial das atividades econômicas continuou até o fim da década de 70, quando começaram a ser inaugurados as primeiras grandes usinas hidrelétricas na região Nordeste. Depois que o governo passou a atender pelo menos parte das necessidades de infra-estrutura das regiões historicamente marginalizadas, começou a haver um processo de maior dispersão do parque industrial pelo território, não só em escala nacional, como também regional.
Atualmente, segue-se a tendência de descentralização, as industrias se deslocam em direção ao exterior, que apresentam índices de crescimentos econômicos superiores aos da Grande São Paulo. Isso é possível devido ao desenvolvimento e a modernização da infra-estrutura de produção de energia, de transportes, de comunicação e de informatização. As regiões tendem, a se especializar em uns poucos setores da atividade econômica e a buscar, as mercadorias que satisfaçam as necessidades diárias da população em outros mercados.



A EXTRAÇÃO DE MINERAIS METÁLICOS

No Brasil, a Companhia Vale do Rio Doce, controla a extração de minerais metálicos. Para explorar uma província mineral de forma autônoma, as empresas dependem de uma autorização especial, que é fornecida pelo Ministério das Minas e Energia.
No Brasil, como também nos outros países subdesenvolvidos, há uma grande participação de capital estrangeiro nesse setor. Mas o interesse dessas empresas estrangeiras é controlar a produção mineral do planeta e assegurar o fornecimento de matéria-prima as suas industrias, garantindo o preço em níveis baixos. Caso aja algum aumento no valor de algum minério, as empresas multinacionais aumentam a sua produção garantindo novamente os preços baixos. Há situações que a exportação de minérios, vem mesmo chegar a cobrir as despesas as explorações mineral.

As principais áreas de extração brasileiras são:
- Quadrilátero Ferrífero: localiza-se no centro-sul de Minas Gerais, e é responsável pela maior produção brasileira de minérios de ferro e manganês. Ao seu redor encontram-se diversas industrias siderúrgicas, responsáveis pela produção de aço. Para o escoamento de minério há dois canais. Um é atraveis da estrada de ferro Vitória Minas, que liga o vale do rio Doce aos portos de vitórias e tubarão. O outro é a Estrada de Ferro Central do Brasil, que liga o vale do rio Paraopeba ao porto de Sepetiba. De ambos os portos, o minério abasteceu tanto o mercado externo, como a Campanha Siderúrgica Paulista.
- Projeto Trombetas: esse projeto se localiza no estado do Pará, no vale do rio Trombetas. Esse projeto surgiu com a criação da Mineração Rio do Norte, em consórcio de empresas da qual participam a CRVD, com 56% das ações; a Alcan (Canadá), com 24%; a anglo-holandesa Shell, com 10%; e a Companhia brasileira de Alumínio, com 10% das ações. Com a extração mineral em Trombetas e a industrialização de minério em Cargas passou de importador de alumínio.
- Projeto Cargas: na serra do Carajás, localizada no Sudeste, foi encontrada, no final da década de 60, uma grande concentração mineral do planeta, com ferro, manganês, bauxita, estanho, ouro, cobre e níquel. Em 1970, foi criado em consorcio entre a CVRD e a CMM, uma empresa norte-americana. Mas, em 1977, devido aos baixos preços alcançados pelo minério no mercado internacional, a CMM retirou-se do consorcio. Então, o Estado brasileiro arcou com as despesas da implantação da infra-estrutura necessária a extração e a escoação do minério. Para isso, foram construídas as usinas hidrelétricas do Tucuruí, também a estrada de Ferro Carajás (890km), e foi ampliado o porto de Itaqui, para receber grandes cargueiros. Apesar de terem previsto desenvolvimento econômico nossa região, não foi isso o que aconteceu na pratica. O volume de capital que entrou no país, não compensou o Estado pelos investimentos feitos em infra-estrutura.
- Maciço de Urucum: localiza-se no meio do pantanal mato-grossense, tendo uma modesta produção de ferro e manganês, que é escoada por barco, através do rio Paraguai.





EXERCÍCIO

1) Cite uma das conseqüências da diminuição dos impostos de importação.




2) Que fatores básicos contribuíram para o crescimento industrial no Sudeste?




3) No Brasil, também está ocorrendo uma descentralização industrial? Porque?






GABARITO

1) Tem causado uma enxurrada de produtos de bens de consumo, importados, no mercado brasileiro. Já os produtos brasileiros não conseguem ganhar mercado com esses produtos importados, pois eles tendem a ser mais baratos, e são abundantes. Com isso, muitas indústrias tem ido a falência, como é o caso na região sul do país, aonde varias industrias de calçados fecharam.
2) Um fator é a complementaridade industrial, as industrias tendem a ser localizar próximas a seus fornecedores. Outro fator foi a concentração de investimentos públicos no setor de infra-estrutura industrial.
3) Sim. Muitas indústrias têm deixado as capitais e estão indo para as cidades média do interior. Isso é devido ao desenvolvimento da infra-estrutura de produção de energia, de transportes, de informatização e comunicação, criando condições de especialização produtiva através da integração regional.

POPULAÇÃO BRASILEIRA
População brasileira: estrutura, dinâmica, composição étnica e distribuição geográfica

Introdução
Estrutura da população brasileira
A população distribuída no Brasil
Estrutura por idade, sexo e renda
A estrutura por idade mostra o percentual de jovens, de adultos e idosos e a estrutura por sexo remete a respeito da distribuição da população com percentual de homens e mulheres.
A estrutura da população é representada em forma de pirâmide classificada em base larga da pirâmide, corpo afunilado da pirâmide e o ápice da pirâmide. A base larga da pirâmide corresponde ao número de jovens de um país, são considerados jovens os indivíduos com faixa etária entre 0 e 19 anos, representando aproximadamente 40% da população brasileira, o corpo afunilado da pirâmide corresponde às pessoas com faixa etária entre 20 e 59 anos, representando cerca de 51% da população e o ápice da pirâmide corresponde às pessoas com idade superior a 59 anos, perfazendo 9% da população.
Nas últimas décadas houve uma mudança na estrutura etária brasileira, que foram decorrentes a fatores como queda das taxas de mortalidade e de natalidade e elevação de expectativa de vida, provocando automaticamente um acréscimo no crescimento natural/vegetativo.
A população brasileira está estruturada de acordo com os setores de atividades econômicas, ou seja, onde o brasileiro está ganhando seu sustento. Hoje, cerca de 50% das pessoas compõe o PEA (População economicamente ativa), o PEA representa as pessoas que trabalham ou estão à procura de trabalho, e 32% forma a população inativa, pessoas que não estudam, não trabalham e não estão a procura, ou não possuem idade compatível.
A população está dividida segundo seus rendimentos ou renda, nesse contexto, verifica-se um alto grau de desigualdade, provocada pela concentração da renda, própria de países capitalistas, que é caracterizada pela concentração de riqueza nas mãos de poucos, enquanto a maioria vive em condições extremamente excludentes.
A concentração da renda agrava as desigualdades sociais. No Brasil a parcela da população considerada rica corresponde a 18 milhões de pessoas, enquanto isso como vive os outros 170 milhões de brasileiros?

Fonte: Eduardo de Freitas - Graduado em Geografia - Equipe Brasil Escola



A POPULAÇÃO BRASILEIRA
Resumo: neste capítulo será mostrado como está formada a população do Brasil. Que imigrantes vieram para o país e quais dificuldades enfrentaram? E como contribuiu para a formação de nossa população.

Como está formada nossa população
Antes da colonização do atual território brasileiro era, segundo estimativas, de dois a cinco milhões de índios.
Desde 1500 até os dias atuais, os índios sofreram intensos genocídios e etnocídio. Em 1999, a população indígena era de aproximadamente 300 mil indivíduos, concentrados nas regiões Norte e Centro-Oeste.
Os restantes 99,8% da população brasileira resultam da imigração forçada de povos africanos e da imigração livre de europeus, americanos e asiáticos, que povoaram o território, cresceram, se miscigenaram.
Quanto as cores ou raças que compõem a população brasileira, 55,24% são brancos e 5,97% são negros. Esses percentuais vem diminuindo rapidamente enquanto o número de pardos tem aumentado.



Os imigrantes entram no Brasil
A imigração para o Brasil iniciou-se em 1530, o país se encontrava na fase pré-colonial. Os portugueses que vinham para cá estavam interessados apenas na extração de recursos naturais em nosso território para comercializa-los na Europa.Houve a fixação de portugueses e escravos negros no país, sobretudo no litoral dos atuais estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Pernambuco.
Com a abertura dos portos, em 1808, foi permitida a entrada de imigrantes livres europeus de outras nacionalidades, pois até então apenas os portugueses podiam se fixar no Brasil.
Com a proibição do trafico negreiro, maior desenvolvimento das atividades cafeeiras e urbano-industriais e facilidade de acesso a posse de terra na região Sul. O Brasil se tornou um território para os imigrantes europeus. Vale destacar que os Estados Unidos e a Argentina receberam mais imigrantes que o Brasil, por oferecerem maiores possibilidades de ascensão social aos colonos.
De 1850 a 1930, observou-se uma enorme entrada de imigrantes no país para suprir as necessidades de mão-de-obra nas lavouras cafeeiras, nos centros urbanos-industriais e no processo de povoamento da região Sul.
Com a grise mundial de 1929, as regiões do país de economia agrário-exportadora entraram em colapso. A principal crise foi a do café. A região de Ilhéus passou pela crise do cacau e o restante da Zona da Mata nordestina sofreu com a brusca queda na exportação de açúcar. A região Sul, que passou por uma colonização de povoamento, tinha sua economia voltada para o mercado interno e sofreu menos com essa crise.

Em 1934, observando esse excedente interno de mão-de-obra, o governo Getúlio Vargas criou a lei de Cotas de imigração e passou a controlar a entrada de estrangeiros no país, para evitar que o índice de desemprego aumentasse a instabilidade dos últimos 50 anos, segundo a nacionalidade. Essa lei não foi aplicada aos portugueses, cuja entrada permaneceu livre.
A lei de Cotas apenas restringia a entrada de imigrantes. A restrição, não era somente numérica, mas também ideológica. Se o imigrante demonstrasse tendência anarco-sindicalista, por exemplo, era impedido de entrar no país. Além disso, 80% dos imigrantes aceitos eram obrigados a trabalhar na zona rural.
Durante o mandato democrático de Getúlio Vargas e no governo de Juscelino Kubitschek, ocorreu maciça entrada de investimentos produtivos estatais e estrangeiros, que ampliaram o volume de empregos nos setores secundários e terciários.
De 1980 a 1994, aproximadamente, a imigração superou numericamente a imigração em função da instabilidade política, do desemprego e dos baixos salários; de 1994 a fevereiro de 1999, estima-se que houve equilíbrio entre a entrada e a saída de pessoas.

As principais correntes imigratórias para o Brasil
Segundo as estimativas, calcula-se que ingressaram no país pelo menos quatro milhões de negros de 1550 a 1850, a maioria provenientes de Angola, ilha de São Tomé e Costa do Marfim.
Dentro as correntes imigratórias a mais importante foi a portuguesa. Esses imigrantes espalharam-se por todo o território nacional. Com a conseqüente melhoraria das condições de vida nesse país, ele se tornou área de atração de imigrantes brasileiros.
Segunda maior corrente de imigrantes livres foi a italiana. Em terceiro lugar, apareceram os espanhóis e, em quarto, os alemães. A partir de 1850. a expansão dos cafezais pelo Sudeste e a necessidade de efetiva colonização da região Sul levaram o governo brasileiro a criar medidas de incentivo a vinda de imigrantes europeus para substituir a mão-de-obra escrava.
Embora atraente, a propaganda governamental escondia uma realidade perversa: ao fim de um ano de trabalho duro nas lavouras de café, quando o imigrante deveria receber seu pagamento, era informado de que seu salário não era suficiente sequer para pagar as despesas de transporte mais dos alimentos consumidos ao longo do ano. Era a escravidão por divida, comum até hoje em vários estados do Brasil.
Outra grande área de atração de imigrantes europeus, com destaque para portugueses, italianos e alemães, foi o sul do país. Nessa região, os imigrantes ganhavam a propriedade da terra, onde fundaram colônias de povoamentos que prosperaram.
Em 1908, aportou em Santos a primeira embarcação trazendo colonos japoneses para trabalharem nas lavouras de café do interior do estado de São Paulo. As diferenças de língua, religião e cultura, associados ao receio de serem novamente escravizados, levaram os japoneses a criar núcleos de ocupação pouco integrados a sociedade como um todo. Eles respondem por aproximadamente 5% do integrado total de imigrantes livres que ingressaram no país.
Fazendo o caminho inverso de seus ancestrais, estão imigrando em direção ao Japão, onde trabalham em linhas de produção, ocupando posições subalternas, renegadas por cidadãos japoneses.
Entre as correntes migratórias de menor expressão numérica, destaca-se os eslavos, na região de Curitiba; os Chineses e os coreanos, na capital paulista, espalhado pelo país.
Atualmente, no Brasil o total de imigrantes é maior que o numero de pessoas que ingressam no país. Como a maioria dos imigrantes entra clandestinamente nos países a que se dirigem, há apenas estimativas precárias quanto ao volume total de imigração. Para ter uma idéia, apenas em Nova Iorque residem cerca de 120 mil brasileiros.

O crescimento vegetativo da população brasileira
O crescimento vegetativo ou natural corresponde a diferença entre as taxas de natalidade e de mortalidade. Foi somente a partir da década de 60 que o crescimento vegetativo passou a diminuir.
Se taxa de mortalidade apresentar uma queda maior que a verificada na taxa de natalidade, o crescimento vegetativo aumenta. Logo após a segunda guerra mundial, em todos os países, houve uma queda brutal nas taxas de crescimento vegetativo, portanto, aumentou significativamente.

A taxa de mortalidade brasileira já atingiu um patamar próximo a 6%, tendendo a se estabilizar por algumas décadas e, posteriormente, crescer, chegando a 8 ou 9%.




EXERCÍCIO

1) A partir de que época começou a vinda de imigrantes para o Brasil, e o que contribuiu para intensificar esse fluxo?




2) O que é crescimento vegetativo, e como corresponde ao Brasil?





Gabarito.

1) A imigração para o Brasil iniciou-se em 1530, com a vinda de portugueses e escravos negros. Depois em 1808, foi permitida a vinda de imigrantes livres europeus de outras nacionalidades. Mas o fluxo de imigrantes aumentou a partir de 1850, com a proibição do tráfico negreiro, maior desenvolvimento das atividades cafeeiras e urbano-industrial e facilidade de acesso à posse de terra na região Sul.
2) É a diferença entre as taxas de natalidade e de mortalidade. Se, por exemplo, a taxa de mortalidade diminuir mais que a de natalidade, então o crescimento vegetativo aumenta. Foi só a partir de 1960 que o crescimento vegetativo brasileiro passou a diminuir. A taxa de mortalidade tende a ficar entre 8 ou 9%.

POPULAÇÃO BRASILEIRA (2ª parte)

Resumo: nesta continuação será mostrado que tipos de movimentos ocorrem no Brasil, como sua população está estruturada e como está composta a população economicamente ativa.

População brasileira e sua estrutura
Com a queda das taxas de natalidade e de mortalidade, acompanhada do aumento da expectativa de vida da população brasileira, a pirâmide de idade vem apresentando uma significativa redução de volume na base, e um aumento da participação percentual das pessoas adultas. A redução da participação dos jovens no conjunto total da população, porém, foi acompanhada pelo esfacelamento dos sistemas públicos de educação e saúde e de um brutal agravamento do processo de concentração de renda. Num futuro próximo, grande parcela desses jovens se transformará em mão-de-obra desqualificada e mal remunerada.
Quanto a distribuição da população brasileira por sexo, o país se insere na dinâmica global: nascem cerca de 106 homens para cada 100 mulheres, mas a taxa de mortalidade masculina é maior e a expectativa de vida, menor.
Uma parcela significativa da PEA trabalha no setor primário da economia, o que retrata o atraso da agricultura.
Um percentual de 20% da PEA no setor secundário indica que o país possui um grande parque industrial.
Já o setor terciário, no Brasil, 55,5% da PEA dedica-se ao setor, mas é óbvio que grande parte desses trabalhadores não está efetivamente prestando serviço aos demais habitantes.
Quanto a distribuição de renda, o Brasil apresenta uma das maiores concentração do planeta.

A PEA e a distribuição da renda no Brasil
A participação dos pobres na renda nacional diminuiu e a dos ricos aumentou até 1990. Essa dinâmica perversa foi estruturada principalmente no processo inflacionário de preços. E num sistema tributário pelo qual a carga de impostos indiretos que não distinguem faixas de renda, chega a 50% da arrecadação. Os impostos diretos que possuem alíquotas progressivas, diferenciadas segundo a renda, ou são incluídos no preço das mercadorias e tornam-se indiretos para os consumidores ou são simplesmente sonegado.



No que diz respeito a composição da PEA por sexo, há uma grande desproporção: em 1996, apenas 40% dos trabalhadores eram do sexo feminino, enquanto a situação que se verifica nos países desenvolvidos é uma participação igualitária, de 50%. A inserção da mulher no mercado de trabalho, no Brasil, está ligada fundamentalmente a perda de poder aquisitivo dos salários e a conseqüente necessidade de ela trabalhar para complementar a renda familiar.
Tal situação permite que parte dos empresários prefira, em diversas atividades, a mão-de-obra feminina, que por necessidade de trabalho se sujeita a salários menores que os pagos a homens, mesmo exercendo função idêntica na mesma empresa.

Os movimentos internos
Os movimentos migratórios estão ligados a fatores econômicos, desde o tempo da colonização. Quando terminou o ciclo da cana-de-açúcar no Nordeste e teve inicio o ciclo de ouro, em Minas Gerais, houve um enorme deslocamento de pessoas e um intenso processo de urbanização no novo centro econômico do país. Graças ao ciclo do café e, posteriormente, com o processo de industrialização, a região Sudeste pôde se tornar efetivamente o grande pólo de atração de migrantes.
Qualquer região do país que receba investimentos produtivos, públicos ou privados, que aumentem a oferta de emprego, receberá também pessoas dispostas a preencher os novos postos de trabalho.
Atualmente, São Paulo e Rio de Janeiro são as capitais que menos crescem no Brasil. Em primeiro lugar, aparecem algumas capitais de estado da região Norte, localizadas em áreas de grande expansão das atuais fronteiras agrícolas do país. Em seguida, vem a capital nordestina e, finalmente, as do Sul do Brasil.

Êxodo rural e migração pendular
De meados da década de 50 até o final dos anos 70, o Brasil sofreu um intenso êxodo rural, ou seja, a saída de pessoas do campo em direção as cidades. Como essas cidades não receberam investimentos públicos em obras de infra-estrutura urbana passaram a crescer em direção a periferia, onde eram construídos enormes favelas e loteamento clandestinos, sobretudo ao redor dos bairros industriais. Esse processo levou ao surgimento das metrópoles, onde ocorreu uma migração diária entre os municípios, fenômenos conhecidos como migração pendular. Para a população que realiza esse movimento diário, a reestruturação dos transportes coletivos metropolitanos é urgente.



Transumância

A transumância é um movimento populacional sazonal, ou seja, que ocorre em certos períodos do ano e que sempre se repete. Por exemplo, em março, quando para de chover no sertão, os pequenos e médios proprietários são obrigados a migrar para o Agreste ou para a Zona da Mata, em busca de uma ocupação que lhes permita sobreviver até dezembro, quando volta a chover no sertão e eles retornam as suas propriedades.
Também é comum a transumância praticada pelos bóias-frias volantes, que não possuem residência fixa. O trabalho volante é temporário, só ocorre durante o período do plantio da colheita. Tal situação obriga os trabalhadores a migrar de cidade em cidade atrás de serviço.

Migração urbana-urbana
Atualmente, nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, é significativa a saída de população das metrópoles em direção as cidades médias do interior. As metrópoles estão completamente inchadas, com precariedades no atendimento de praticamente todos os serviços públicos. Já as cidades do interior desses estados, além de estar passando por um período de crescimento de crescimento econômico, ofereceram melhor qualidade de vida a população.

EXERCÍCIO
1) A pirâmide de idade do Brasil vem apresentando uma redução de volume na base, o que vem acompanhado disso e pode trazer que conseqüência no futuro?




2) Os movimentos migratórios estão relacionados a que tipos de fatores?




3) Explique migração pendular.





Gabarito.

1) Essa redução foi acompanhada pelo enfraquecimento dos sistemas públicos de educação e saúde e de um grande aumento da concentração de renda. Isso pode gerar no futuro uma mão-de-obra desqualificada e mal remunerada, incapaz de sustentar maiores índices de crescimento econômico.
2) Estão associados a fatores econômicos. Se uma região recebe investimentos produtivos, públicos ou privados, que aumentem a oferta de emprego, receberá tambem pessoas dispostas a preencher essas vagas. Todos procuram uma melhor forma de vida, por isso, se migram até a melhor região possível.
3) Com o aparecimento das metrópoles, muitas pessoas precisam se deslocar de um município para outro não muito próximo, fazendo isso diariamente para manter a sua renda, essa migração é chamada de pendular.


DINÂMICA DA POPULAÇÃO
População e Sociedade
A população é o conjunto de pessoas que residem em determinado território, que pode ser uma cidade, um estado, um país ou mesmo o planeta como um todo. Ela pode ser classificada segundo sua religião, nacionalidade, local de moradia (urbana e rural), atividade econômica (ativa ou inativa) e tem seu comportamento e suas condições de vida retratados através de indicadores sociais – taxas de natalidade, mortalidade, expectativa de vida, índices de analfabetismo, participação na renda, etc.
Nesta unidade, é importante não confundir população com nação, que é um conjunto de pessoas que possuem a mesma história e estão inseridas em um mesmo padrão cultural. Assim, a população de um país pode conter várias nações, como é o caso de diversos países da África, onde os colonizadores europeus estabeleceram as atuais fronteiras em função dos próprios interesses econômicos e geopolíticos. É comum também que uma nação esteja dividida em dois ou mais países, compartilhando o território nacional com povos de outras nações, o que comumente termina em divergência de interesses e sérios conflitos. Essa é a base do verdadeiro genocídio ou extermínio físico entre as tribos, que frequentemente assola a África, e dos movimentos separatistas do Leste Europeu – ex-Iugoslávia e extinta União Soviética.
É importante ressaltar ainda que em uma dada população, mesmo que as pessoas tenham idéias comuns e formem realmente uma nação, há grandes contrastes no que se refere à participação dos habitantes na renda nacional, ou seja, existem as classes sociais, e daí surge a necessidade da ação do Estado para intermediar os conflitos de interesses. Em países desenvolvidos, as diferenças econômicas são atenuadas através do acesso da população de baixa renda a sistemas públicos eficientes de saúde, educação, transporte, moradia e lazer, o que é possível graças a um sistema tributário de cunho distributivo. Já nos países subdesenvolvidos, o Estado costuma estar a serviço dos interesses privados de uma minoria da população e os serviços públicos são relegados a último plano.
Quanto mais acentuadas as diferenças sociais, maior a concentração da renda, maiores as distâncias entre a média dos indicadores sociais de população e a realidade em que vive a maioria dos cidadãos. Por exemplo, a expectativa de vida de um brasileiro não corresponde à média do país contabilizada no censo de 1991 (66 anos), mas à média obtida segundo sua faixa de renda. Quem recebe mais de dez salários mínimos terá uma expectativa de vida superior – 71,5 anos – à de quem vive com até um salário mínimo – 54,8 anos – e não consegue sequer se alimentar de forma digna. Ou, ainda, se a taxa de natalidade de um país for alta, é necessário considerar o que está acontecendo nas suas diferentes regiões ou classes sociais: os pobres costumam ter mais filhos que os ricos.
Portanto, diante de uma tabela contendo quaisquer indicadores sociais de uma população, temos de levar em conta a forma como está distribuída a renda do país para podermos avaliar a confiabilidade da média obtida.
Quando nos referimos à população de um território, podemos considerar os conceitos de populoso ou povoado, o que envolve a noção de população absoluta – número total de habitantes – e relativa – habitantes por quilômetro quadrado. Um país é considerado populoso quando o número absoluto de habitantes é alto. Por exemplo, o Brasil é o quinto país mais populoso do planeta, com cerca de 155 milhões de habitantes, mas pouco povoado, pois possui apenas 17 hab/km2. Porém, quando a análise parte do pressuposto que interessa, ou seja, da qualidade de vida da população, esses conceitos devem ser relativizados. Os Países Baixos, apesar de apresentarem uma população relativa alta – 429 hab/km2 -, possuem uma estrutura econômica e serviços públicos que atendem às necessidades dos seus cidadãos e não podem, portanto, ser considerados um país superpovoado. Já o Brasil, com uma baixa população relativa, é “muito povoado”, devido à carência de serviços públicos, de empregos com salários dignos, habitações, etc. Nesse contexto, em última instância, o que conta é a análise das condições socioeconômicas da população, e não a análise demográfica.
O Crescimento Populacional ou Demográfico
Em 1994, o planeta contava com 5,6 bilhões de habitantes. Do início dos anos 70 até hoje, o crescimento da população mundial caiu de 2,1% para 1,60% ao ano, o número de mulheres que utilizam algum método anticoncepcional aumentou de 10% para 50% e o número médio de filhos por mulher em países subdesenvolvidos caiu de 6 para 4. Ainda assim, esse ritmo continua alto e, caso se mantenha, a população do planeta duplicará até 2050.
O crescimento demográfico está ligado a dois fatores: o crescimento natural ou vegetativo, que corresponde à diferença entre nascimentos e óbitos verificada numa população, e a taxa de migração, que é a diferença entre a entrada e a saída de pessoas de um território. Considerando essas duas taxas, o crescimento populacional pode ser positivo, nulo ou negativo.
O crescimento da população foi, ao longo do tempo, explicado a partir de teorias. Vejamos as principais.
Teoria de Malthus
Em 1798, Malthus publicou uma teoria demográfica que apresenta basicamente dois postulados:
a) A população, se não ocorrem guerras, epidemias, desastres naturais, etc., tenderia a duplicar a cada 25 anos. Ela cresceria, portanto, em progressão geométrica (2, 4, 8, 16, 32…) e constituiria um fator variável, ou seja, que cresceria sem parar.
b) O crescimento da produção de alimentos ocorreria apenas em progressão aritmética (2, 4, 6, 8, 10…) e possuiria um limite de produção, por depender de um fator fixo: o próprio limite territorial dos continentes.
Ao considerar esses dois postulados, Malthus concluiu que o ritmo de crescimento populacional seria mais acelerado que o ritmo de crescimento da produção alimentar (PG x PA). Previa ainda que um dia estariam esgotadas as possibilidades de aumento da área cultivada, pois todos os continentes estariam plenamente ocupados pela agropecuária e a população do planeta continuaria crescendo. A consequencia seria a fome, a falta de alimentos para abastecer as necessidades de consumo do planeta. Para evitar esse flagelo, Malthus, um pastor da igreja anglicana contrário aos métodos anticoncepcionais, propunha a sujeição moral, ou seja, que as pessoas só tivessem filhos se possuíssem terras cultiváveis para poder alimentá-los.
Hoje, sabe-se que suas previsões não se concretizaram: a população do planeta não duplicou a cada 25 anos e a produção de alimentos cresceu no mesmo ritmo do desenvolvimento tecnológico. Mesmo que se considere uma área fixa de cultivo, a produção (quantidade produzida) aumenta, já que a produtividade (quantidade produzida por área -–toneladas de arroz por hectare, por exemplo) também vem aumentando sem parar.
Essa teoria, quando foi elaborada, parecia muito consistente. Os erros de previsão estão ligados principalmente às limitações da época para a coleta de dados, já que Malthus tirou suas conclusões a partir da observação do comportamento demográfico em uma região limitada, com população predominantemente rural, e as considerou válidas para todo o planeta no transcorrer da história. Não previu os efeitos decorrentes da urbanização na evolução demográfica e do progresso tecnológico aplicado à agricultura.
Desde que Malthus apresentou sua teoria, são comuns os discursos que relacionam de forma simplista a ocorrência da fome no planeta ao crescimento populacional. A fome que castiga mais da metade da população mundial é resultado da má distribuição, e não da carência na produção de alimentos. A atual produção agropecuária mundial é suficiente para alimentar cerca de 9 bilhões de pessoas, enquanto a população do planeta ainda não atingiu a cifra de 6 bilhões. A fome existe porque as pessoas não possuem o dinheiro necessário para suprir suas necessidades básicas, fato facilmente observável no Brasil: apesar do enorme volume de alimentos exportados, as prateleiras dos supermercados estão sempre lotadas e a panela de muitos operários e bóias-frias, sempre vazia.

Teoria neomalthusiana
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, foi realizada uma conferência de paz em 1945, em São Francisco, que deu origem à Organização das Nações Unidas (ONU). Na ocasião, foram discutidas estratégias de desenvolvimento, visando evitar a eclosão de um novo conflito militar em escala mundial. Havia apenas um ponto de consenso entre os participantes: a paz depende da harmonia entre os povos e, portanto, da diminuição das desigualdades econômicas no planeta. Agora, como explicar e, a partir daí, enfrentar a questão da miséria nos países subdesenvolvidos?
Esses países buscaram a raiz de seus problemas na colonização do tipo exploração implantada em seus territórios e nas condições de desigualdade das relações comerciais que caracterizaram o colonialismo e o imperialismo. Passaram a propor amplas reformas nas relações econômicas, em escala planetária, que, é óbvio, diminuiriam as vantagens comerciais e, portanto, o fluxo de capitais e a evasão de divisas dos países subdesenvolvidos.
Nesse contexto histórico, foi criada a teoria demográfica neomalthusiana, uma tentativa de explicar a ocorrência da fome nos países subdesenvolvidos. Ela é defendida pelos países desenvolvidos e pelas elites dos países subdesenvolvidos, para se esquivarem das questões econômicas.
Segundo essa teoria, uma população jovem numerosa, resultante das elevadas taxas de natalidade verificadas em quase todos os países subdesenvolvidos, necessita de grandes investimentos sociais em educação e saúde. Com isso, diminuem os investimentos produtivos nos setores agrícola e industrial, o que impede o pleno desenvolvimento das atividades econômicas e, portanto, da melhoria das condições de vida da população. Ainda segundo os neomalthusianos, quanto maior o número de habitantes de um pais, menor a renda per capita e a disponibilidade de capital a ser distribuído pelos agentes econômicos. Verifica-se que essa teoria, embora com postulados totalmente diferentes daqueles utilizados por Malthus, chega à mesma conclusão: o crescimento populacional é o responsável pela ocorrência da miséria. Ela passa, então, a propor programas de controle da natalidade nos países subdesenvolvidos e a disseminação da utilização de métodos anticoncepcionais. É uma tentativa de enfrentar problemas socioeconômicos exclusivamente a partir de posições contrárias à natalidade, de acobertar os efeitos devastadores dos baixos salários e das péssimas condições de vida que vigoram nos países subdesenvolvidos a partir de uma argumentação demográfica. Dizer que os países subdesenvolvidos desviaram dinheiro do setor produtivo para os investimentos sociais é, no mínimo, hipocrisia.
Teoria reformista
Em resposta aos neomalthusianos, foi elaborada a teoria reformista, que inverte a conclusão das duas teorias demográficas anteriores.
Uma população jovem, numerosa, em virtude de elevadas taxas de natalidade, não é causa, mas consequência do subdesenvolvimento. Em países desenvolvidos, onde o padrão de vida da população é elevado, o controle da natalidade ocorreu paralelamente à melhoria da qualidade de vida da população e espontaneamente, de uma geração para outra. Uma população numerosa só se tornou empecilho ao desenvolvimento das atividades econômicas nos países subdesenvolvidos, porque não foram realizados investimentos sociais, principalmente em educação e saúde. Essa situação gerou um enorme contingente de mão-de-obra desqualificada ingressando anualmente no mercado de trabalho. Essa realidade tende a rebaixar o nível médio de produtividade por trabalhador e a continuar a empobrecer enormes parcelas da população desses países. É necessário o enfrentamento, em primeiro lugar, das questões sociais e econômicas para que a dinâmica demográfica entre em equilíbrio.
Para os defensores dessa corrente, a tendência de controle espontâneo da natalidade é facilmente verificável ao se comparar a taxa de natalidade entre as famílias brasileiras de classe baixa e as de classe média. À medida que as famílias obtém condições dignas de vida, tendem a diminuir o número de filhos para não comprometer o acesso de seus dependentes aos sistemas de educação e saúde.
Quando o cotidiano familiar transcorre em condições miseráveis e as pessoas não têm consciência das determinações econômicas e sociais, vivem de subemprego, em submoradias e subalimentadas, como esperar que elas estejam preocupadas em gerar menos filhos?
Essa teoria, enfim, é mais realista, por analisar os problemas econômicos, sociais e demográficos de forma objetiva, partindo de situações reais do dia-a-dia das pessoas.
Os investimentos em educação são fundamentais para melhoria de todos os indicadores sociais.
Quanto maior a escolaridade da mulher, menor é o número de filhos e a taxa de mortalidade infantil.
O crescimento vegetativo ou natural
Essas teorias, como vimos, buscam estabelecer relações entre crescimento populacional e condições de vida, mas não são suficientes para esclarecer a questão. Atualmente, o que se verifica é uma queda global dos índices de natalidade, apesar de estar relacionada principalmente ao êxodo rural, à saída de pessoas do campo em direção às cidades e suas consequências no comportamento demográfico:
• Maior custo para criar os filhos – é muito mais caro e difícil criar filhos na cidade, pois é necessário adquirir maior volume de alimentos básicos, que não são mais cultivados pela família. Além disso, o ingresso dos dependentes no mercado de trabalho urbano costuma acontecer mais tarde que no campo e as necessidades gerais de consumo com vestuário, lazer, medicamentos, transportes, energia, saneamento e comunicação aumentam substancialmente.
• Acesso a métodos anticoncepcionais – com a urbanização, as pessoas passaram a residir próximo a farmácias e postos de saúde, tomando contato com a pílula anticoncepcional, os preservativos, os métodos de esterilização, etc.
• Trabalho feminino extradomiciliar – no meio urbano, aumenta sensivelmente o percentual de mulheres que trabalham fora de casa e desenvolvem carreira profissional. Para essas mulheres, a gravidez sucessiva passa a significar queda no padrão de vida e comprometimento de sua atividade profissional.
• Aborto – por ser ilegal na esmagadora maioria dos países, os índices de abortos clandestinos são desconhecidos. Sabe-se, porém, que a urbanização elevou bastante a sua ocorrência, contribuindo para uma queda da natalidade.
• Acesso a tratamento médico, saneamento básico e programas de vacinação – esses fatores justificam um fenômeno: nas cidades, a expectativa de vida é maior que no campo. Portanto, com a urbanização, principalmente nos países subdesenvolvidos, caem as taxas de mortalidade. Mas isso não significa que a população esteja vivendo melhor. Está apenas vivendo mais.
A partir da Segunda Guerra Mundial, os avanços na ciência médica, principalmente a descoberta de antibióticos, aliados à urbanização, causaram uma grande queda nas taxas de mortalidades, mesmo nos países pobres. O crescimento vegetativo aumentou em todo o planeta até a década de 70. A partir de então, as taxas de mortalidade – em condições normais, excluindo-se, portanto, os países que enfrentaram guerras ou grandes desastres – tendem a estabilizar-se em níveis próximos a 0,6% nos países desenvolvidos e a continuar apresentando pequenas quedas nos países subdesenvolvidos.
Em alguns países desenvolvidos, as alterações comportamentais criadas pela urbanização e a melhoria do padrão de vida causaram uma queda tão acentuada dos índices de natalidade que, em alguns momentos, o índice de crescimento vegetativo chegou a ser negativo, circunstancialmente.
Nos países subdesenvolvidos, de forma geral, embora as taxas de natalidade e de mortalidade venham declinando, a de crescimento vegetativo continua elevada, acima de 1,7% ao ano. Predominam ainda os movimentos emigratórios, ou seja, a saída de pessoas do país.

Os movimentos populacionais
O deslocamento de pessoas pelo planeta pressupõe causas estruturais geradoras do movimento. Embora existam causas religiosas, naturais, político-ideológicas, psicológicas e guerras, verifica-se, ao longo da história, que predominam as causas econômicas. Nas áreas de repulsão populacional, observa-se crescente desemprego, subemprego e baixos salários, enquanto nas áreas de atração populacional são oferecidas melhores perspectivas de emprego e salário e, portanto, melhores condições de vida.
Há tipos diferenciados de movimentos populacionais: espontâneos, quando o movimento é livre; forçados, como nos casos de escravidão e de perseguição religiosa, étnica ou política e, por fim, controlados, quando o Estado controla numérica ou ideologicamente a entrada de imigrantes.
Qualquer deslocamento de pessoas traz consequências demográficas – nas áreas de atração o número de habitantes aumenta, enquanto nas de repulsão diminui – e culturais (língua, religião, culinária, arquitetura, artes, costumes em geral). Enquanto se limitam aos aspectos culturais, as consequências costumam ser positivas, pois ocorre o enriquecimento dos valores postos em contato.
Ao acompanharmos os jornais, porém, tomamos contato com a face perversa dos atuais movimentos imigratórios. Tem crescido, a cada ano, os conflitos entre povos que passam a compartilhar o mesmo espaço nacional em seu cotidiano. Em todo o planeta, crescem os movimentos neonazistas, que estão assumindo dimensões críticas na Europa.



ESTRUTURA DA POPULAÇÃO
O estudo da estrutura da população pode ser dividido em três categorias:
• Número, sexo e idade dos habitantes – esses dados, obtidos pelo censo demográfico, são expressos em um gráfico chamado pirâmide de idades;
• Distribuição da população economicamente ativa (PEA) por setores econômicos: primário, secundário e terciário;
• Distribuição de renda.

A Pirâmide de Idades
A pirâmide de idades é um gráfico quantitativo que expressa o número de habitantes, sua distribuição por sexo e por idade. Pode ser elaborado em várias escalas, retratando dados da população do planeta, de um país, um estado, uma cidade, etc. Sua simples visualização nos permite tirar algumas conclusões referentes à taxa de natalidade e à expectativa ou esperança de vida da população. Se a pirâmide apresentar um aspecto triangular, o percentual de jovens no conjunto da população é alto. Alta taxa de vida são características do subdesenvolvimento. Ao contrário, se a pirâmide apresentar certa proporcionalidade, da base ao topo, podemos concluir que a população recenseada apresenta baixa taxa de natalidade e alta expectativa de vida, que são características de desenvolvimento econômico e social.

A PEA e os Setores de Atividades Econômicas
Nos censos demográficos, é considerada população economicamente ativa (PEA) apenas a parcela dos trabalhadores que fazem parte da economia formal, ou seja, que possuem carteira de trabalho registrada ou exercem profissão liberal (prestação de serviços em geral), participando do sistema de arrecadação de impostos. Os desempregados também são considerados ativos, por estarem, apenas, temporariamente desocupados e, portanto, interferem no mercado de trabalho. Quando os índices de desemprego se elevam, há uma tendência geral de rebaixamento dos salários, decorrente da maior oferta de mão-de-obra disponível no mercado. Ao contrário, em situações de crescimento econômico, associado a maior oferta de postos de trabalho, há uma tendência geral de aumento salarial, principalmente nos postos de trabalho que exigem qualificação técnica.
Os dados censitários de população não-ativa, além dos jovens e dos aposentados, costumam incluir também os trabalhadores subempregados que obtém ou complementam sua renda na economia informal, sem participar diretamente do sistema tributário: camelôs, vendedores no farol, guardadores de carros, diaristas urbanos e rurais (bóias-frias), trabalhadores sem carteira assinada, vendedores de congelados, etc. Assim, nos países desenvolvidos, onde os índices de subempregos são normalmente baixos, o percentual da PEA, no conjunto total da população, está muito próximo da realidade do mercado de trabalho e situa-se em índices que beiram os 50%.
Nos países subdesenvolvidos, onde os índices de subemprego costumam ser muito elevados, o percentual da PEA, no conjunto total da população, tende a ser mais baixo que a quantidade de pessoas que têm rendimentos, situando-se em torno de 35 a 40%. É óbvio, porém, que o número de pessoas que trabalham em países subdesenvolvidos é maior que 50%, já que os jovens são obrigados a trabalhar para completar a renda familiar e os aposentados para complementar a aposentadoria, quando a recebem. Assim, em resumo, quanto mais alto o índice de subemprego, menor a credibilidade dos dados censitários referentes à PEA.
A população que trabalha, empregada ou subempregada, dedica-se a um dos três setores de atividades que compõem a economia: primário, secundário e terciário. No setor primário, as mercadorias produzidas não sofrem alteração e são comercializadas sem passar por nenhum estágio de transformação, como no caso da agropecuária, da pesca artesanal, do garimpo e do extrativismo vegetal. No setor secundário, as mercadorias são transformadas, ou seja industrializadas antes de ser comercializadas. Se uma fazenda produz e vende soja em grãos, apresenta uma produção primária; se vende óleo de soja, a produção é secundária, pois houve transformação. Se um pescador coleta peixe no oceano e os vende in natura, está inserido no setor primário, mas se vende o peixe limpo e enlatado em conserva, o setor é secundário. Uma exceção à regra é o extrativismo mineral: caso a extração de minérios (petróleo, ferro, bauxita, etc.) seja mecanizada, embora o produto seja primário, a atividade extrativa é alocada no setor secundário da economia. Atenção: o petróleo, por exemplo, é um produto primário; a atividade extrativa é secundária, assim como os derivados de petróleo obtidos a partir do refino. A mesma regra já não se aplica à agropecuária: mesmo que a produção agrícola seja irrigada, mecanizada e de altíssima produtividade, se a fazenda vende a produção in natura, o setor é primário.
Já no setor terciário, não se produzem mercadorias, mas prestam-se serviços em hospitais, escolas, repartições públicas, transportes, energia, comunicações, informática, esportes, lazer e no comércio em geral.
A divisão dos trabalhadores pelos setores de atividades econômicas nos permite chegar a importantes conclusões sobre a economia de países ou regiões do planeta. Se o número de pessoas que trabalham no setor primário for elevado, por exemplo 25%, isso indica que a produtividade do setor é baixa, já que 25% da PEA abastece os outros 75%; a relação na PEA é de 1 trabalhador agrícola para 3 em outros setores. Por outro lado, se o número for baixo, por exemplo 5%, a produtividade no setor é alta, já que 5% da PEA abastece os outros 95%; a relação é de 1 trabalhador agrícola para cada 19 em outros setores. Podemos afirmar, portanto, que essa região apresenta um setor primário bastante capitalizado, com utilização intensiva de adubos, fertilizantes, sistemas de irrigação e mecanização, o que, ao ampliar a produtividade, permite que se utilize um pequeno percentual da PEA no setor. Nos países desenvolvidos, de 3 a 10% da PEA trabalha em atividades primárias.
As condições econômicas refletidas na distribuição setorial da PEA, salvo em casos excepcionais, como as áreas desérticas ou montanhosas, devem ser analisadas sempre a partir do setor primário da economia. O índice do setor secundário não reflete a produtividade e o tipo de indústria recenseada. Por exemplo, se 30% da PEA trabalha no setor secundário, não sabemos se a indústria está produzindo computadores ou goiabada, aviões ou chinelos. Mas, se o setor primário é de alta produtividade, isso indica que a indústria do país também é predominantemente moderna, já que é ela quem fabrica os adubos, fertilizantes, sistemas de irrigação, máquinas e tratores. Se um país ou uma região utiliza muita mão-de-obra no setor primário, pode até possuir algum setor industrial de ponta, mas, certamente, as suas indústrias são predominantemente tradicionais, incorporando pouca tecnologia na produção. Os países que apresentam elevado padrão de produção industrial ocupam cerca de 20% da PEA no setor secundário da economia.
Os índices do setor terciário são os que requerem maiores cuidados de análise, pois contém, além dos prestadores formais de serviços, o subemprego. Mesmo assim, é possível extrairmos algumas considerações genéricas. Se uma região ocupa muita mão-de-obra no setor primário, como vimos, provavelmente a indústria é tradicional, indicando uma economia frágil e maior ocorrência de subemprego. Ao contrário, se o setor primário utiliza pouca mão-de-obra, o parque industrial tem um maior grau de modernização e o subemprego tende a ser menos frequente.
É o setor terciário, salvo raras exceções, que detém a maior parte da renda nacional e em que trabalha o maior número de pessoas, já que por ele circulam todas as mercadorias produzidas nos setores primários e secundários da economia. É comum os números do setor estarem acima de 50% da PEA. Nos países desenvolvidos, isso indica que a população está muito bem atendida, há uma grande disponibilidade de serviços. Nos países subdesenvolvidos, há que se considerar os indicadores de população subempregada vivendo à margem da economia formal e carente de serviços básicos, como educação e saúde.
Para finalizar, uma última idéia: tradicionalmente, é comum classificarem-se as atividades secundárias e terciárias como urbanas e as atividades primárias como essencialmente rurais. Atualmente, porém, ante a modernização dos sistemas de transportes e de comunicações verificadas em vastas regiões do planeta, ampliaram-se as possibilidades de industrialização do campo e ruralização das atividades tipicamente urbanas, fazendo crescer substancialmente o números de trabalhadores agrícolas que residem nas cidades.

A Distribuição da Renda
É na análise da distribuição da renda que se completa o estudo da estrutura da população e suas possibilidades de aplicação ao planejamento, tanto governamental quanto privado. Não basta consultar a pirâmide de idades e saber quantas crianças atingirão a idade escolar no próximo ano para prorrogar o número de vagas nas escolas da rede pública. É necessário saber, também, como será a distribuição dessas crianças pelas redes pública e privada, o que envolve na análise não apenas a qualidade de ensino oferecido pelo Estado, mas, ainda, quantas crianças têm condições econômicas de estudar. Se o planejamento governamental não considerar a distribuição da renda nacional, sua política de educação, saúde, habitação, transportes, abastecimento, lazer, etc. estará condenada ao fracasso. Da parte da iniciativa privada, o planejamento de atendimento à demanda de mercado tem, necessariamente, de levar em conta não apenas o número, sexo e idade das pessoas, mas, principalmente, seu poder aquisitivo.
Nos países subdesenvolvidos, há uma grande concentração da renda nacional em mãos de uma pequena parcela da população, enquanto, nos países desenvolvidos, a renda nacional está mais bem distribuída. Por quê isso acontece?
Além dos baixos salários que vigoram no mundo subdesenvolvido e da dificuldade de acesso a qualquer tipo de propriedade urbana ou rural, há basicamente dois fatores que explicam a concentração de renda: o sistema tributário e a inflação, nunca repassada integralmente aos salários. Se os preços das mercadorias sobem sem que esse índice seja repassado aos salários, aumenta a taxa de lucro do empresário e diminui o poder aquisitivo dos assalariados, com consequente processo de concentração de renda.
O sistema tributário corresponde a forma como são arrecadados os impostos em um país e é um poderoso mecanismo de distribuição de renda na forma de serviços públicos. Há dois tipos de impostos: o direto e o indireto. O imposto direto é aquele que recai diretamente sobre a renda ou sobre a propriedade dos cidadãos. É considerado o mais justo, pois pode ser cobrado de forma progressiva, ou seja, quem ganha maiores salários ou possui mais propriedades paga parcelas maiores, enquanto os despossuídos pagam menos ou até ficam isentos.
O governo que arrecada de forma diferenciada parte da renda nacional, pode distribuí-la na forma de escolas e hospitais eficientes, financiando a aquisição de casa própria, subsidiando setores econômicos que gerem empregos, etc. Já os impostos indiretos são inseridos no preço das mercadorias que a população consome em seu cotidiano. Podem ser considerados injustos quando assumem proporções elevadas, já que é cobrado do consumidor, sempre o mesmo valor, não importando a sua faixa de renda. Por exemplo, um operário que ganha um salário mínimo e compra um litro de leite paga o mesmo valor de impostos indiretos que um advogado, que compra o mesmo litro de leite e ganha 50 salários mínimos. A diferença é que, para o operário, esse valor corresponde a x% do seu salário e para o advogado, a x/50%. É, portanto, um imposto que pesa mais no bolso de quem ganha menos, já que não há possibilidade de aplicar progressividade na arrecadação e, portanto, de distribuir a renda.
Nos países subdesenvolvidos, a carga de impostos indiretos é elevada, enquanto, nos países desenvolvidos, o maior volume de recursos arrecadados pelo governo recai sobre os impostos diretos. Outro fator preponderante é que, nos subdesenvolvidos, os serviços públicos são muito precários e, portanto, não criam oportunidades de a classe baixa ascender profissionalmente. Filho de trabalhador de baixa renda não tem acesso a sistemas eficientes de educação e, assim como seu pai, esta fadado a tornar-se mão-de-obra desclassificada e mal remunerada.
Atualmente, com a globalização da economia, a situação dos trabalhadores assalariados está se deteriorando. Intensifica-se a transferência de empresas, ou a abertura de filiais de corporações transnacionais, para países onde os salários são mais baixos e a legislação trabalhista mais flexível. Assim, os assalariados têm uma participação menor na renda nacional auferida e podem ser despedidos sem encargos para as empresas. A mais-valia é extraída na escala mundial e não apenas local, o que vem diminuindo a oferta de postos de trabalho e, portanto, o salário pago nos países desenvolvidos.
Acrescente-se a isso o desemprego estrutural, verificados em países cujas empresas investem em informatização e robótica, que tendem a fragilizar a ação dos sindicatos e diminuir a força dos empregados em processo de negociação salarial. Conclui-se que há necessidade urgente de combate ao desemprego mundial. O assunto tem dominado as últimas discussões em encontros do G-7 (grupo dos sete países mais ricos do planeta), do Fórum Econômico Mundial (reunião de lideranças empresariais, políticas, sindicais e científicas que ocorre anualmente na cidade de Davos, Suíça) e de várias cúpulas patrocinadas pela ONU, que tem forte influência nas diretrizes econômicas, nos financiamentos gerenciados pelo FMI e pelo Banco Mundial e nas determinações da Organização Mundial de Comércio (OMC).

A POPULAÇÃO BRASILEIRA
A formação de nossa população
Antes da colonização, a população do atual território brasileiro era, segundo estimativas, de dois a cinco milhões de índios pertencentes a várias nações. Os grupos mais numerosos e que ocupavam as maiores extensões territoriais, eram o jê e o tupi-guarani.
Desde 1500 até os dias de hoje, os índios sofreram intenso genocídio e etnocídio. Principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste, encontram-se muitos mestiços descendentes de índios (mamelucos e cafuzos), que são classificados, juntamente com os mulatos, como pardos nos censos demográficos. Em 1980, a população indígena era aproximadamente 200 mil indivíduos, concentrados principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste. Correspondiam a cerca de 0,2% dos brasileiros, mas, atualmente, verifica-se uma tendência de aumento deste contigente, em função da delimitação de reservas indígenas em vários pontos do território nacional.
O restante, 99,8%, da população brasileira, resulta da migração forçada de povos africanos e da imigração livre dos europeus, americanos e asiáticos, que povoaram o território, cresceram, se miscigenaram e hoje se deslocam pelo país à medida que se expandem e se diversificam as fronteiras econômicas.
Quanto às etnias que compõem a população brasileira, 51,4% são brancos e 7,6% são negros. Esses percentuais vêm diminuindo rapidamente, enquanto o número de pardos (39,7%) tem aumentado. Esses números demonstram que há uma intensa miscigenação entre as etnias, já que os grupos originais foram o indígena, o negro africano e o branco europeu. Posteriormente, houve uma pequena participação dos asiáticos.

A imigração para o Brasil (1530 a 1994)
A imigração para o Brasil iniciou-se em 1530 com a expedição de Martim Afonso de Sousa. Até então, o país se encontrava na fase pré-colonial. Os portugueses que vinham para cá estavam interessados apenas na extração de recursos naturais em nosso território para comercializá-los na Europa. Com a criação das capitanias hereditárias e o início da lavoura de cana-de-açúcar, houve a fixação de portugueses e escravos negros no país, sobretudo no litoral dos atuais estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Pernambuco.
Durante o período colonial, ocorreram diversas invasões estrangeiras no Brasil, sobretudo de franceses, holandeses e britânicos. Alguns deles chegaram a fixar-se em pontos do território, mas acabaram sendo expulsos pelos índios ou pelos portugueses.
Com a abertura dos portos, em 1808, foi permitida a entrada de imigrantes livres europeus de outras nacionalidades, pois até então apenas os portugueses podiam se fixar no Brasil. O fluxo imigratório, porém, foi muito pequeno, já que a mão-de-obra autorizada nas atividades econômicas de base agrária era quase totalmente construída por escravos negros trazidos da África. Praticamente não havia empregos que pudessem ser oferecidos aos imigrantes livres, pois as ocupações urbanas (comércio, funcionalismo público e serviços em geral) estavam, amplamente dominadas pelos portugueses e seus descendentes e a relação de trabalho rural era servil.
Esse quadro foi alterado a partir de 1850, com a proibição do tráfico negreiro (Lei Eusébio de Queirós), maior desenvolvimento das atividades cafeeiras e urbano-industriais e facilidade de acesso à posse de terra na região Sul. Associados, esses fatores tornaram o Brasil um grande pólo de atração para os imigrantes europeus. Entretanto, vale destacar que os Estados Unidos e a Argentina, nesse período, receberam mais imigrantes que o Brasil, por oferecerem maiores possibilidades de ascensão social aos colonos. Assim, houve uma grande entrada de imigrantes livres até 1929, ano da crise econômica mundial decorrente da queda da bolsa de valores de Nova Iorque..
No período que se estendeu de 1830 a 1808, é difícil estimar o número de imigrantes que entrou no Brasil. Sabe-se, porém, que entre eles predominavam os portugueses, os quais, assim como os escravos africanos, dirigiam às plantações de cana-de-açúcar na região Nordeste, às minas de ouro do Centro-Sul de Minas Gerais e Goiás e às cidades que se desenvolveram em consequência do crescimento dessas atividades. De 1850 a 1930, por outro lado, as estimativas são mais confiáveis e observou-se uma enorme entrada de imigrantes no país para suprir as necessidades de mão-de-obra nas lavouras cafeeiras, nos centro urbano-industriais e no processo de povoamento da região Sul.
Com a crise mundial de 1929, as regiões do país de economia agrário-exportadora entraram em colapso. A principal crise foi a do café, que atingiu principalmente o Estado de São Paulo. A região de Ilhéus passou pela crise do cacau e o restante da Zona da Mata nordestina sofreu com a brusca queda na exportação de açúcar. Nesse contexto, iniciou-se o processo de industrialização brasileira, comandada pelo Sudeste, que passou a receber grandes contigentes de mão-de-obra nordestina . A região Sul, que passou por uma colonização de povoamento, tinha sua economia voltada para o mercado interno e sofreu menos com essa crise.
Esse deslocamento interno de trabalhadores do Nordeste rumo ao Sudeste significava que as atividades econômicas não estavam atendendo a demanda, que o desemprego gerado pela crise levava as pessoas a migrar pelo país. Em 1934, observando esse excedente interno de mão-de-obra, o governo Getúlio Vargas criou a Lei de Cotas de Imigração e passou a controlar a entrada de estrangeiro no país, para evitar que o índice de desemprego aumentasse a instabilidade social. Segundo essa lei, a cada ano, só poderiam entrar no país 2% do total de imigrantes dos últimos 50 anos, segundo a nacionalidade. Por exemplo, de 1885 a 1934 (50 anos) entraram cerca de um milhão de italianos no Brasil; em 1935 poderiam entrar 2%, ou seja, 20 mil italianos. Essa lei não foi aplicada aos portugueses, cuja entrada permaneceu livre.
A Lei de Cotas não proibia, apenas restringia a entrada de imigrantes. A restrição, porém, não era somente numérica, mas também ideológica. Se o imigrante demonstrasse tendência a marco-sindicalista, por exemplo, era impedido de entrar no país. Além disso, 80% dos imigrantes aceitos eram obrigados a trabalhar na zona rural. Com essas medidas, estava assegurada maior manipulação ideológica e controle social, já que os trabalhadores nordestinos que chegavam a São Paulo e ao Rio de Janeiro sujeitavam-se a situações de trabalho que os imigrantes europeus, mais organizados e politizados, não aceitavam passivamente. Da associação da crise mundial com a Lei de Cotas, durante o período de 1929 a 1945, a entrada de imigrantes no Brasil não foi numericamente significativa.
Do fim da Segunda Guerra Mundial até 1973, o Brasil passou por um período de grande crescimento econômico e tornou-se novamente um país de atração populacional. Durante o mandato democrático de Getúlio Vargas (1950 – 1954) e no governo de Juscelino Kubitschek (1956 – 1960), ocorreu maciça entrada de investimentos produtivos estatais e estrangeiros, que ampliaram o volume de empregos nos setores secundário e terciário. Apesar de ser significativa em termos absolutos, a participação percentual da imigração no crescimento populacional era reduzida, atingindo apenas 2,4% na década de 50. Atualmente, porém, a emigração supera numericamente a imigração, já que a economia não oferece emprego em número suficiente e os salários brasileiros situam-se entre os mais baixos do planeta.

As principais correntes migratórias para o Brasil
Só é possível estimarmos quantos escravos negros aqui ingressaram, quais os anos de maior fluxo, por qual porto entraram e de que lugar da África vieram. Segundo as estimativas, calcula-se que ingressaram no país pelo menos quatro milhões de negros de 1550 a 1850, a maioria proveniente da Angola, ilha de São Tomé e Costa do Marfim.
Dentre as correntes imigratórias, a mais importante foi a portuguesa. Além de serem numericamente mais significativos, esses imigrantes espalharam-se por todo território nacional. A imigração portuguesa para o Brasil teve início em 1530 e se estendeu até 1986. A partir desse ano, houve uma inversão de fluxo, explicada pelo ingresso de Portugal na União Européia. Com a consequente melhoria das condições de vida nesse país, ele se tornou área de atração de emigrantes brasileiros. Preocupados com essa tendência, os demais países membros da União Européia pressionaram Portugal a impedir o livre acesso de brasileiros ao seu território, o que, num futuro próximo, significará livre acesso a toda comunidade européia.
A segunda maior corrente de imigrantes livres foi a italiana. Em terceiro lugar, aparecem os espanhóis e, em quarto, os alemães. A partir de 1850, a expansão dos cafezais pelo Sudeste e a necessidade de efetiva colonização da região Sul levaram o governo brasileiro a criar medidas de incentivo à vinda de imigrantes europeus para substituir a mão-de-obra escrava. Entre as medidas adotadas e propagandas na Europa, destacam-se o financiamento da passagem e a garantia de emprego, com moradia, alimentação e pagamento anual de salários.
Embora atraente, a propaganda governamental escondia uma realidade perversa: ao fim de um ano de trabalho duro nas lavouras de café, quando o imigrante deveria receber seu pagamento, era informado de que seu salário não era suficiente sequer para pagar as despesas de transporte – que a propaganda prometia ser gratuito – e moradia, quanto mais dos alimentos consumidos ao longo do ano. A propaganda tinha sido enganosa, e somente seria permitida a saída do imigrante da fazenda quando a dívida fosse quitada. Como isso não era possível, ele ficava aprisionado no latifúndio, vigiado por capangas para evitar sua fuga. Era a escravidão por dívida, comum até hoje em vários estados do Brasil. Tal realidade levou a Alemanha, em 1859, a proibir a saída de imigrantes em direção ao Brasil, para impedir que seus cidadãos fossem enganados e escravizados.
Além dos cafezais da região Sudeste, outra grande área de atração de imigrantes europeus, com destaque para portugueses, italianos e alemães, foi o Sul do país. Nessa região, os imigrantes ganhavam a propriedade da terra, onde fundaram colônias de povoamento (pequena e média propriedade, mão-de-obra familiar, produção policultora destinada ao abastecimento interno) que prosperaram bastante, tais como Porto Alegre, Florianópolis e Itajaí, fundadas por portugueses; Joinville e Blumenau, por alemães; Caxias do Sul, Garibaldi e Bento Gonçalves, por italianos, dentre dezenas de outras cidades menos conhecidas. Os espanhóis não fundaram cidades importantes, espalhando-se pelos grandes centros urbanos de todo o centro-sul brasileiro, com destaque para São Paulo e Rio de Janeiro.
Em 1908, aportou em Santos a primeira embarcação trazendo colonos japoneses para trabalharem nas lavouras de café do interior do Estado de São Paulo. Assim como os colonos das demais nacionalidades, sofreram impiedosamente as vicissitudes da escravidão por dívidas, além das enormes dificuldades de adaptação e integração cultural. As diferenças de língua, religião e cultura, associadas ao receio de serem novamente escravizados, levaram os japoneses a criar núcleos de ocupação pouco integrados à sociedade como um todo. Eles respondem por aproximadamente 5% do total de imigrantes livres que ingressaram no país. Desde meados dos anos 70, muitos de seus descendentes estão migrando das áreas tradicionais de ocupação da colônia, já plenamente integradas ao cotidiano nacional, e espalhando-se pelos diversos pontos do país. Outros, fazendo o caminho inverso de seus ancestrais, estão imigrando em direção ao Japão (dekasseguis), onde trabalham em linhas de produção, ocupando posições subalternas, renegadas por cidadãos japoneses.
Entre as correntes imigratórias de menor expressão numérica, destaca-se os eslavos, na região de Curitiba; os chineses e os coreanos, na capital paulista; e os judeus, os sírios, os libaneses e os latinos-americanos em geral espalhados pelo país.
Vale lembrar que, atualmente, o Brasil se tornou um país onde o fluxo imigratório é negativo, ou seja, o total de emigrantes é maior que o número de pessoas que ingressaram no país. Muitos brasileiros têm se transferido para os Estados Unidos, Europa e Japão, em busca de melhores condições de vida, já que os salários pagos no Brasil são dos mais baixos do mundo. Como a maioria dos emigrantes entram clandestinamente nos países a que se dirigem, há apenas estimativas precárias quanto ao volume total de imigração. Para ter uma idéia, apenas em Nova Iorque residem cerca de 120 mil brasileiros.

O crescimento vegetativo da população brasileira
Como vimos, o crescimento vegetativo ou natural correspondente a diferença entre as taxas de natalidade e de mortalidade. No Brasil, embora essas duas taxas tenham declinado no período de 1940 – 1960, foi somente a partir da década de 60 que o crescimento vegetativo passou a diminuir.
Se a taxa de mortalidade apresentar uma queda maior que a verificada na taxa de natalidade, o crescimento vegetativo aumenta. Para que ele diminua, a queda da natalidade tem de ser mais acentuada que a de mortalidade. Logo após a Segunda Guerra Mundial, em todos os países, houve uma queda brutal nas taxas de mortalidade, graças aos progressos obtidos na medicina durante o conflito. A taxa de crescimento vegetativo, portanto, aumentou significativamente. A partir da década de 60, com a urbanização acelerada no Brasil, a taxa de natalidade passou a cair de forma mais acentuada que a taxa de mortalidade. Consequentemente, o crescimento vegetativo começou a diminuir, embora ainda apresentasse valores muito altos, típicos de países subdesenvolvidos.
A taxa de mortalidade brasileira já atingiu um patamar próximo a 6%, tendendo a se estabilizar por algumas décadas e, posteriormente, crescer, chegando a 8 ou 9%, quando o percentual de idosos no conjunto total da população aumentar.

A estrutura da população brasileira
Com a queda das taxas de natalidade e de mortalidade, acompanhada do aumento da experiência de vida da população brasileira, a pirâmide de idades vem apresentando uma significativa redução de volume na base, onde se encontram os jovens (46,5%), e um aumento da participação percentual das pessoas adultas (46,4%) e idosas (7,1%). A redução da participação dos jovens no conjunto total da população, porém, foi acompanhada pelo esfacelamento dos sistemas públicos de educação e saúde e de um brutal agravamento do processo de concentração de renda. A consequência, óbvia, é que, num futuro próximo, grande parcela desses jovens se transformarão em mão-de-obra desqualificada e mal remunerada, despreparada para o desempenho de atividades que envolvam domínios de novas tecnologias e incapaz, portanto, de sustentar maiores índices de crescimento econômico acompanhados de desenvolvimento social.
Quanto à distribuição da população brasileira por sexo, o país de insere na dinâmica global: nascem cerca de 106 homens para cada 100 mulheres, mas a taxa de mortalidade masculina é maior e a expectativa de vida, menor. Assim, embora nasçam mais homens que mulheres, é comum as pirâmides apresentarem uma quantidade ligeiramente superior de população feminina, já que as mulheres vivem mais. Segundo o censo de 1991, o Brasil tinha 72,2 milhões de homens (49,4%) e 74 milhões de mulheres (50,6%).
Uma parcela significativa da PEA (23,2%) trabalha no setor primário da economia, o que retrata o atraso da agricultura. Embora esse número venha declinando graças a modernização e à mecanização agrícola em algumas regiões, na maior parte do país a agricultura é praticada de forma tradicional e ocupa muita mão-de-obra.
Um percentual de 23,8% da PEA no setor secundário indica que o país possui um grande parque industrial. Embora o número esteja um pouco baixo do verificado em países plenamente industrializados, esconde o atraso tecnológico da maior parte do parque industrial. Lembre-se que esse número, analisado de forma isolada, não reflete a produtividade do trabalhador e o grau de desenvolvimento tecnológico do parque industrial.
Já o setor terciário, num país subdesenvolvido, é o que apresenta maiores problemas, por conter o subemprego. No Brasil, 53% da PEA dedica-se ao setor, mas é óbvio que grande parte desses trabalhadores não está efetivamente prestando serviços aos demais habitantes. Estão apenas atrás de sobrevivência, complementação da renda familiar e combate ao desemprego em atividades informais, desde o camelô até o vendedor de farol. Mesmo no setor formal de serviços (bancos, escolas, hospitais, repartições públicas, transporte, etc.), verifica-se a presença de algumas instituições modernas ao lado de outras muito atrasadas, fato facilmente observável ao compararmos a qualidade de ensino de qualquer grau oferecido em escolas públicas e privadas.
Quanto à distribuição de renda, o Brasil apresenta uma das maiores concentrações do planeta.

A PEA e a distribuição de renda no Brasil
A participação dos pobres na renda nacional vem diminuindo e a dos ricos vem aumentando sistematicamente. Essa dinâmica perversa, que impede o país de almejar a condição de nação desenvolvida, foi estruturada principalmente no processo inflacionário de preços, nunca totalmente repassados aos salários, e num sistema tributário pelo qual a carga de impostos indiretos (ICMS, IPI, ISS, etc.), que não destinguem faixas de renda, chega a 50% da arrecadação. Os impostos diretos (de renda, IPTU, IPVA), que possuem alíquotas progressivas, diferenciadas segundo a renda, ou são incluídos no preço das mercadorias e tornam-se indiretos para os consumidores ou são simplesmente sonegados. O governo agrava ainda mais o processo de concentração de renda ao aplicar seus recursos em benefício de setores ou atividades privadas, em detrimento dos investimentos públicos em educação, saúde, transporte coletivo, habitação, saneamento e lazer.

Os movimentos internos
As migrações pelo território brasileiro, assim como qualquer movimento populacional, ocorrem por motivos que impelem a população a se deslocar pelo espaço de forma permanente ou temporária. Ao longo da história, verificamos que esses movimentos migratórios estão associados a fatores econômicos, desde o tempo da colonização. Quando terminou o ciclo da cana-de-açúcar no Nordeste e teve início o ciclo do ouro, em Minas Gerais, houve um enorme deslocamento de pessoas e um intenso processo de urbanização no novo centro econômico do país. Graças ao ciclo do café e, posteriormente, com o processo de industrialização, a região Sudeste pôde se tornar efetivamente o grande pólo de atração de migrantes, que saíam de sua região de origem em busca de emprego ou de melhores salários. Somente a partir da década de 70, juntamente com o processo de descentralização da atividade industrial, a migração em direção ao Sudeste apresentou significativa queda.
Qualquer região do país que receba investimentos produtivos, públicos ou privados, que aumentem a oferta de emprego, receberá também pessoas dispostas a preencher os novos postos de trabalho. É o que se verifica atualmente no estado de São Paulo. As cidade médias e grandes do interior – Ribeirão Preto, Sorocaba, Campinas, São José do Rio Preto, entre dezenas de outras – apresentam índices de crescimento econômico e, portanto, populacional, maiores que os verificados na Grande São Paulo. Essa dinâmica foi possibilitada pelo pleno desenvolvimento dos sistemas de transporte, energia e comunicações, que integraram o interior do estado não só ao país, mas ao planeta. Boa parte da produção econômica estadual é destinada ao mercado externo.
Atualmente, São Paulo e Rio de Janeiro são as capitais que menos crescem no Brasil. Em primeiro lugar, aparecem algumas capitais de estados da Amazônia, com destaque para Porto Velho (RO), localizada em área de grande expansão das atuais fronteiras agrícolas do país. Em seguida, vem as cidades nordestinas e, finalmente as do Sul do Brasil.

Exôdo rural e migração pendular
De meados da década de 50 até o final dos anos 70, período em que foram muito acelerados o processo de industrialização nas grandes cidades e a concentração de terras no campo, o Brasil sofreu um intenso exôdo rural, ou seja, a saída de pessoas do campo em direção às cidades. Como essas cidades não receberam investimentos públicos em obras de infra-estrutura urbana (habitação, saneamento básico, saúde, educação, transportes coletivos, lazer e abastecimento), passaram a crescer em direção à periferia, onde eram construídas enormes favelas e loteamentos clandestinos, sobretudo ao redor dos bairros industriais. Esse processo levou ao surgimento das metrópoles, um conjunto de cidades interligadas, onde ocorrem uma migração diária entre os municípios, fenômeno conhecido como migração pendular. Para a população que realiza esse movimento diário, a reestruturação dos transportes coletivos metropolitanos é urgente.

Turbulência
A transumância é um movimento populacional sazonal, ou seja, que ocorre em certos períodos do ano e que sempre se repete. No Brasil, já é considerada histórica a transumância da população que mora no polígono das secas, na região Nordeste. Os órgãos públicos responsáveis pelo combate à seca atendem prioritariamente aos interesses dos latifundiários, excluindo os despossuídos do acesso frequente a açudes e sistemas de irrigação. A consequência óbvia é previsível é que em março, quando pára de chover no Sertão, os pequenos e médios proprietários são obrigados a migrar para o Agreste ou para a Zona da Mata, em busca de uma ocupação que lhes permita sobreviver até dezembro, quando volta a chover no Sertão e eles retornam às suas propriedades.
Também é comum a transumância praticada pelos bóias-frias volantes, que não possuem residência fixa. O trabalho volante é temporário, só ocorre durante o período do plantio, da colheita ou do corte da cana-de-açúcar, por exemplo. Tal situação obriga os trabalhadores a migrar de cidade em cidade atrás de serviço. A partir da década de 80, nas regiões do país em que os sindicatos rurais se fortaleceram, esse movimento periódico passou a ser programado com antecedência, de forma a manter os bóias-frias com ocupação ao longo de todo ano, em locais preestabelecidos.

Migração urbana-urbana
Atualmente, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, é significativa a saída de população das metrópoles em direção às cidades médias do interior. A causa desse movimento é que as metrópoles estão completamente inchadas, com precariedade no atendimento de praticamente todos os serviços públicos, alto índices de desemprego e criminalidade. Já as cidades do interior desses estados, além de estar passando por um período de crescimento econômico, oferecem melhor qualidade de vida à população.





AFRO-BRASILEIRO

Afro-brasileiro

Pintura de Debret

População total
"Negros": c. 12,908 milhões (6.9% pop. Brasil)

“Pardos": c. 79,782 milhões (42.6% pop. Brasil)

"Total":c. 92.69 milhões (49.5% pop. Brasil) [1]

Regiões com população significativa
Brasil, principalmente nas regiões sudeste e nordeste

Línguas
Português

Religiões
Predominantemente Cristianismo
(maioria Igreja Católica)

Grupos étnicos relacionados
Afro-americanos, Afro-argentinos, Afro-chilenos, Afro-cubanos, Afro-equatorianos, Afro-latino-americanos, Afro-mexicanos, Afro-peruanos, Afro-trinidadianos, Afro-caribenhos, Afro-jamaicanos, Afro-costariquenhos, Afro-uruguaios
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O termo afro-brasileiro designa tanto pessoas com ascendência da África subsaariana quanto a influência cultural trazida pelos escravos africanos para o Brasil.
O Brasil tem a maior população de origem africana fora da África. Segundo o IBGE, os auto-declarados negros representam 6,3% e os pardos 43,2% da população brasileira, ou seja, oitenta milhões de brasileiros[2]. Tais números são ainda maiores quando se toma por base estudos genéticos: 86% dos brasileiros apresentam mais de 10% de contribuição da África subsaariana em seu genoma. Devido ao alto de grau de miscigenação, brasileiros com ascendentes da África subsaariana podem ou não apresentar fenótipos característicos de populações negras [3].
A maior concentração de afro-brasileiros está no estado da Bahia, onde 80% da população tem ascendência da África subsaariana[4].

História

Escravas africanas de diferentes origens com penteados seguindo a moda européia
O Brasil recebeu cerca de 37% de todos os escravos africanos que foram trazidos para as Américas[carece de fontes?]. A quantidade total de africanos subsaarianos que chegaram no Brasil tem estimativas muito variadas: alguns citam mais de três milhões de pessoas[carece de fontes?], outros quatro milhões[5]. O tráfico de negros da África começou por volta de 1550.[carece de fontes?]
Durante o período colonial, os escravos de origem africana ou indígena eram a quase totalidade da mão-de-obra da economia do Brasil, utilizados principalmente na exploração de minas de ouro e na produção de açúcar.[carece de fontes?]
Os homens eram a grande maioria dos escravos traficados, o que afetava o equilíbrio demográfico entre a população afro-brasileira. No período 1837-1840, os homens constituíam 73,7% e as mulheres apenas 26,3% da população escrava. Além disto, os donos de escravos não se preocupavam com a reprodução natural da escravaria, porque era mais barato comprar escravos recém trazidos pelo tráfico internacional do que gastar com a alimentação de crianças[6]. Em relação à grande quantidade de africanos negros que aqui chegaram, a sociedade brasileira têm até poucos de seus genes considerando-se o desequilíbrio que havia entre a quantidade de homens e mulheres, além da maior mortalidade entre a população de escravos[7].
Embora tenha sido proibido por várias leis anteriores, o tráfico internacional de escravos para o Brasil só passou a ser combatido através da lei Eusébio de Queirós de 1850, depois da pressão política e militar da Inglaterra.[carece de fontes?]
A escravidão foi diminuída no decorrer do século XIX com a Lei do Ventre Livre e a Lei dos Sexagenários, mas somente em 1888 foi definitivamente abolida através da Lei Áurea assinada pela Princesa Isabel. O Brasil foi a última nação ocidental a abolir a escravidão.[carece de fontes?]
No final do século XIX e início do século XX, os afro-brasileiros mulatos tiveram uma importante partícipação na produção cultural das elites e na política. Nesta época, viveram escritores como Machado de Assis e Lima Barreto, jornalistas como José do Patrocínio, filósofos como Tobias Barreto[8], políticos como o barão de Cotejipe[8], e o notável engenheiro André Rebouças[8] que até tornou-se amigo íntimo da família imperial. No mesmo período, um mulato, Nilo Peçanha[8][9][10][11][12], assumiu a presidência da República, e dois outros, Hermenegildo de Barros[13] e Pedro Lessa[13] tornaram-se ministros do STF. Esta característica da sociedade brasileira, que não tem similar em qualquer outra da América, já vinha ocorrendo desde os tempos coloniais em que mulatos como o escultor Aleijadinho, o arquiteto mestre Valentim e o compositor sacro José Maurício Nunes Garcia reproduziam e inovavam as artes aprendidas com europeus.
A participação dos mulatos na vida intelectual e política brasileira diminuiu abruptamente nos meados do século XX enquanto começam a se destacar os descendentes de imigrantes europeus e sírio-libaneses recém-chegados[carece de fontes?]. Por outro lado, simultaneamente, as formas de cultura popular afro-brasileiras começaram a ser aceitas pelas elites brasileiras e até celebradas como as genuinamente nacionais[carece de fontes?]. As formas de música popular e danças afro-brasileiras tornaram-se então predominantes, destacando-se a fama internacional do samba; mestre Bimba apresenta, em 1953, a capoeira ao presidente Getúlio Vargas que a chama de "único esporte verdadeiramente nacional"; as perseguições às religiões afro-brasileiras diminuem e a Umbanda carioca passa a ser seguida pela classe média-branca[14]; escritores e compositores pertencentes à elite branca, como Jorge Amado, Toquinho e Vinícius de Moraes[carece de fontes?] utilizam e celebram as formas musicais e religiões afro-brasileiras; o futebol, esporte inicialmente das elites brancas, passou a ter jogadores negros e mulatos idolatrados por todo país. Chegou-se assim no paradoxo da situação atual em que a cultura afro-brasileira predomina no âmbito popular, mas a participação de afro-brasileiros é pequena na política, na literatura, nas ciências e na produção artística mais erudita das elites brasileiras.[carece de fontes?]

Origens
O tráfico negreiros classificava os escravos utilizando vários termos como Nagôs, Jejes, Mina, Angolas, Congos e Fulas, os quais se referem mais propriamente à região de origem do que a nações ou culturas. Cada um destes termos inclui, portanto, diferentes etnias. Outra fonte de confusão é que muitas vezes os escravos eram classificados pelo tráfico negreiro de acordo com a língua que falavam ou entendiam como, por exemplo, Nagôs (que entendiam Iorubá) e Haúças (que entendiam a língua haúça, língua comercial espalhada por toda África Central, antigamente chamada de sudanês).[carece de fontes?]
Os africanos mandados para o Brasil são divididos grosso modo em dois grandes grupos: os Bantu e os oeste-africanos.

Bantus
Os Bantus são descendentes de um grupo etnolingüístico que se espalhou rápida e recentemente desde a atual região de Camarões em direção ao sul, atingindo tanto o litoral oeste quanto o leste da África. Como esta expansão foi recente, as diferentes nações Bantus têm muitos aspectos étnico-culturais, linguísticos e genéticos em comum, apesar da grande área pela qual se espalharam[15].
Os Bantus trazidos para o Brasil vieram das regiões que atualmente são os países de Angola, República do Congo, República Democrática do Congo, Moçambique e, em menor escala, Tanzânia. Pertenciam a grupos étnicos que os traficantes dividiam em Cassangas, Benguelas, Cabindas, Dembos, Rebolo, Anjico, Macuas, Quiloas, etc.
Constituíram a maior parte dos escravos levados para o Rio de Janeiro, Minas Gerais e para a zona da mata do Nordeste[16][17][18].

Oeste-africanos
Os oeste-africanos provinham de uma vasta região litorânea que ia desde o Senegal até a Nigéria, alem do interior adjacente. A faixa de terra fronteiriça ao sul da região do Sahel, que se estende no sentido oeste-leste atravessando toda a África, é denominada Sudão. Frequentemente, os escravos de origem oeste-africana são chamados de sudaneses, o que causa confusão com os habitantes do atual país Sudão, que comprovadamente não forneceu escravos para as Américas. Além disto, apenas parte dos escravos de origem oeste-africana vieram da vasta região chamada Sudão. Os nativos do oeste-africano foram os primeiros escravos a serem levados para as Américas sendo chamados, nesta época, de negros da Guiné[18].
Os oeste-africanos eram principalmente nativos das regiões que atualmente são os países de Costa do Marfim, Benim, Togo, Gana e Nigéria. A região do golfo de Benim foi um dos principais pontos de embarque de escravos, tanto que era conhecida como Costa dos Escravos. Os oeste-africanos constituíram a maior parte dos escravos levados para a Bahia[16]. Pertenciam a diversos grupos étnicos que o tráfico negreiro dividia, principalmente, em:
• Nagôs - os que falavam ou entendiam a língua dos Iorubás, o que incluía etnias como os Kètu, Egba, Egbado, Sabé, etc;
• Jejes - que incluía etnias como Fons, Ashanti, Ewés, Fanti, Mina e outros menores como Krumans, Agni, Nzema, Timini, etc.
Os Malês eram escravos de origem oeste-africana, na maior parte falantes da língua haúça, que seguiam a religião muçulmana. Muitos deles falavam e escreviam em língua árabe, ou usavam caracteres do Árabe para escrever em Haúça[carece de fontes?]. Além dos Hauçás, isto é, dos falantes de língua haúça, outras etnias islamizadas trazidas como escravos para o Brasil foram os Mandingas, Fulas, Tapa, Bornu, Gurunsi, etc.
Havia também oeste-africanos de outras etnias além das acima citadas como os Mahis, Savalu e vários outros grupos menores.


Rotas do tráfico entre Brasil e África
Cada época da História do Brasil tem diferentes portos importantes de embarque de escravos, e cada porto recebia escravos provenientes de uma grande região que ia até de centenas de quilômetros para o interior da África. Portanto, a origem étnica dos escravos recebidos no Brasil é muito variada, além de se ter alterado ao longo dos séculos de tráfico negreiro.
Apesar disto, os grupos étnicos acabaram se dividindo por locais, com preponderância dos Bantos no Rio de Janeiro e dos escravos oeste-africanos na Bahia e norte do Brasil[16]. Uma das razões foi o momento histórico em que ocorreu cada ciclo econômico em uma região diferente do Brasil (açúcar no nordeste, ouro em Minas Gerais e café no Rio de Janeiro) e a oferta maior de escravos em uma região da África
Os portos de embarque na África concentravam escravos provenientes de uma grande região que ia até de centenas de quilômetros pelo litoral e para o interior do continente. De modo simplificado, podemos dizer que os escravos africanos trazidos para o Brasil originavam-se nos seguintes locais de embarque:
• Oeste-Africano: portos do Senegal e Gâmbia (em menor escala, a ilha de Gorée)[19][20], Mina (hoje Elmina) em Gana, Uidá em Benim e Calabar na Nigéria;
• Centro-oeste Africano: portos de Cabinda (próximo a foz do rio Congo) e Luanda, ambos na atualAngola;
• Leste Africano: portos de Ibo, Lourenço Marques e Inhambane em Moçambique; portos de Zanzibar e Quiloa na atual Tanzânia[18].
Cada época da História do Brasil tem diferentes portos importantes de embarque de escravos na África, portanto, a origem étnica dos escravos recebidos no Brasil é muito variada ao longo dos séculos de tráfico negreiro. Ao mesmo tempo, cada ciclo econômico (açúcar no nordeste, ouro em Minas Gerais e café no Rio de Janeiro) fazia com que uma região diferente do Brasil demandasse mais mão-de-obra escrava do que as outras. Assim temos:
• séculos XVI e XVII: portos do Senegal e Gâmbia (em menor escala, a ilha de Gorée)[19][20] enviando escravos da região oeste-africana (negros da Guiné) principalmente para Salvador e Recife;
• séculos XVIII: Portos de Mina, Uidá, Calabar; Cabinda e Luanda; e Zanzibar enviando escravos que eram desembarcados principalmente em Salvador e Rio de Janeiro, de onde a maior parte ia para a Minas Gerais[17];
• século XIX: Portos de Mina, Uidá e Calabar; Cabinda e Luanda; Zanzibar e Quiloa; Ibo, Lourenço Marques e Inhambane enviando escravos que eram desembarcados principalmente em Salvador e Rio de Janeiro[18], de onde a maior parte seguia para as plantações de café no vale do Paraíba do Sul e cana-de-açúcar do norte fluminense.
Na primeira metade do século XIX, em que ocorreu o apogeu do tráfico de escravos para o Brasil, os escravos do oeste-africano iam principalmente para Salvador, enquanto os centro-oeste e leste-africano iam principalmente para o Rio de Janeiro. A razão é simplesmente a distância menor entre portos de embarque e desembarque, transportando uma carga que literalmente perecia com as más condições da viagem. Deste modo, os grandes grupos étnicos acabaram predominando em alguns locais como os Bantos no Rio de Janeiro e dos escravos oeste-africanos na Bahia e norte do Brasil[16].

Imigração africana recente
Nas décadas recentes, africanos negros têm imigrado ao Brasil[21], especialmente de países que falam português como Angola, Cabo Verde e São Tomé e Principe, em busca de oportunidades de trabalho ou comerciais. De qualquer modo, a sua quantidade é muito pequena em comparação aos afro-brasileiros descendentes de escravos.
Atualmente, há nas universidades públicas e particulares brasileiras um número expressivo de estudantes africanos, na maioria provenientes dos países lusófonos, muitos usufruindo de bolsas concedidas em projetos de cooperação internacional pelos órgãos financiadores do Brasil (CAPES, CNPq e outros) conforme informam os relatórios do MEC.[carece de fontes?]

Demografia
Entrada de escravos africanos no Brasil(IBGE)

Período 1500-1700 1701-1760 1761-1829 1830-1855
Quantidade 510.000 958.000 1.720.000 718.000
Durante os séculos XVII e XVIII, os negros e mulatos foram a grande maioria da população brasileira. O crescimento da entrada de escravos africanos a partir do século XVI, o extermínio dos indígenas e a relativamente pequena quantidade de colonos portugueses contribuíram para o surgimento de uma maioria de afrodescendentes no Brasil.
Por outro lado, o crescimento da população de afro-brasileiros foi relativamente pequeno em comparação com a entrada de escravos da África subsaariana[7]. Primeiro porque os homens eram a grande maioria dos escravos traficados para o Brasil, atingindo quantidades até oito vezes maiores do que a de mulheres[16]. Segundo, porque a mortalidade era muito maior entre os escravos do que entre o resto da população brasileira. Em certos momentos da História do Brasil, o crescimento da população de afro-brasileiros deveu-se somente ao crescimento do tráfico de escravos[7]. A população de afro-brasileiros cresceu com força com a melhoria de tratamento dos escravos que ocorreu depois do fim do tráfico com a Lei Eusébio de Queirós de 1850.

Desembarque estimado de africanos[22]

Qüinqüênios Local de desembarque
Total Sul da
Bahia Bahia
Norte da
Bahia
Total 2.113.900 1.314.900 409.000 390.000
1781-1785 (63.100) 34.800 ... 28.300
1786-1790 97.800 44.800 20.300 32.700
1791-1795 125.000 47.600 34.300 43.100
1796-1800 108.700 45.100 36.200 27.400
1801-1805 117.900 50.100 36.300 31.500
1806-1810 123.500 58.300 39.100 26.100
1811-1815 139.400 78.700 36.400 24.300
1816-1820 188.300 95.700 34.300 58.300
1821-1825 181.200 120.100 23.700 37.400
1826-1830 250.200 176.100 47.900 26.200
1831-1835 93.700 57.800 16.700 19.200
1836-1840 240.600 202.800 15.800 22.000
1841-1845 120.900 90.800 21.100 9.000
1846-1850 257.500 208.900 45.000 3.600
1851-1855 6.100 3.300 1.900 900
Em 1800, estima-se que os negros eram cerca de 47% da população, contra 30% de mulatos e 23% de brancos. Em 1872, os afro-brasileiros (negros e mulatos) eram cerca de 60% da população (seis milhões de pessoas) e os brancos apenas 37%. Em 1890, os afro-brasileiros constituíam 57% da população brasileira (oito milhões) e os brancos apenas 43%.
Essa situação se inverteu no final do século XIX. Em 1880, os negros estavam reduzidos a cerca de 20% da população, contra 42% de mulatos e 38% de brancos. Com a entrada do século XX, os afro-brasileiros deixaram de representar a maioria da população. Em 1950, os afro-brasileiros constituíam 38% da população e os brancos subiram para 62%[23].
Os fatores que contribuíram para a brusca diminuição no número de negros e mulatos foram diversos. Primeiro, houve a grande imigração européia no Brasil em fins do século XIX e início do século XX. Segundo, a mortalidade era bem maior entre os afro-brasileiros que, em geral, não tinham acesso à boa alimentação, saneamento básico e serviços médicos. Finalmente, a miscigenação entre brancos e mestiços cresceu gerando um grande número de pessoas fenotipicamente brancas.
Referindo-se à diminuição de negros na população brasileira, João Batista de Lacerda, único latino-americano a apresentar um relatório no I Congresso Universal de Raças, em Londres, no ano de 1911, escreveu que: "no Brasil já se viram filhos de métis apresentarem, na terceira geração, todos os caracteres físicos da raça branca[...]. Alguns retêm uns poucos traços da sua ascendência negra por influência dos atavismo(...) mas a influência da seleção sexual (...) tende a neutralizar a do atavismo, e remover dos descendentes dos métis todos os traços da raça negra(...) Em virtude desse processo de redução étnica, é lógico esperar que no curso de mais um século os métis tenham desaparecido do Brasil. Isso coincidirá com a extinção paralela da raça negra em nosso meio".


Evolução em valores absolutos da população de cada cor[23]



A política de imigração brasileira no século XX não era somente um meio de colonizar e desenvolver, mas também de "civilizar" e "embranquecer" o país com população européia. O decreto no 528 de 1890, assinado pelo presidente Deodoro da Fonseca e pelo ministro da Agricultura Francisco Glicério determinava que a entrada de imigrantes da África e da Ásia seria permitida apenas com autorização do Congresso Nacional. O mesmo decreto não restringia, até incentivava, a imigração de europeus. Até ser revogado em 1907, este decreto praticamente proibiu a imigração de africanos e asiáticos para o Brasil[24]. Apesar de necessitar muito de mão-de-obra pouco qualificada em vários momentos históricos, depois do fim do tráfico de escravos para o Brasil nunca se pensou em trazer imigrantes livres da África.
Distribuição geográfica
Desde os tempos coloniais, há uma distribuição irregular da população de afrodescendentes no Brasil. Atualmente, porém, pode-se encontrar populações negras e pardas em todas as regiões brasileiras.
Depois da região nordeste, a região sudeste tem o maior número de afrodescendentes, seguida pelo Centro-Oeste. A região sul tem o menor número de afrodescendentes.
As regiões norte e nordeste abrigam a maior concentração de pessoas que se declaram pardas. Todavia, no caso da região norte, a maior parte dos pardos são de origem indígena, enquanto que, na região nordeste, a maior parte dos pardos são origem africana.
Os estados com maior porcentagem de afrodescendentes são a Bahia, com 13% de pretos e 60,1% de pardos, o Maranhão com 9,6% de pretos e 62,3% de pardos, e Alagoas com 5% de pretos e 59,5% de pardos. O estado de Santa Catarina tem a menor porcentagem de afrodescendentes: apenas 8,5% dos seus habitantes se declaram negros ou pardos.

Miscigenação
40,8% de ancestralidade européia, 39,7% africana e 19,6% ameríndia
Além da imigração européia do final do século XIX e início do século XX, um dos fatores que causaram a diminuição da população negra no Brasil foi a intensa miscigenação[25] entre brancos e negros que ocorreu desde o início do tráfico negreiro. A reduzida população de mulheres brancas acabou por acarretar um grande número de relacionamentos entre portugueses e africanas, assim como tinha acontecido no início da colonização entre portugueses e ameríndias. Alguns mulatos eram alforriados e, em grupos mais restritos, educados, todavia, a maioria deles continuava a ser escrava. Esse fenômeno não foi exclusivo da América Portuguesa, tendo ocorrido em toda a América Latina e, em menor escala, na América do Norte. A partir do século XIX, também tornaram-se mais comuns relacionamentos entre mulheres brancas e homens negros.
Também houve a miscigenação entre os africanos e os indígenas brasileiros, cujos descendentes são denominados cafuzos.
Pesquisas genéticas
Uma recente pesquisa genética, encomendada pela BBC Brasil, analisou a ancestralidade de 120 brasileiros auto-declarados negros que vivem em São Paulo[26]. Foram analisados o cromossomo Y, herdado do pai, e o DNA mitocondrial, herdado da mãe. Ambos permanecem intactos através de gerações porque não se misturam com outros materiais genéticos provenientes do pai ou da mãe, salvo as raras mutações que podem ocorrer. O DNA mitocondrial de cada pessoa é herdado da sua mãe, e esta o herdou do ancestral materno mais distante (a mãe da mãe da mãe etc). Já o cromossomo Y, presente apenas nos homens, é herdado do pai, e este o herdou do ancestral paterno mais distante (o pai do pai do pai etc).
Miscigenação racial dos brasileiros
Valores arredondados provenientes de duas pesquisas independentes feitas respectivamente com brasileiros negros e com brasileiros brancos
Lado Origem Negros Porc.(%)[27]
Brancos Porc.(%)[28]

Materno
(DNAmt)
África subsaariana
85% 29%
Européia
2,5% 38%
Ameríndia
12,5% 33%
Paterno
(Cromossomo Y)
África subsaariana
48% 2%
Européia
50% 98%
Ameríndia
1,6% 0%
Esta pesquisa mostrou proporções quase iguais de pessoas com Cromossomo Y provenientes da Europa (50%) e da África subsaariana (48%) no grupo de brasileiros negros que foi analisado. Com segurança pode-se afirmar que metade (50%) desta amostra de negros brasileiros são descendentes de pelo menos um europeu homem. Por outro lado, esta pesquisa mostrou que no grupo de brasileiros e brasileiras negros analisados, cerca de 85% das pessoas tinham DNA mitocondrial originado de uma antepassada da África subsaariana e 12,5% de uma Ameríndia[27].
Se o grupo analisado representa uma boa amostra da população brasileira, pode-se dizer que os brasileiros negros descendem pelo lado paterno tanto de europeus quanto de africanos subsaarianos, embora pelo lado materno sejam na maior parte descendentes de africanas subsaarianas (85%). Nota-se também que uma parte considerável (12,5%) deste grupo de brasileiros auto-declarados negros é descendentes pelo lado materno de pelo menos uma ancestral Ameríndia.
A mesma pesquisa genética também analisou a ancestralidade de afro-brasileiros famosos. O resultado surpreendeu ao mostrar que pessoas auto-classificadas e consideradas negras perante a sociedade apresentam alto grau de ancestralidade européia. Alguns resultados obtidos foram:
• Daiane dos Santos, atleta : 40,8% de genes europeus, 39,7% da África subsaariana e 19,6% ameríndios[29];
• Neguinho da Beija-Flor, sambista : 67% de genes europeus e 32% da África subsaariana[30];
• Ildi Silva, atriz : 71,3% de genes europeus, 19,5% de genes da África subsaariana e 9,3% ameríndios[31];
• Sandra de Sá, cantora : 96,7% de genes da África subsaariana[32];
• Milton Nascimento, compositor e canto : 99,3% de genes da África subsaariana[33].

População brasileira branca com 10% ou mais de genes provenientes da África subsaariana[28]

Região Porc.(%)
Brasil - Norte, Nordeste e Sudeste
75%
Brasil - Sul
49%
Estados Unidos
11%
Outra pesquisa genética demonstrou que brasileiros brancos também são resultado de intensa miscigenação e, como esperado, que o ancestral não-europeu está mais comumente do lado materno. Surpreendentemente, as mesmas pesquisas também mostraram que os brasileiros brancos são resultado mais da miscigenação com ameríndias do que com africanas subsaarianas, embora a diferença seja pequena[28] (os resultados desta pesquisa foram colocados na mesma tabela com a pesquisa genética de brasileiros negros anteriormente mencionada). A mesma pesquisa permitiu comparar o grau de miscigenação dos brasileiros brancos com o de estadunidenses brancos, comprovando-se, como esperado, que os primeiros são muito mais miscigenados[28].
Os mesmos estudos genéticos demonstraram que considerando-se todos os brasileiros, brancos e negros, cerca de 45% possuem 90% ou mais de genes africanos subsaarianos; e que cerca de 86% possuem 10% ou mais de genes africanos subsaarianos[28].
Influências na cultura brasileira


Baianas com trajes típicos
Ver artigo principal: Cultura Afro-brasileira
Referências
1. ↑ PNAD (em português) (2006). Página visitada em 14-09-2007.
2. ↑ http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2006/indic_sociais2006.pdf
3. ↑ PENA, Sérgio D.J.; BORTOLINI, Maria Cátira. Pode a genética definir quem deve se beneficiar das cotas universitárias e demais ações afirmativas? São Paulo: Estudos Avançados, vol.18 no.50 Jan./Apr. 2004
4. ↑ http://www.ibge.gov.br/estadosat/perfil.php?sigla=ba
5. ↑ http://www.ibge.gov.br/brasil500/index2.html
6. ↑ TOLEDO, Renato Pompeu de. À Sombra da Escravidão (visitada em 22 de agosto de 2008)
7. ↑ 7,0 7,1 7,2 MOURA FILHO, Heitor Pinto de. Demografia da Escravidão. Um micromodelo dos efeitos do tráfico. Trabalho apresentado no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais; Caxambu, Minas Gerais, 18 a 22 de setembro de 2006 (visitado em 10 de setembro de 2008)
8. ↑ 8,0 8,1 8,2 8,3 Herança da Escravidão: A Problemática da Miscigenação e da Hierarquia, pág 61
9. ↑ BEATTIE, Peter M. The Tibute of Blood: Army, Honor, Race, and Nation in Brazil, 1864-1945, pp. 7. Duke University Press, 2001. ISBN 0822327430,9780822327431
10. ↑ ANDRADE, Manuel Correia de. A Civilização Açucareira, pág. 3. Biblioteca SEBRAE Online (visitado em 19 de agosto de 2008)
11. ↑ VASCONCELLOS, Francisco de. As Grandes Damas do Rio Negro na República Velha, in Tribuna de Petrópolis, 20 de maio de 2001 (visitado em 9 de agosto de 2008)
12. ↑ FREYRE, Gilberto. Foot-ball mulato, in Diário de Pernambuco, 17-6-1938 apud MARANHÂO, Tiago. Apolíneos e dionisíacos — o papel do futebol no pensamento de Gilberto Freyre a respeito do «povo brasileiro», in Análise Social, vol. XLI (179), 2006, pp 441 (visitado em 9 de agosto de 2008)
13. ↑ 13,0 13,1 Enfim, um negro chega lá; VEJA Magazine, 14 de maio de 2003
14. ↑ BERABA, Marcelo. O Terreiro da Contradição. Folha de São Paulo; 30 de março de 2008
15. ↑ DIAMOND, Jarod. Armas, Germes e Aço. São Paulo: Editora Record, 2002. ISBN: 8501056006
16. ↑ 16,0 16,1 16,2 16,3 16,4 PINHEIRO, Flávio; COSTA, Cristiane. A escravidão e seus mitos. Entrevista com Manolo Florentino. Jornal do Brasil, 21 de Julho de 2001 (visitado 10 de setembro de 2008)
17. ↑ 17,0 17,1 REZENDE, Rodrigo Castro. As Nossas Áfricas: Um Estudo Comparativo sobre a Composição Étnica dos Escravos nas Minas Gerais dos Séculos XVIII E XIX
18. ↑ 18,0 18,1 18,2 18,3 UNESCO 2000. Slave Route Project. Projeto Rota dos Escravos. Mapa das Rotas de Escravos. (Visitado em 10 de setembro de 2008)
19. ↑ 19,0 19,1 CURTIN, Philip. "Goree and the Atlantic Slave Trade". History Net (Visitado em 10 de outubro de 2008)
20. ↑ 20,0 20,1 Les Guides Bleus: Afrique de l'Ouest(1958 ed.), p. 123
21. ↑ A visita ao Ilê Axé Opô Afonjá
22. ↑ IBGE. Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de janeiro : IBGE, 2000. Apêndice: Estatísticas de 500 anos de povoamento. p. 223 apud IBGE. Desembarques no Brasil (visitado em 23 de agosto de 2008)
23. ↑ 23,0 23,1 23,2 REIS, João José. Presença Negra: conflitos e encontros. In Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro: IBGE, 2000. p: 94 apud IBGE. Evolução da População/Cor (visitado em 22 de agosto de 2008)
24. ↑ LIMA, Silvio Cezar de Souza. Os filhos do império celeste: a imigração chinesa e sua incorporação à nacionalidade brasileira. Rede de Memória Virtual Brasileira (visitada em 22 de agosto de 2008)
25. ↑ http://www.frigoletto.com.br/GeoPop/formapop.htm
26. ↑ Especial Raízes Afro-brasileiras - BBC.com
27. ↑ 27,0 27,1 DNA do Negro - Negros de Origem Européia
28. ↑ 28,0 28,1 28,2 28,3 28,4 http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142004000100004&script=sci_arttext&tlng=en#tab06
29. ↑ Daiane dos Santos é 'protótipo da brasileira'. BBC.com
30. ↑ Neguinho da Beija-Flor tem mais gene europeu. BBC.com
31. ↑ Ninguém sabe como me definir, diz atriz negra e '70% européia'. BBC.com
32. ↑ Tenho orgulho de ser quase 100% africana. BBC.com
33. ↑ Milton Nascimento é '99,3% africano'. BBC.com
[editar] Bibliografia
• Vatin, Xavier. Rites et musiques de possession à Bahia. Paris: L'Harmattan, 2005.








A URBANIZAÇÃO NO BRASIL
Resumo: neste capitulo será explicado como a urbanização afetou o Brasil, e contribuiu para formar várias metrópoles em todas as regiões. Mas também contribuiu para alguns problemas sociais.
Podemos afirmar que o Brasil, hoje, é um país urbanizado. Com a saída de pessoas do campo em direção às cidades, os índices de população urbana vem aumentando sistematicamente em todo o país. A parti da década de 60, as cidades passaram por um processo de dispersão espacial, à medida que novas porções do território foram sendo apropriadas pelas atividades agropecuárias.
É considerável o numero de pessoas que trabalham em atividades rurais e residem nas cidades. As greves dos trabalhadores bóias-frias acontecem nas cidades, o lugar onde moram. São inúmeras as cidades que nasceram e cresceram em áreas do país que tem a agroindústria como impulso das atividades econômicas secundárias e terciárias.
Em virtude da modernização do campo, assiste-se a uma verdadeira expulsão dos pobres, que encontram nas grandes cidades seu único refúgio. Como as industrias absorvem cada vez menos mão-de-obra e o setor terciário apresentam um lado moderno, que exige qualificação profissional, a urbanização brasileira vem caminhando lado a lado com o aumento da pobreza e a deterioração crescente das possibilidades de vida digna aos novos cidadãos urbanos.
Os moradores da periferia, das favelas e dos cortiços tem acesso a serviços de infra-estrutura precários. O espaço urbano, quando não oferece oportunidades, multiplica a pobreza.



A REDE URBANA BRASILEIRA
Apenas a parti da década de 40, que se estruturou uma rede urbana em escala nacional. Até então, o Brasil era formado por “arquipélagos regionais” polarizados por suas metrópoles e capitais regionais. A integração econômica entre São Paulo, Zona da Mata nordestina, Meio-Norte e região Sul era extremamente frágil. Com a modernização da economia, primeiro as regiões Sul e Sudeste formaram um mercado único que, depois, incorporou o Nordeste e, mais recentemente, também o Norte e o Centro-Oeste.
As metrópoles concentravam os índices de crescimento urbano e econômico e detinham o poder político em grandes frações do território. É o caso de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre. As metrópoles abrigavam, em 1950, aproximadamente 18% da população do país; em 1970, cerca de 25%; e, em 1991, mais de 30%.
A medida que a infra-estrutura de transportes e comunicações foi se expandindo pelo país, o mercado se unificou e a tendência a concentração urbano-industrial ultrapassou a escala regional, atingindo o país como um todo. Assim, os grandes pólos industriais da região Sudeste, passaram a atrair um enorme contingente de mão-de-obra das regiões que não acompanharam seu ritmo de crescimento econômico e se tornaram metrópoles nacionais. Após a Revolução de 1930, que levou Getulio Vargas ao poder, até meados da décadas de 70, o governo o federal concentrou investimentos de infra-estrutura industrial na região Sudeste, que , em conseqüência, se tornou o grande centro de atração populacional do país. Os migrantes que a região recebeu eram, constituídos por trabalhadores desqualificados e malremunerados, que foram se concentrando na periferia das grandes cidades.
Com o passar dos anos, a periferia se expandiu demais e a precariedades do sistema de transportes urbanos levou a população de baixa renda a preferir morar em favelas e cortiços no centro das metrópoles.
A rede urbana interfere na vida das pessoas de maneiras diferentes. As pessoas de classe social mais alta podem aproveitar de tudo numa metrópole, todos os recursos estão a disposição. Mas outros que já não podem nem levar ao mercado o que produzem, são presos aos preços e as carências locais. Para estes a rede urbana não é totalmente uma realidade.
As condições de determinada região determinam a desigualdade entre as pessoas. Por isso, muitos são cidadãos diminuídos ou incompletos.




AS METRÓPOLES BRASILEIRAS

As regiões metropolitanas brasileiras foram criadas por lei aprovadas no Congresso Nacional em 1973, que as definiu como “um conjunto de municípios contíguos e integrados socioeconomicamente a uma cidade central, com serviços públicos e infra-estrutura comum”.
A medida que as cidades vão se expandindo horizontalmente, ocorre a conurbação, ou seja, elas se tornam contínuas, plenamente integradas, e os problemas de infra-estrutura urbana são comuns ao conjunto de municípios da metrópoles.
Foram criados os conselhos deliberativos e consultivos para administrar esses problemas comuns a um conjunto de cidades. Recebe o nome de Secretária de Estado dos Negócios Metropolitanos. Na prática, acaba tomando decisões administrativas em função de determinações políticas e sob ordens do governador do estado, deixando as determinações técnicas em ultimo plano.
No Brasil, são legalmente reconhecidas treze regiões metropolitanas. Duas delas São Paulo e Rio de Janeiro são nacionais. As outras onze metrópoles, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, Fortaleza, Curitiba, Belém, Baixada Santista, Vitória, São Luís e Natal, são consideradas regionais por exercerem seu poder de polarização apenas em escala regional.
A baixada Santista e a região de Campinas, que, juntamente com o vale do Paraíba, formam a primeira megalópole brasileira entre São Paulo e Rio de Janeiro, agrupam um conjunto de treze cidades-satélites são administrados pelo governo do Distrito Federal. Em 1998, foi aprovado pelo Senado projeto autorizado a Presidência da Republica a instituir a Região Integrada de Desenvolvimento do Entorno. A secretaria do Entorno do Distrito Federal é responsável pela política de planejamento integrado de 42 municípios. Manaus, apesar de ter superado a cifra de um milhão de habitantes e exercer enorme poder de polarização em uma vasta área da Amazônia, não possui nenhum município a ela conurbação e poder, portanto, ser administrada apenas pelo poder municipal.

EXERCÍCIO

1) O que contribuiu para a vinda de muitos para as cidades? E com que conseqüência?




2) Como se formaram os grandes pólos regionais?




3) O que é conurbação?






Gabarito

1) Com a modernização do campo muitos começaram a ser substituídos por melhores desempenhos na agricultura, acarretando na falta de emprego no campo. Com isso, muitos optaram em vir buscar uma melhora de vida nas cidades. A ida de muitas pessoas sem um emprego para as cidades acarretou no aumento da pobreza e a deterioração de uma vida digna aos cidadãos urbanos.
2) O crescimento da infra-estrutura de transportes e comunicações foi se expandindo pelo país. O mercado se unificou e a tendência à concentração urbano-industrial ultrapassou os limites regionais. Pois, até então, as metrópoles tinham influencia apenas regional, agora muitas, por exemplo São Paulo, tem influência em todo o país ou em várias regiões.
3) É o conjunto de municípios contíguos e integrados socioeconomicamente a uma cidade central, com serviços públicos e infra-estrutura comum. Os problemas de infra-estrutura urbana são comuns entre esses municípios.

PLANEJAMENTO E DESIGUALDADES REGIONAIS NO BRASIL
O Combate às Desigualdades Regionais,
Não faltam instrumentos jurídico-administrativos destinados ao planejamento e execução concreta de políticas públicas com a finalidade de promover a redução das desigualdades regionais.
O Brasil é um país desigual. As desigualdades existentes são multifacetadas: sociais, regionais, de gênero, raciais. Interessa ao presente comentário o desequilíbrio federativo, que resulta das enormes disparidades que, por razões históricas, apresentam-se em nossa Federação, fazendo das regiões Sul e Sudeste mais desenvolvidas e com melhores indicadores sociais, enquanto as demais regiões apresentam um quadro de maior pobreza e menor desenvolvimento.
Essa realidade não passou despercebida pela Constituição de 1988, que inclui a redução das desigualdades regionais como princípio fundamental de nossa organização política, prevendo também diversos mecanismos com que tornar efetivo esse programa constitucional.
Com efeito, diz o Art. 3° da Carta Política de 1988:
Art. 3°. Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
(...)
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais.
Para dar conta desse objetivo fundamental, a própria Constituição prevê os seguintes mecanismos:
a)É competência legislativa da União dispor sobre planos e programas regionais e setoriais de desenvolvimento (Art. 48, inciso IV),que devem ser elaborados em consonância com o plano plurianual (Art. 165, § 4°);
b) o Congresso Nacional deverá atribuir a alguma de suas comissões competência para “apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer” (Art. 58, § 2°, inciso VI), bem como exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária (Art. 166, § 1°, inciso II);
c) a redução das desigualdades sociais é um dos princípios da atividade econômica (Art. 170, inciso VII);
d) as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado, a ser estabelecidas em lei, devem incorporar e compatibilizar os planos nacionais e os planos regionais de desenvolvimento (Art. 174, § 1°);
e) os recursos da União vinculados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como os recursos de saúde dos Estados destinados aos respectivos Municípios devem objetivar a progressiva redução das disparidades regionais (Art. 198, § 3°, inciso II);
f) o orçamento fiscal da União e o orçamento de investimento de suas empresas terá como uma de suas funções “reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério populacional” (Art. 165, § 7°);
g) como instrumento de sua atuação administrativa, a União poderá instituir “regiões”, para o fim de articular sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e social, “visando a seu desenvolvimento e à redução das desigualdades regionais” (Art. 43). Essas regiões poderão receber os seguintes incentivos: “I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens de custos e preços de responsabilidade do Poder Público;
II - juros favorecidos para financiamento de atividades prioritárias; III - isenções, reduções ou diferimento temporário de tributos federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas; IV - prioridade para o aproveitamento econômico e social dos rios e das massas de água represadas ou represáveis nas regiões de baixa renda, sujeitas a secas periódicas.”;
h) repartição de receitas tributárias, de modo a efetuar uma verdadeira redistribuição de recursos federais, em proveito das unidades federativas que carecem de maior desenvolvimento econômico. Nesse sentido, pertencem a Estados, Municípios e Distrito Federal parcelas de tributos instituídos e cobrados pela União (exemplos: imposto de renda retido na fonte pertence aos Estados, Distrito Federal e Municípios, 50% do imposto sobre a propriedade territorial rural pertence ao Município relativamente aos imóveis nele situados) (Arts. 157 e 158). Além disso, a União deverá obrigatoriamente entregar parcelas significativas de sua arrecadação com imposto de renda e com imposto sobre produtos industrializados para compor o Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal e o Fundo de Participação dos Municípios (Art. 159, incisos I, “a”, “b” e “d” e II), bem como “programas de financiamento ao setor produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, através de suas instituições financeiras de caráter regional, de acordo com os planos regionais de desenvolvimento, ficando assegurada ao semi-árido do Nordeste a metade dos recursos destinados à Região, na forma que a lei estabelecer” (Art. 159, inciso I, “c”). Finalmente, a União também deverá entregar a Estados e Distrito Federal 29% (vinte e nove por cento) do que arrecada com a contribuição de intervenção no domínio econômico (Art. 159, inciso III).
Como se percebe, não faltam instrumentos jurídico-administrativos destinados ao planejamento e execução concreta de políticas públicas com a finalidade de promover a redução das desigualdades regionais. Cabe aos governos trabalhar para pôr em práticas tais políticas, e à sociedade cabe a vigilância permanente e cobrança constante do cumprimento efetivo de tais metas.

Mais uma
O Supremo Tribunal Federal aprovou, na tarde da última segunda-feira (contra os votos, apenas, do Ministro Joaquim Barbosa e da Ministra Ellen Gracie), a Súmula Vinculante n° 14, requerida pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, e que possui o seguinte enunciado:
“É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”.


http://www.infonet.com.br/mauriciomonteiro/ler.asp?id=82296&titulo=mauriciomonteiro







RECURSOS ENERGÉTICOS

FONTES DE ENERGIA E SUA PRODUÇÃO MUNDIAL
Resumo: este tutorial mostrará como o homem descobriu novas fontes de energia que hoje são bem usadas em todo o nosso cotidiano. Quais são as principais fontes de energia? E como elas influem na economia de um país?

GEOPOLITICA E ESTRATÉGIA
Qualquer tipo de trabalho que realizamos gastamos energia, uma energia que é limitada pelos nossos dotes físicos. Assim, o homem desde a antiguidade, até os nossos dias tem procurado novas fontes de energia para realizar suas tarefas diárias. No começo, usava-se apenas a força de animais para transportar mercadorias ou arar a terra. Mas, com o tempo, os progressos técnicos foram avançando e novas fontes de energia foram sendo descobertas, tornando o trabalho humano mais eficiente.
Desde a revolução Industrial, quando houve a entrada das maquinas, o trabalho humano vem se tornando cada vez necessário. Quando uma maquina é aperfeiçoada, a produtividade aumenta e, como, hoje em dia, a energia já não é mais tão barata como antes, o homem tem se preocupado com as formas de economiza-la. Desde a Segunda Guerra Mundial o consumo vem aumentando sem parar, e o desenvolvimento tecnológico busca meios de economizar os meios de produzir e transportar mercadorias.
O consumo de energia está intimamente relacionado com a qualidade de vida do país. Em países desenvolvidos o consumo é maior, devido ao grau de industrialização e o nível de consumo residencial em aparelhos domésticos.
O setor energético quase sempre é controlado pelo Estado, através de política de planejamento da produção, concessão de exploração de grupos privados ou intervenção direta na produção da atração de empresas estatais.
O setor energético está inserido diretamente na geopolítica e economia de um país. Qualquer aumento nos custos ou problemas na produção de energia afeta todas as atividades desenvolvidas no país. A produção industrial, os sistemas de transportes, de segurança, de saúde, de educação, lazer, comercio, agricultura dependem de energia, por isso a falta dela, afeta todo o país.
A energia gasta na produção industrial é necessariamente um fator que pode tomar a mercadoria mais ou menos competitiva no comércio internacional. Assim, qualquer nação almeja atingir a auto-suficiência e baixos custos na produção de energia, para que as atividades econômicas não sejam afetadas pelas oscilações de preço de mercado internacional e nem dependam de boa vontade de terceiros para o fornecimento de energia.
O petróleo é a principal fonte de energia do planeta, seguida pelo carvão mineral e pelo gás natural. Isso é preocupante, visto que 90% da energia consumida no planeta é provida de fontes não-renováveis, quer dizer, que um dia vã se esgotar. Isso não quer dizer que faltará energia no mundo, mas que haverá, um trabalhoso e caso período de transição para nos acostumarmos com a utilização de um novo tipo de energia.
Neste capitulo será analisado a geopolítica e a produção dos principais tipos de energia.

PETRÓLEO
O petróleo é encontrado em bacias sedimentares resultantes do soterramento de antigos ambientes aquáticos. Pode ser encontrado nos estados sólidos, líquidos e gasosos. É usado pelo homem desde a muito tempo.

O petróleo, além de ser a principal fonte de energia do planeta, é importantíssimo e está presente em todo o nosso cotidiano. Com ele, as industrias petroquímicas fabricam o plástico, a borracha sintética, os fertilizantes e os adubos usados na agricultura. Mas, essa grande dependência gera outras questões: o petróleo é uma fonte não-renovável de energia. Algumas previsões indicam que ele se esgotará em no mínimo dois séculos.
Edwin Drake encontrou petróleo em apenas 21 metros de profundidade, na Pensilvânia, Estados Unidos, e passou a comercia-lo com as cidades (em substituição ao óleo de baleia utilizado na iluminação pública). O petróleo o passo a ser consumido em quantidade crescente a cada ano. Junto com esse rápido consumo, surgiram companhias petrolíferas, atuando em todos os quatros fases econômicas de exploração: extração, transporte, refino e distribuição.
A partir da década de 30, diversas empresas estatais passaram a atuar diretamente nos quatros fases econômicas do petróleo, ou pelo menos em uma delas. Alguns países fizeram concessões para que as empresas estrangeiras atuassem no setor petrolífero. Exemplo: a Pemox, no México; a Petroven, na Venezuela; a Agip, na Itália. No Brasil, com a criação da Petrobrás em 1953, estatzaram-se a extração, o refino e o transporte. Em 1995, foi extinto o monopólio da Petrobrás.
Em 1960, criou-se a OPEP (Organização dos países Exportadores de Petrobrás), formada por 11 países: Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait, Catar, Indonésia, Argélia, Nigéria, Líbia e Venezuela.
Com a eclosão da guerra entre Irã e Iraque, entre 1979 e 1980, os países importadores ficaram apreensivos com a possibilidade iminente de ingresso de outras nações árabes no conflito. Se isso acontecesse, a oferta mundial do petróleo ficaria comprometida, o que levou muitos países a comprar o produto, visando aumentar os seus estoques estratégicos. Com isso, a OPEP elevou o preço do barril para 34 dólares.
Com isso elevações do preço do petróleo, os países importadores ficaram ainda comprometidos, pois agravava ainda mais a crise econômica do mundo desenvolvido, que já se arrastava desde o final da década de 60.
Para enfrentar a crise, estabeleceram duas estratégias: aumento da produção interna e substituição do petróleo por fontes alternativas. Essas medidas visavam diminuir a dependência energética.
Em 1986, com a substituição por outras fontes e com o aumento da produção em escala mundial, a lei da oferta e da procura voltou a funcionar e, a cotação do Brasil caiu para 12 dólares.
A partir de 1986, o poder da OPEP foi se fragilizando, e ficava cada vez mais complicado estabelecer um acordo de preços e cotas de produção entre os países membros. Os Estados Unidos conseguiram essa fragilização de favorecimento comerciais a Arábia Saudita e ao Kuwait.
Em dezembro de 1990, o Iraque invadiu o Kuwait e ameaçou invadir a Arábia Saudita, sob o pretexto de disputa territorial, mas a verdade é que eles estavam tentando impedir que esses países extrapolassem a cota de produção de petróleo estabelecida pela OPEP, que estava causando queda no preço do barril. Os Estados Unidos, querendo defender seus interesses comerciais, interfeririam imediatamente, enviando tropas ao Oriente Médio e pondo fim a guerra em janeiro de 1991. Durante o conflito, o barril de petróleo atingiu seu preço Maximo de 40 dólares. Com o restabelecimento da normalidade no Oriente Médio, o preço no final da década de 90 em torno de 16 dólares o barril.


CARVÃO MINERAL E GÁS NATURAL
A participação dessas fontes de energia aumentaram significativamente a parti das crises do petróleo em 1973, 1979 e 1991, que levaram os países a substitui-los por outras fontes de energia. O carvão mineral ocupa hoje a segunda posição, e o gás natural a terceira no consumo mundial de energia.
O carvão mineral é uma fonte de energia muito abundante, o que torna o substituto imediato do petróleo em situações de crise e aumento de preços. Mas, o carvão mineral acarreta prejuízos ambientais ao planeta, pois a estrutura molecular do carvão contém enorme quantidade de carbono e enxofre que, após a queima para a atmosfera na forma de gás carbônico, que agrava o efeito estufa, e o dióxido de enxofre, o grande responsável pela ocorrência da chuva ácida.
O carvão mineral, também é uma importante matéria-prima da industria de produtos químicos orgânicos, que produz piche, asfalto, plásticos, etc.
O gás natural, além de ser mais barato e facilmente transportável em condutores, apresenta uma queima quase limpa, que polui pouco a atmosfera se comparada a do carvão e a do petróleo. E sua queima libera uma boa quantidade de energia, que vem sendo utilizada, cada vez mais, nos transportes e na produção industrial.

ENERGIA ELÉTRICA
A energia elétrica é produzida principalmente em usinas, termelétricas e termonucleares. O que muda em cada uma, é a forma de girar um eixo e produzir energia mecânica, que será posteriormente transformada em eletricidade.

HIDRELÉTRICA
A energia hidrelétrica é gerada através de uma barragem feita em rio que apresenta, não necessariamente uma queda dágua, e sim de desníveis que possibilitem a instalação de uma barragem que forme uma represa e crie uma queda artificial. A energia potencial da barragem faz girar o eixo de uma turbina, gerando energia mecânica, que, posteriormente, é transformada em energia elétrica. Trata-se de uma forma limpa, barata e renovável de obtenção de energia, havendo imposto ambiental apenas na construção das barragens e no conseqüente represamento da água.

TERMELÉTRICA
Para se obter energia elétrica a partir da termeletricidade, aumenta-se os custos e o impacto ambiental, mas a construção de uma mina requer investimentos menores do que a de uma hidrelétrica. O que faz a turbina de usina termelétrica girar é a pressão do vapor de água obtido através da queima de carvão mineral ou petróleo. Sua vantagem em relação a hidrelétrica é que a localização da usina é determinada pelo homem e não pela topografia do terreno, o que possibilita sua instalação nas proximidades da área de consumo.

ENERGIA ATÔMICA
O que movimenta a turbina de uma usina nuclear é o vapor de água, que é gerado através da fissão de átomos de urânio em um reator.
As usinas nucleares são típicas de países desenvolvidos, já que o custo da instalação é elevado e a tecnologia incorporada ao processo é avançada.
Se ocorrer alguns acidentes com essas usinas, a radiatividade leva anos ou até mesmos séculos para se dissipar. Ainda outro problema, é o destino do lixo atômico.

Diversa outra forma de obtenção de energia elétrica vem sendo estudada por vários países, mas a sua produção e instalação ainda dependem da redução dos custos.

EXERCÍCIO

Responda.

1) Porque o setor energético é considerado estratégico?




2) O consumo de energia é maior em que tipo de país? E porque?




3) Quais são as quatros fases econômicas da atividade petrolífera?




4) O que é a OPEP? E quais países a compõem?






GABARITO

1) Porque a estrutura energética está presente em todo o nosso cotidiano. Qualquer colapso na produção ou a elevação de custos afeta o cotidiano as atividades desenvolvidas do país. Qualquer avanço no setor energético ajuda o país a se sobressair no comércio mundial, visto que a energia gasta na produção, pode tomar a mercadoria mais ou menos competitiva.
2) O consumo é maior em países desenvolvidos. Esse está relacionado com a qualidade de vida da população no país. Em países industrializados, o nível de consumo em aparelhos domésticos e em fabricas é bem maior.
3) As quatros fases são: extração, transportes, refino e distribuição.
4) É a organização dos países exportadores de petróleo. É composta, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Irã, Iraque, Kuwait, Catar, Indonésia, Argélia, Líbia, Nigéria e Venezuela.






PRODUÇÃO DE ENERGIA NO BRASIL

Resumo: neste tutorial será mostrado o desenvolvimento do Brasil nas várias formas de obtenção de energia, como foi beneficiado por ter potencial hidrelétrico, e qual o beneficio e objetivo da criação do programa Proálcool.

Consumo de energia
A estrutura geológica do Brasil é privilegiada em comparação com outros países. O potencial hidrelétrico brasileiro é elevado, as possibilidades de obtenção de energia usando a biomassa como parte primária são enormes e a produção do petróleo e gás natural vem aumentando gradualmente. O que falta para atingir a auto-suficiência energética é a política energética com planejamento e execução bem intencionados. No setor petrolífero o Brasil já é auto-suficiente.

Petróleo
Em 1938, foi perfurado o primeiro poço de petróleo em território nacional. Foi no município de Lobato, na bacia do Recôncavo Baiano, que a cidade de Salvador. Com a criação do CNP (Conselho de Petróleo) o governo passou a planejar, organizar e finalizar o setor petrolífero.
Em 1953, Getulio Vargas criou a Petrobrás e instituiu o monopólio estatal na extração, transporte e refino de petróleo no Brasil; monopólio exercido em 1995. Com a crise do petróleo, em 1973, houve a necessidade de se aumentar a produção interna para diminuir o petróleo importado, mas a Petrobrás não tinha capacidade de investimento.
O governo brasileiro, diante dessa realidade, autorizou a extração por parte de grupos privados, através da lei dos contratos de risco. Se uma empresa encontrasse petróleo, os investimentos feitos seriam reembolsados e ela se tornaria sócia da Petrobrás naquela área. Caso a procura resultasse em nada, a empresa arcaria sozinha com os prejuízos da prospecção, por isso o nome contratado de risco.
Foram feitos dez contratos com empresas nacionais e estrangeiras, mas nenhuma achou petróleo. Desde 1988, com promulgação da última Constituição, esses contratos estão proibidos, o que significa a volta do monopólio de extração da Petrobrás.
Em 1995, foi quebrado o monopólio da Petrobrás na extração, transporte, refino e importação de petróleo e seus derivados. O estado pode contratar empresas privadas ou estatais que queriam atuar no setor.
Possuindo treze refinarias, onze delas pertencendo a União, o Brasil é auto-suficiente no setor, precisando importar pequenas quantidades que não são produzidas internamente. O petróleo sempre é refinado junto aos centros, ou seja, próximo aos grandes centros consumidores, isso ajuda a diminuir os gastos com transportes.
O consumo interno vem diminuindo desde 1979, com o segundo choque mundial. O governo passou a incentivar industrias que substituíssem esse combustível por energia elétrica.
Em 1973, o Brasil produzia apenas 14% do petróleo que consumia, o que nos colocava nessa posição bastante frágil e tornava a nossa economia muito suscetível as oscilações externas no preço do barril do petróleo. Já em 1999, o país produzia aproximadamente 62% das necessidades nacionais de consumo.
Essa diminuição da dependência externa, relaciona-se a descoberta de uma importante bacia petrolífera em alto-mar, na plataforma continental de Campos, litoral norte do estado do Rio de janeiro. Essa bacia é responsável por mais de 65% da população nacional de petróleo.

Ainda na plataforma continental, destaca-se nos estados de Alagoas, Sergipe e Bahia, que juntos são responsáveis por cerca de 14% da produção do petróleo bruto. No continente a área mais importante é Massoró, seguida do Recôncavo baiano.
Mais da metade do petróleo consumido no Brasil é gasto no setor de transporte, cujo modelo de desenvolvimento é o rodoviarismo. Essa opção é a que mais consome energia no transporte de mercadorias e pessoas pelo território. Por isso há uma necessidade de o país investir nos transportes ferroviários e hidroviários para diminuir custos e o consumo de uma fonte não-renovável de energia.

Energia Elétrica
Em 1994, estimava-se que o país possuía potencial hidrelétrico em mais de 260 mil MW e a capacidade nominal instalada de produção encontrava-se na casa dos 60 mil MW de energia elétrica. Desse total, 90% era obtido em usinas hidrelétricas e 10% em termelétricas.
O Rio Grande do Sul e Santa Catarina, possuem usinas termelétricas devido a disponibilidade de carvão mineral, tornando básicos os gastos com transportes. Há usinas termelétricas também, em São Paulo, por apresentar duas vantagens: o custo de instalação de uma usina termelétrica é bem menor do que de uma hidrelétrica, e a localização de uma usina hidrelétrica é determinada pela topografia do terreno, enquanto uma termelétrica pode ser instalada em locais mais convenientes.
Atualmente, no estado de São Paulo, muitas usinas de açúcar e álcool estão usando a queima de bagaço da cana-de-açúcar como fonte primaria para a produção de energia e tornaram-se auto-suficientes.



O maior potencial hidrelétrico instalado no Brasil encontra-se na bacia do rio Paraná. Essa bacia drena a região onde se iniciou efetivamente o processo de industrialização brasileiro e que por isso conseguiu receber mais recursos investidos em infra-estrutura. Mas, o maior potencial disponível do país está nos afluente do rio Amazonas, na região norte, onde a básico adensamento de ocupação humana e econômica não atraiu investimentos.
Durante a década de 70 e inicio da década de 80, foi dão grande impulso ao setor. A partir dos dois choques do petróleo de 1973 e 1979, a produção de energia elétrica passou a receber grandes investimentos, por se tratar de fonte alternativa ao petróleo. Apolítica governamental estabeleceu como prioridade a construção de grandes usinas.
Quando analisamos seus aspectos técnicos essas obras são polemicas e questionáveis. Usinas com grande potencial exigem a construção de uma enorme represa, que causa sérios danos ambientais, além de exigir a instalação de uma extensa, sofisticada e caríssima rede de transmissão de energia, que chega a estender-se por um raio de mais de 2 mil quilômetros.
A construção de pequenas e medias usinas ao longo da área atendida pelos grandes projetos de extensão mineral e siderúrgicas causaria um impacto ambiental menor e diminuiriam as perdas na transmissão da energia.

O Álcool
O álcool é uma fonte renovável de energia e sua queima em motores a explosão é menos poluentes, se comparada com a queima dos derivados do petróleo.
Em 1975, o Brasil criou o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), com a intenção de substituir o petróleo por outras fontes de energia. Tratou-se de um programa bem custoso aos cofres públicos, que só se estruturou e continua existindo a custa de enormes subsídios. A partir de 1989, quando o governo diminuiu os subsídios para a produção e consumo do álcool, o setor entrou em crise e o país passou a importar o combustível da Europa.
No interesse de enfrentar a crise do petróleo, foram dados empréstimos a juros subsidiados aos maiores produtoras de cana-de-açúcar, para que construíssem usinas de grande porte para a produção de álcool.
Em função do Proálcool, as alterações ocorridas no campo para que alguns cidadões circulassem com carros a álcool foram desastrosas. Por não estabelecer preço mínimo para a tonelada cana-de-açúcar até 1989, o governo praticamente abandonou os pequenos e médios produtores as mãos da ganância dos grandes usineiros. O governo não compra cana apenas álcool produzido nas usinas. Os donos das usinas costumavam pagar um preço muito baixo pela cana-de-açúcar, levando milhares de pequenos e médios proprietários a falência, obrigando-os a vender suas terras.
Essa dinâmica provocou o aumento do mínimo de trabalhadores diaristas, incentivo maior a monocultura e êxodo rural.
O programa foi implantado, em escala nacional, em uma época em que sua produção e consumo apresentam custos maiores que os verificados pela gasolina, por isso a necessidade de subsídios. Atualmente, após o desenvolvimento tecnológico obtido no setor, o álcool tornou-se economicamente viável, pelo menos se for consumida próxima a região produtora. Mas, seu consumo está espalhado por todo o Brasil, e seu transporte é feito em caminhões movidos a dissel, analisar a sua totalidade, causa enormes prejuízos aos cofres públicos.

EXERCÍCIO

1) Que outra fonte de energia vem substituindo o petróleo? E porque?




2) Onde se encontra o maior potencial hidrelétrico no Brasil, e porque?







3) Com que objetivo foi criado o Proálcool, e o que custou ao governo?






GABARITO

1) A energia elétrica é uma opção para substituir o petróleo, visto ser uma fonte renovável. Depois da segunda crise mundial do petróleo, em 1979, o governo passou a incentivar, através de grandes empréstimos a juros subsídios, a produção de energia elétrica. Não que irá substituir por completo o uso do petróleo, mas é uma fonte de energia primaria cujo consumo cresceu bastante.
2) Encontra-se na bacia do rio Paraná, com destaque para os rio Grande, Paranapanema, Iguaçu e Tiete. Esses rios drenam a região onde se iniciou efetivamente o processo de industrialização brasileira e que, portanto, conseguir maior pressão política na alocação de recursos investidos em infra-estrutura.
3) Foi umas das saída encontrada pelo governo para superar o choque do petróleo. Esse programa teve a intenção de substituir o petróleo por outras fontes de energia. Isso custou bem caro ao governo, visto que esse programa se estruturou e continua a custa de enormes subsídios.



AGRICULTURA E QUESTÃO AGRÁRIA NO BRASIL

A AGRICULTURA BRASILEIRA

Resumo: neste capítulo será explicado como a agricultura se desenvolveu aqui no Brasil, quais as principais relações de trabalho e o que ajudou a impulsionar a mão-de-obra nas grandes propriedades. E tambem, como o Brasil se sai na sua produção agropecuária.

A DUPLA FACE DA MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA
Em 1996, 24% da PEA (população economicamente ativa) brasileira trabalha no setor primário, mas a agropecuária é responsável por apenas 8% do nosso produto interno bruto (PIB).
Apesar da modernização verificada nas técnicas agrícolas em regiões onde a agroindústria se fortaleceu, ainda persistem o subemprego, a baixa produtividade e a pobreza no campo.
Quando analisamos apenas a modernização das técnicas e esquecemos de observar quais são as conseqüências da modernização nas relações sociais de produção e na qualidade de vida da população.
Cerca de 65% da força de trabalho agrícola é encontrada em pequenas e medias propriedades, que utilizam mão-de-obra familiar.
O que se verifica, na pratica, são realidades de vida muito diferente. Uma família que tenha uma propriedade rural próxima a um grande centro urbano e produza alimentos de forma intensiva para serem vendidos nas cidades ou forneça matéria-prima para as industrias. Terá uma rentabilidade muito maior do que uma família que tenha a propriedade em uma área de dificil acesso e pratique agricultura extensiva.
No Brasil, verificou-se, até fins dos anos 80, um enorme crescimento da área cultivadas com produtos agroindustriais de exportação em detrimento de cultivos voltados ao abastecimento interno. Atualmente, produtos do mercado interno apresentam grande aumento de produção. Isso se explica pela pratica da associação de culturas em grandes propriedades.
Em algumas áreas do país, sobretudo no interior do estado de São Paulo e na região Sul, houve um grande fortalecimento da produção agroindustrial e da organização sindical que, de forma geral, melhorou a vida da população, tanto rural quanto urbana.
Norte e Nordeste não acompanham o ritmo de modernização e organização sindical do Centro-Sul por razões históricas, como o amplo predomínio de latifúndios e a falta de investimentos estatais em obras de infra-estrutura.
A outra faceta da modernização das técnicas é a valorização e conseqüente concentração de terras, a plena subordinação da agropecuária ao capital industrial, além da intensificação do êxodo rural em condições precárias.
Os pequenos agricultores se vêem obrigados a recorrer a empréstimos bancários para se capitalizar e ter condições de cultivar a terra dentro dos padrões exigidos. É comum, depois de acumular dividas por alguns anos seguidos, serem obrigados a vender seu pedaço de terra, que ficou penhorado no banco quando contraiu o empréstimo, para evitar a quitação da divida através de leilão.

Histórico
De 1500 a 1822, todas as terras brasileiras pertenciam a coroa portuguesa, que as doava ou cedia seu direito de uso a pessoas de sua confiança ou conveniência, visando a ocupação do território e a exploração agrícola. A coroa portuguesa controlou a posse da terra, através da criação das capitanias hereditárias e das sesmarias, que atendiam as suas necessidades de obtenção de lucro a parti da exportação de produtos agrícolas cultivados no sistema de plantation, ou seja, em grandes propriedades monoculturas, escravistas e cuja produção era voltada a exportação.
Entre 1822, ano da independência política, e 1850, vigorou no Brasil o sistema de posse livre em terras devolutas. Ao longo desse período, a terra não tinha valor de troca, possuía apenas valor de uso a quem quisesse cultivar e vender sua produção.
Nesse período ainda vigorava a escravidão, a utilização da mão-de-obra servil trazida forçadamente da África, e os escravos negros eram prisioneiros dos latifundiários, o que os impediam de ter acesso as terras devolutas no imenso território brasileiro. A entrada de imigrantes livres nesse período foi muito pequena e restrita as cidades.
Em 1850, com o aumento da área cultivada com o café e a Lei Eusébio de Queirós, esse quadro sofreu profundas mudanças. Dada a proibição do trafico negreiro, a mão-de-obra que entrava no Brasil para trabalhar nas lavouras era constituída por imigrantes livres europeus, atraídos pelo governo brasileiro.
Com o claro intuito de garantir o fornecimento de mão-de-obra barata aos latifúndios, o governo impediu o acesso dos imigrantes a propriedade através da criação, também em 1850, da Lei de Terras. Com essa lei, todas as terras devolutas tornaram-se propriedade do estado, que somente poderia vende-las através de leilões, beneficiando quem tinha mais dinheiro, não o imigrante que veio se aventurar na América justamente por não ter posses em seu país de origem.
Isso nos leva a concluir que essa lei, além de garantir o fornecimento de mão-de-obra para os latifúndios, servia também para financiar o aumento do volume de imigrantes que ingressava e, ao chegar ao Brasil, eram obrigados a se dirigir as fazendas, praticamente o único lugar onde se podia encontrar emprego. Nessa época, a posse da terra, era considerada reserva de valor e símbolo de poder.
Nesse período se iniciou no Brasil a “escravidão por divida”. Os “gatos” (pessoas que contratam mão-de-obra para as fazendas) aliciam pessoas desempregadas para trabalhar nos latifúndios, prometendo-lhes transportes, moradia, alimentação e salário. Ao entrar na fazenda, porém, os trabalhadores recrutados percebem que foram enganados, já que no dia em que deveriam receber o salário são informados de que todas as despesas com transportes, moradia e salário, que nunca é suficiente para a quitação da divida.
No inicio da década de 30, em conseqüente da crise econômica mundial, a economia brasileira, basicamente agroexportadora, também entrou em crise. A região Sudeste, onde se desenvolvia a cafeicultura, foi a que enfrentou o maior colapso. Na região Nordeste, ocorreram novas crises do açúcar e do cacau, enquanto a região Sul, com produção direcionada para o mercado interno, sofreu efeitos menores. A crise de 30 foi uma crise de mercado externo, de produção voltada para a exportação. Foi nesse período que ocorreu o inicio efetivo do processo de industrialização brasileira.
Outro desdobramento da crise foi um maior incentivo a policultura, e uma significativa fragmentação das grandes propriedades, cujos donos venderam suas terras para se dedicar a atividade econômica urbanas, sobretudo a industria e o comercio. Foi um dos raros momentos da historia do Brasil em que houve um aumento de pequenos e médios proprietários rurais.

Em 1964, o presidente João Goulart tentou desviar o papel do Estado brasileiro do setor social. Pretendia também promover uma reforma agrária, que tinha como principio distribuir terras a população rural de baixa renda. Em oposição a política de Goulart, houve a intervenção militar e a implantação da ditadura.
A concentração de terras ao longo da ditadura militar assumiu proporções assustadoras, e o conseqüente êxodo rural em direção as grandes cidades deteriorou a qualidade de vida de imensas parcelas da população, tanto rural quanto urbana. A parte da década de 70, foi incentivada a ocupação territorial das regiões Centro-Oeste e Norte, através da expansão das fronteiras agrícolas, assentadas em enormes latifúndios pecuaristas ou monocultores.

O Estado da terra e a estrutura fundiária
O estado da terra é um conjunto de leis criado em novembro de 1964 para possibilitar a realização de um censo agropecuário. Para a sua realização, surgiu a necessidade de classificar os imóveis rurais por categorias.
Pra resolver a questão, foi criada uma unidade de medidas de imóveis rurais o módulo rural assim definida: “área explorável que, em determinada porção do país, direta e pessoalmente explorado por um conjunto familiar equivalente a quatro pessoas adultas, correspondendo a 1000 jornadas anuais, lhe absorva toda força e, conforme o tipo de exploração considerado, proporcione um rendimento capaz de assegurar-lhe a subsistência e o progresso social e econômico”. Em outras palavras, módulo rural é a propriedade que deve proporcionar condições dignas de vida a uma família de quatro pessoas adultas. Assim, ele possui área de dimensão variável, levando em consideração basicamente três fatores que, ao aumentar o rendimento da produção e facilitar a comercialização, diminuem a área do modulo:
» Localização da propriedade: se o imóvel rural se localiza próximo a um grande centro urbano, terá uma área menor;
» Fertilidade do solo e clima da região: quanto mais propícias as condições naturais da região, menor a área do módulo;
» Tipo de produto cultivado: em uma região do país onde se cultiva, por exemplo, mandioca e se utilizam técnicas primitivas, o módulo rural deve ser maior que em uma região que produz morango com emprego de tecnologia moderna.

Foram criadas as categorias de imóveis rurais:
*minifúndio: esses são os grandes responsáveis pelo abastecimento do mercado interno de consumo, já que sua produção é, individualmente, obtida em pequenos volumes, o que inviabiliza economicamente a exportação;
*latifúndios por dimensão: são as enormes propriedades agroindustriais, com produção quase sempre voltada a exportação;
*latifúndios por exploração: tratam-se dos imóveis rurais improdutivos, voltados a especulação imobiliária. O proprietário não adquiriu a terra com a intenção de nela produzir, gerar emprego e ajudar o país a crescer, mas para esperar sua valorização imobiliária, vende-la e ganhar muito dinheiro sem trabalhar;
*empresa rural: propriedade com área de um a seiscentos módulos, adequadamente explorada em relação às possibilidades da região.
É comuns os grandes proprietários, classificados na categoria de latifúndios por dimensão, parcelarem a propriedade da terra entre seus familiares para serem classificados como empresários rurais e, pagarem um imposto menor.

Existe a grande concentração de terras em mãos de alguns poucos proprietários, enquanto a maioria dos produtores rurais detem uma parcela muito pequena da área agrícola. Essa realidade é exatamente perversa, a medida que cerca de 32% da área agrícola nacional é constituída por latifúndios por exploração, ou seja, de terras parada, improdutiva a especulação imobiliária.

As relações de trabalho na zona rural
Trabalho familiar: Na agricultura brasileira, predomina a utilização de mão-de-obra familiar em pequenas e médias propriedades de agriculturas de subsistência ou jardinagem, espalhadas pelo país. Quando a agricultura praticada pela família é extensiva, todos os membros se vêem obrigados a complementar a renda como trabalhadores temporários ou bóias-frias em épocas de corte, colheita ou plantio nas grandes propriedades agroindustriais. Ás vezes, buscam subemprego até mesmo nas cidades, retornando ao campo apenas em épocas necessárias ou propícia ao trabalho na propriedade familiar.
Trabalho temporário: são trabalhadores diaristas, temporários e sem vinculo empregatício. Em outras palavras, recebem por dia segundo a sua produtividade. Eles têm serviço somente em determinadas épocas do ano e não possuem carteira de trabalho registrada. Embora completamente ilegal essa relação de trabalho continua existindo, em função da presença do “gato”, um empreiteiro que faz a intermediação entre fazendeiro e os trabalhadores. Por não ser empresário, o “gato” não tem obrigações trabalhistas, não precisa registrar os funcionários.
Em algumas regiões do Centro-Sul do país, sindicatos fortes e organizados passaram a fazer essa intermediação. Os bóias-frias agora recebem sua refeição no local de trabalho, tem acesso a serviços de assistência médica e recebem salários maiores que os bóias-frias de região onde o movimento sindical é desarticulado.
Trabalho assalariado: representa apenas 10% da mão-de-obra agrícola. São trabalhadores que possuem registro em carteira, recebendo, portanto, pelo menos um salário mínimo por mês.
Parceria e arrendamento: parceiros e arrendatários “alugam” a terra de alguém para cultivar alimentos ou criar gado. Se o aluguel for pago em dinheiro, a situação á de arrendamento. Se o aluguel for pago com parte da produção, combinada entre as partes, a situação é de parceria.
Escravidão por divida: trata-se do aliciamento de mão-de-obra através de promessas mentirosa. Ao entrar na fazenda, o trabalhador é informado de que está endividado e, como seu salário nunca é suficiente para quitar a divida, fica aprisionado.

Nossa produção agropecuária
O Brasil se destaca no mercado mundial como exportador de alguns produtos agrícolas: café, açúcar, soja, suco de laranja. Entretanto, para abastecer o mercado interno de consumo, há a necessidade de importação de alguns produtos, com destaque para o trigo.
Ao longo da história do Brasil, a política agrícola tem dirigido maiores subsídios aos produtos agrícolas de exportação, cultivados nos grandes latifúndios, em detrimento da produção do mercado interno,. Porém, em 1995, houve uma inversão de rumos e os produtos que receberam os maiores incentivos foram o feijão, a mandioca e o milho.
A política agrícola tem como objetivos básicos o abastecimento do mercado interno, o fornecimento de matérias-primas para a industria, e o ingresso de capitais através das exportações.

Também se pratica pecuária semi-extensiva em regiões de economia dinâmica oeste paulista, Triangulo Mineiro e Campanha Gaúcha, onde há seleção de raças e elevados índices de produtividade e rentabilidade. Nos cinturões verdes e nas bacias leiteiras, a criação de bovinos é praticada de forma intensiva, com boa qualidade dos rebanhos e alta produtividade de leite e carne. Nessa modalidade de criação, destacam-se o vale do Paraíba e o Sul de Minas Gerais. Já o centro-oeste de Santa Catarina apresenta grande concentração de frigorífico e se destaca na criação de aves e suínos em pequenas e médias propriedades, que fornecem a matéria-prima as empresas.

EXERCÍCIO

1) Explique o que foi a Lei de Terras?




2) Caracterize módulo rural. E que três fatores devem ser levados em conta?




3) Caracterize as relações de trabalho dos trabalhadores temporários.





GABARITO

1) Foi criada em 1850, com o intuito de garantir o fornecimento de mão-de-obra barata aos latifúndios, impedindo o acesso dos imigrantes à propriedade. As terras devolutas tornaram-se do Estado, que só venderiam através de leilões e, portanto, os imigrantes sem dinheiro se dirigiam para trabalhar nas grandes fazendas.
2) É uma unidade de medida de imóveis rurais. Esse módulo determina que tamanho deve ser uma propriedade que proporciona condições dignas de vida a uma família de quatro pessoas adultas. Leva-se em conta três fatores: localização da propriedade; fertilidade do solo e clima da região; tipo de produto cultivado.
3) São chamados também de bóias-frias, trabalhadores diaristas, temporários e sem vínculo empregatício. Recebem por dia segundo o que produziu. Trabalham em diferentes serviços, dependendo da época do ano, e não possuem carteira de trabalho registrada.


DEGRADAÇÃO DO MEIO AMBIENTE
IMPACTOS AMBIENTAIS
Resumo: neste capítulo, será mostrado como o homem tem interferido nos vários ecossistemas naturais, e como essa interferência tem prejudicado o próprio homem, quando não é feita de maneira correta.
Desde que os mais distantes antepassados do homem surgiram na terra, eles vêm transformando a natureza. Durante muitos séculos, o homem foi bastante submisso a natureza. Enquanto ele era caçador e coletor, sua ação sobre o meio ambiente restringia-se a interferência em algumas cadeias alimentares, ao caçar certos animais e colher certos vegetais para seu consumo. A utilização do fogo foi, talvez, a primeira grande descoberta realizada pelo homem, permitindo que ele se aquecesse nos dias mais frios e cozinhasse seus alimentos. Ainda assim, o impacto sobre o meio ambiente era muito reduzido.
Com o passar do tempo, alguns grupos humanos descobriram como cultivar alimento e como criar animais. Com a revolução agrícola, há aproximadamente 10.000 a.C, o impacto sobre a natureza começou a aumentar gradativamente, devido a derrubada das florestas em alguns lugares para permitir a pratica da agricultura e pecuária. Além disso, a derrubada de matas proporcionava madeira para a construção de abrigos mais confortáveis e para a obtenção de lenha. A partir de então, alguns impactos sobre o meio ambiente já começaram a se fazer notar: alterações em algumas cadeias alimentares, como resultado da extinção de espécies animais e vegetais; erosão do solo, como resultado de pratica agrícolas impróprias; poluição do ar, em alguns lugares, ela queima das florestas e da lenha; poluição do solo e da água, em pontos localizados, por excesso de matéria orgânica.
Outro importante resultado da revolução agrícola foi o surgimento das primeiras cidades, há mais ou menos 4.500 anos. A população humana passou a crescer num ritmo mais rápido do que até então.
Ao longo de séculos e séculos, os avanços técnicos foram muito lentos, assim como o crescimento populacional. Desde o surgimento do homem, a população mundial demorou mais de 200 mil anos para atingir os 170 milhões de habitantes, no inicio da era cristã. Depois, precisou de “apenas” 1.700 anos para quadruplicar, atingindo os 700 milhões as vésperas da Revolução Industrial. A partir daí, passou a crescer num ritmo acelerado, atingindo quase 1,2 bilhão de pessoas por volta de 1850. Cem anos depois, em 1950, esse número já tinha dobrado novamente, atingindo aproximadamente 2,5 bilhões de seres humanos. Desde então o crescimento foi espantoso. Em 1970, já éramos mais de 3,5 bilhões e, em 1990, ultrapassamos os 5 bilhões de habitantes no planeta, hoje já estamos em 7 bilhões de pessoas.
É importante perceber que, paralelamente a espantosa aceleração do crescimento demográfica, ocorreu avanços técnicos inimagináveis para o homem antigo, que aumentaram cada vez mais capacidade de transformação da natureza.
Assim, o limiar entre o homem submisso a natureza e senhor dela é marcado, pela Revolução Industrial, nos séculos XVIII e XIX. Os impactos ambientais passaram acrescer em ritmo acelerado, chegando a provocar desequilíbrio não mais localizado, mas em escala global.
Os ecossistemas têm incrível capacidade de regeneração e recuperação contra eventuais impactos esporádicos, descontínuos ou localizados, muitos dos quais provocados pela própria natureza, mas a agressão causada pelo homem e contínua, não dando chance nem tempo para a regeneração do meio ambiente.

O homem também é parte integrante do meio em que vive. Ele também é componente da frágil cadeia que sustenta a vida no planeta, e não o senhor absoluto da natureza, e, embora não lhe seja mais submisso, continua precisando dela para a sua sobrevivência e para a sobrevivência de milhares de espécies dos diversos ecossistemas. Daí a necessidade premente de se rediscutir o modelo de desenvolvimento, o padrão de consumo, desigual distribuição de riqueza e o padrão tecnológico existentes no mundo atual.

PRINCIPAIS IMPACTOS
Impacto ambiental deve ser entendido como um desequilíbrio provocado por um choque, resultante da ação do homem sobre o meio ambiente. No entanto, pode ser resultados de acidentes naturais: a explosão de vulcão pode provocar poluição atmosférica. Mas devemos dar cada vez mais atenção aos impactos causados pela ação do homem. Quando dizemos que o homem causa desequilíbrios, obviamente estamos falando do sistema produtivo construído pela humanidade ao longo de sua historia. Estamos falando do particularmente do capitalismo, mas também do quase finado socialismo.
Um impacto ocorrido em escala local, posa ter também conseqüências em escala global. Por exemplo, a devastação de florestas tropicais por queimadas para a introdução de pastagens pode provocar desequilíbrios nesse ecossistemas natural. Mas a emissão de gás carbônico como resultado da combustão das árvores vai colaborar para o aumento da concentração desse gás na atmosfera, agravando o “efeito estufa”. Assim, os impactos localizados, ao se somarem, acabam tendo um efeito também em escala global.

AS FLORESTAS TROPICAIS
Um dos principais impactos ambientais que ocorrem em um ecossistema natural é a devastação das florestas, notadamente das florestas tropicais, as mais ricas em biodiversidades. Essa devastação ocorre basicamente por fatores econômicos, tanto na Amazônia quanto nas florestas africanas e nas do Sul e Sudeste Asiático. O desmatamento ocorre principalmente como conseqüência da:
- Extração da madeira para fins comerciais;
- Instalação de projetos agropecuários;
- Implantação de projetos de mineração;
- Construção de usinas hidrelétricas;
- Propagação do fogo resultante de incêndios;
A exploração madeireira é feita clandestinamente ou, muitas vezes, com a conivência de governantes inescrupulosos e insensíveis aos graves problemas ecológicos decorrentes dela. Não levam em conta os interesses das comunidades que habitam os lugares onde são instalados, nem os interesses da nação que os abriga porque, com raras exceções, esses projetos são comandados por grandes grupos transnacionais, interessados apenas em auferir altos lucros.
Os incêndios ou queimadas de florestas, que consomem uma quantidade incalculável de biomassa todos os anos, são provocados para o desenvolvimento de atividades agropecuárias. Podem também ser resultado de uma prática criminosa difícil de cobrir ou ainda de acidentes, inclusive naturais.
A primeira conseqüência do desmatamento é a destruição da biodiversidade, como resultado da diminuição ou, muitas vezes, da extinção de espécies vegetais e animais. Muitas espécies que podem ser a chave para a cura de doenças, usadas na alimentação ou como novas matérias-primas, são totalmente desconhecidas do homem urbano-industrial e correm o risco de serem destruído antes mesmo de conhecidas e estudado. Esse patrimônio genético é bastante conhecido pelas várias nações indígenas que habitam as florestas tropicais, notadamente a Amazônia. Mas essas comunidades nativas também estão sofrendo um processo de genocídio e etnocídio que tem levado a perda de seu patrimônio cultural, dificultando, portanto, o acesso aos seus conhecimentos.
Um efeito muito sério, do desmatamento é o agravamento dos processos erosivos. Em uma floresta, as árvores servem de anteparo para as gotas de chuva, que escorrem pelos seus troncos, infiltrando-se no subsolo. Além de diminuir a velocidade de escoamento superficial, as árvores evitam o impacto direto da chuva com o solo e suas raízes ajudam a retê-lo, evitando a sua desagregação. A retirada da cobertura vegetal expõe o solo ao impacto das chuvas. As conseqüências dessa interferência humana são várias.
- Aumento do processo erosivo, o que leva a um empobrecimento dos solos, como resultado da retirada de sua camada superficial, e, muitas vezes, acaba inviabilizando a agricultura;
- Assoreamento de rios e lagos, como resultado da elevação da sedimentação, que provoca desequilíbrios nesses ecossistemas aquáticos, além de causar enchentes e, muitas vezes, trazer dificuldades para a navegação;
- A elevação das temperaturas locais e regionais, como conseqüência da maior irradiação e calor para atmosfera a partir do solo exposto. Boa parte da energia solar é absorvida pela floresta para o processo de fotossíntese e evapotranspiração, Sem a floresta, quase toda essa energia é devolvida para a atmosfera em forma de calor, elevando as temperaturas médias.
- Agravamento dos processos de desertificação
- Proliferação de pragas e doenças, como resultado de desequilíbrio nas cadeias alimentares. Algumas espécies, geralmente insetos, antes sem nenhuma nocividade, passam a proliferar exponencialmente com a eliminação de seus predadores, causando graves prejuízos, principalmente para agricultura.
Além desses impactos locais e regionais da devastação das florestas, há também a queima das florestas que tem colaborado para aumentar a concentração de gás carbônico na atmosfera. É importante lembrar que esse gás é um dos principais responsáveis pelo efeito estufa.

IMPACTOS AMBIENTAIS EM ECOSSISTEMA AGRÍCOLAS
Como resultado da modernização do campo e da introdução de novas técnicas agrícolas, a produção de alimentos aumentou significativamente. Contudo, apesar dos espantosos avanços tecnológicos, a fome ainda ronda milhões de pessoas em países subdesenvolvidos, principalmente na África. Além disso, como resultado da revolução agrícola, enfrenta-se, atualmente, uma série de desequilíbrios no meio ambiente.

POLUIÇÃO COM AGROTÓXICOS
O plantio de uma única espécie em grandes extensões de terra tem causado desequilíbrio nas cadeias alimentares preexistentes, favorecendo a proliferação de vários insetos, que se tornaram verdadeiras pragas com o desaparecimento de seus predadores naturais. Por outro lado, a maciça utilização de agrotóxicos, na tentativa de controlar tais insetos, tem levado a proliferação de linhagens resistentes, forçando a aplicação de pesticidas cada vez mais potentes. Isso, além de causar doenças nas pessoas que manipulam e aplicam esses venenos e naqueles que consomem os alimentos contaminados, tem agravado a poluição dos solos.

EROSÃO
Outro impacto sério causado pela agricultura é a erosão do solo. A perda de milhares de toneladas de solo agricultável todos os anos, em conseqüência da erosão, é um dos mais graves problemas enfrentados pela economia agrícola. O processo de formação de novos solos, como resultado do intemperismo das rochas, é extremamente lento, daí a gravidade do problema.

O COMBATE A EROSÃO
- Terraceamento: consiste em fazer cortes formando degraus nas encostas das montanhas, o que dificulta ao quebrar a velocidade de escoamento da água, o processo erosivo. Essa técnica é muito comum em países asiáticos, como a China, o Japão, a Tailândia.
- Curvas de nível: esta técnica consiste em arar o solo e depois e fazer semeadura seguindo as cotas altimétricas do terreno. Pra reduzi-la ainda mais, é comum a construção de obstáculos no terreno, espécies de canaletas, com terra retirada dos próprios sulcos resultantes da aração. O cultivo seguindo as curvas de nível é feito em terrenos com baixo declive, propício a mecanização.
- Associação de culturas: em que deixam boa parte do solo exposto a erosão é comum plantar entre uma fileira e outra, espécies leguminosas que recobrem bem o terreno. Essa técnica, alem de evitar a erosão, garante o equilíbrio orgânico do solo.

IMPACTOS AMBIENTAIS (2ª parte)

Resumo: este tutorial explicará como o homem tem-se auto prejudicado por poluir o meio em que vive; quais as conseqüências para o homem e o planeta?
Para existir um ecossistema, pressupõem-se a existência e um ambiente em perfeito equilíbrio, formado pela relação entre plantas, animais, clima e solo. Além disso, a existência de um ecossistema implica também auto-suficiência e, portanto, a existência de organismos produtores de matéria e energia e a de consumidores e decompositores. Sendo assim, pode-se falar na existência de um sistema urbano. A cidade forma um sistema especial. Ela é apenas uma etapa consumidora, interferindo em vários ecossistemas.
Assemelhando-se a um ecossistema, a cidade consome matéria e energia e gera subprodutos, mas, apesar disso, não recicla nada. Esse é o seu grande problema. As grandes aglomerações urbano-industriais consomem incrível quantidade de energia e matérias-primas, muito mais do que o necessário para sustentar suas populações. Assim, também produzem toneladas e toneladas de subprodutos que, não sendo reciclados, vão se acumulando no ar, no solo e nas águas, causando uma série de desequilíbrios no meio ambiente.

POLUIÇÃO
O termo poluição deriva do latim poluere, que significa “sujar”. Poluição é qualquer alteração provocada no meio ambiente, que pode ser um ecossistema natural ou agrário, um sistema urbano ou até mesmo, em microescala, o interior de uma casa. Essas alterações podem ser:
» Inicialmente, apenas das proporções ou das características de um dos elementos que formam o próprio meio.
» Resultado da introdução de substancias naturais, porém estranhas, a determinados ecossistemas.
» Causadas pela introdução de substancias artificiais e, portanto, estranhas a qualquer ecossistema.

POLUIÇÃO DO AR
A poluição atmosférica é um dos problemas mais sérios das cidades e também um dos que mais atingem os sentidos da visão e do olfato. A poluição do ar é resultado do lançamento de enorme quantidade de gases e materiais particulados na atmosfera ou então de elementos ou partículas que naturalmente não aparecem na composição atmosférica, como é o caso do chumbo, das poeiras industriais.
Em geral, os veículos automotores são os principais responsáveis pela poluição do ar, com destaque para milhares de automóveis particulares que rodam nas grandes cidades dos países desenvolvidos e em muitas cidades dos subdesenvolvidos.
Somente na Grande São Paulo, circulam cerca de 5 milhões de carros particulares, ou seja, um quarto dos automóveis de todo o país rodam 0,09% de sua área total.
A solução seria uma política de estímulo ao transporte coletivo, principalmente de veículos não-poluidores movidos a eletricidade. Além de reduzirem o consumo de energia e, conseqüentemente, poluírem muito menos, tornariam mais fácil o trânsito, possibilitando uma melhor condição de vida no ir-e-vir do trabalho, da escola.
Os principais poluentes lançados na atmosfera são:
» Monóxido de carbono (CO), produto da queima incompleta dos combustíveis;
» Dióxido de enxofre (SO), produto da combustão do enxofre presente nos combustíveis fósseis;
» Monóxido de nitrogênio (NO) e dióxido de nitrogênio (NO), também conhecido como óxidos de azoto (NO), resultante de qualquer combustão que ocorra na presença de ar atmosférico;
» Chumbo (Pb), que costuma ser adicionado a gasolina para aumentar sua octanagem;
O graves efeitos do monóxido de carbono sobre os seres humanos são amplamente conhecidos. No processo de respiração, o monóxido de carbono forma com a hemoglobina, uma ligação mais estável. A ligação monóxido de carbono-hemoglobina reduz a oxigenação do cérebro e das células, provocando, em pequenas concentrações, dores de cabeça, vertigens.
O dióxido de enxofre e os óxidos de azoto causam ou agravam os problemas respiratórios: asmas, bronquite, pneumonia.
A elevação dos níveis de poluentes na atmosfera traz consigo uma série de problemas as pessoas, tais como irritação nos olhos e na garganta e problemas respiratórios, principalmente para as pessoas que já tem predisposição a eles, como os portadores de doenças crônicas do tipo asma e bronquite.
Há alguns fenômenos naturais que agravam a concentração de poluentes na atmosfera, tais como a inversão térmica, os baixos índices pluviométricos, além da disposição do relevo, que pode dificultar a circulação atmosférica.

A INVERSÃO TÉRMICA
Trata-se de um fenômeno natural que pode ocorrer em qualquer parte do planeta. Quando a temperatura próxima ao solo cai abaixo de 4 grau, o ar frio, impossibilitado de elevar-se, fica retido em baixas altitudes. Camadas mais elevadas da atmosfera são ocupados com ar relativamente mais quente, que não consegue descer. Ocorre, assim, uma estabilização momentânea da circulação atmosférica em escala local, caracterizada por uma inversão das camadas: o ar frio fica embaixo e o ar quente acima, fenômeno definido como inversão térmica. Um ambiente muito favorável para a ocorrência da inversão térmica é justamente as grandes cidades. Pelo fato de se apresentarem grande área construída, portanto desmatada e impermeabilizada, as grandes cidades absorvem grande quantidade de calor durante o dia. A noite, no entanto, perdem calor rapidamente. Com a concentração do ar frio nas camadas mais baixas da atmosfera, o que impede sua dispersão, ocorre também a concentração de toneladas de poluentes emitidos por várias fontes, o que agrava sobremaneira o problema ambiental da poluição em baixos extratos da atmosfera, constituindo um sério problema ambiental apenas em centros urbano-industriais.

A ILHA DE CALOR
A “ilha de calor” é um fenômeno típico de grandes aglomerações urbanas. Resultado da elevação das temperaturas médias nas zonas centrais da mancha urbana, em comparação com as zonas periféricas ou com as rurais.
A substituição da vegetação por grande quantidade de casas e prédios, ruas e avenidas, pontes e viadutos e uma serie de outras construções, que é tanto maior quanto mais se aproxima do centro das grandes cidades, faz aumentar significativamente a irradiação de calor para a atmosfera. Além disso, na atmosfera das zonas centrais da cidade, é muito maior a concentração de gases e materiais particulados, lançados pelos automóveis e fabricas, responsáveis por um efeito estufa localizado, que colabora para aumentar a retenção de calor.
A elevação da temperatura nas áreas centrais da mancha urbana facilita a ascensão do ar, quando não há inversão térmica, formando uma zona de baixa pressão. Isso faz com que os ventos soprem, pelo menos durante o dia, para essa região central, levando, muitas vezes, maiores quantidades de poluentes. Assim, sobre a zona central da mancha urbana forma-se uma “cúpula” de ar pesadamente poluído.

O EFEITO ESTUFA
Efeito estufa se trata de um fenômeno natural e fundamental para a vida na terra. Consiste também na retenção de calor irradiado pela superfície terrestre, pelas partículas de gases e de água em suspensão na atmosfera, garante a manutenção do equilíbrio térmico do planeta e, portanto, a sobrevivência das várias espécies vegetais e animais.
O efeito estufa resulta, de um desequilíbrio na composição atmosférica, provocado pela crescente elevação da concentração de certos gases que tem capacidade de absorver calor, como é do caso do metano, dos clorofluorocarbonos, mas principalmente do dióxido de carbono. Essa elevação dos níveis de dióxidos de florestas, desde a Revolução Industrial.
Assim, segundo recentes pesquisas, admite-se que uma duplicação de concentração de dióxido de carbono na atmosfera pode provocar uma elevação média de 3 grau na temperatura terrestre, o que poderia elevar em uns 20 centímetros, em média, o nível dos oceanos.
Esse fenômeno é chamado de efeito estufa porque, nos países temperados, é comum a utilização de estufas durante o inverno para abrigar determinadas plantas. A estufa feita de vidro ou plástica transparente tem a capacidade de reter calor, mantendo a temperatura interna mais elevada que a temperatura ambiente.





DESTRUIÇÃO DA CAMADA DE OZÔNIO
Outro problema ambiental de caráter global que vem assustando muitas pessoas é a gradativa destruição da camada de ozônio existente na estratosfera.
Ele tem um papel fundamental na regulação da vida na terra, ao filtrar a maior parte dos perigosos raios ultravioletas emitidos pelo sol. Sabe-se que esses raios podem causar no homem, entre outros problemas, câncer de pele e perturbações da visão.
Em 1979, pela primeira vez, verificou-se que a concentração de ozônio estava se tornando rarefeita sobre a Antártida.
Já são bastantes conhecidos os grandes vilões da destruição de ozônio, os gases CFCs usados como fluidos de refrigeração, como solventes, nas embalagens de aerossóis e nas espumas plásticas. Além dos CFCs, outros produtos químicos também foram responsabilizados: compostos bromados, tetracloreto de carbono e clorofórmio de metila.
O buraco na camada de ozônio é maior sobre o pólo sul, porque as baixíssimas temperaturas registradas na Antártida ao formarem nuvens estratosféricas de gelo, favorecem a transformação dos clorofluorocarbonos estáveis em cloro ativo, que catalisa a reação de destruição de parte do ozônio, diminuindo sua concentração.

AS CHUVAS ÁCIDAS
É importante ressaltar que as chuvas, mesmo em ambiente não poluído, são sempre ácidas. A combinação de gás carbônica presente na atmosfera produz ácida carbônica que embora fraco, já torna as chuvas normalmente ácidas. Assim, as chuvas ácidas que causam graves problemas, são resultantes da elevação exagerada dos níveis de acidez da atmosfera, em conseqüência do lançamento de poluentes produzidos pelas atividades humanas.
Os principais responsáveis por esse fenômeno são os trióxidos de enxofre que é a combinação do dióxido de enxofre emitido a partir da queima de combustíveis fósseis, e do oxigênio, já presente na atmosfera e o dióxido de nitrogênio.
A concentração de trióxidos de enxofre aumentou na atmosfera como resultado da ampliação do uso de combustíveis fósseis nos transportes, nas termelétricas e nas indústrias. Cerca de 90% desse gás é eliminado pela queima do carvão e do petróleo. Já pelo menos 70%, aproximadamente, do dióxido de nitrogênio é emitido pelos veículos automotores.
Os países que mais colaboram para a emissão desses gases são os industrializados do hemisfério norte. Por isso, as chuvas ácidas ocorrem com mais intensidade nesses países.
O trióxidos de enxofre e o dióxido de nitrogênio lançado na atmosfera, ao se combinarem com água em suspensão, transformam-se em ácidos sulfúricos, ácidos nítrico e nitrosos. São muitos mais fortes do que o ácido carbônico, presente nas chuvas normais, e resultam da emissão de poluentes, sendo, portanto, anormais na atmosfera. Assim, em ambiente poluído, a acidez é agravada pela presença do trióxidos de enxofre e do dióxido de nitrogênio.
Alem de causar corrosão de metais, de pinturas e de monumentos históricos, as chuvas ácidas provocam impactos, muitas vezes, a centenas de quilômetros das fontes poluidoras.
Outro impacto causado pelas chuvas ácidas, que é tanto mais grave quanto mais próxima das fontes poluidoras, é a destruição da cobertura vegetal.
No Brasil, esse fenômeno ocorre de forma significativa na região metropolitana da São Paulo e no Rio Grande so Sul. O caso mais grave, porém, ocorre em Cubatão, município litorâneo do estado de São Paulo. Em alguns pontos da encosta da serra do mar, nas proximidades das principais fontes poluidoras, os substratos da floresta, a vegetação de pequeno porte, simplesmente desaparecem.
Nos últimos anos, a gradativa diminuição da emissão de poluentes pelas industrias de Cubatão está permitindo a lenta reconstituição da Mata Atlântica nas encostas da serra do Mar, nas proximidades do Pólo petroquímico e siderúrgico.


A QUESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL.
FORMAS DE POLUIÇÃO

Resumo: Que o homem polui o meio ambiente não é nenhuma novidade, mas quais as formas em que o solo e as águas são poluídos; e existem soluções para diminuir esse problema?
Poluição do solo
Um dos problemas mais sérios que qualquer cidade enfrenta, é particularmente grave nas enormes aglomerações urbano-industriais, é o do lixo sólido. A cidade processa uma incrível quantidade de matéria e energia, além de toneladas de dejetos que não são metabolizados por ela. Os excedentes vão se acumulando cada vez em maior escala. Com a elevação da população e, principalmente, com o estímulo dado ao consumismo, o problema tende a se agravar. Somente os Estados Unidos produzem cerca de 10 bilhões de toneladas de lixo sólido por ano.



Problemas do lixo
Onde há serviço de coleta, o lixo é depositado em terrenos usados exclusivamente para esse fim, os chamados lixões, que são depositados a céu aberto, ou então enterrado e compactado em aterros sanitários. Esses locais sofrem graves impactos ambientais. O acúmulo de lixo no solo traz uma série de problemas não somente para alguns ecossistemas, mas também para a sociedade: proliferação de insetos e ratos, que podem transmitir várias doenças, decomposição bacteriana da matéria orgânica que além de gerar um mau cheiro típico, produz um caldo escuro e ácido denominado chorume, o qual, nos grandes lixões, infiltra-se no subsolo, contaminado o lençol freático, contaminação do solo e das pessoas que manipulam o lixo com produtos tóxicos e o acúmulo de materiais não-biodegradáveis.

Todos os dias, milhares de pessoas, os catadores de lixo, afluem para os lixões em várias cidades do mundo subdesenvolvido, em busca de restos de alimentos e de alguns objetos úteis para seu miserável dia-a-dia. Acrescente-se, ainda, um problema de ordem estética, pois o lixo torna a paisagem urbana feia e suja, causando poluição visual.

Soluções para o lixo
As soluções para o problema do lixo urbano são várias, dependendo da fonte produtora. No caso do lixo hospitalar, por exemplo, não há outra saída a não ser a incineração, dada a sua alta periculosidade por causa do risco de contaminação.
Para o lixo orgânico, predominante nos países subdesenvolvidos, o ideal seria o retorno do lixo ao solo, para servir como adubo orgânico ou também para a produção de gás metano, resultante da fermentação anaeróbica, que pode ser usado como combustível. No Brasil aproximadamente 70% do total do lixo domiciliar é orgânico, essa é uma boa saída para o país. Em muitos países da Europa Ocidental, o lixo orgânico é triturado e enviado pela pia ao esgoto.
Já para o lixo inorgânico, o ideal seria a coleta seletiva, que possibilitaria a reciclagem de grande parte dos materiais contidos no lixo domiciliar e industrial.
Muitos países instalaram usinas de incinerações do lixo. Mas, a não ser que a energia produzida seja utilizada para algum fim, como no caso da França, que utiliza para aquecimento dos metrôs, essa é uma saída pouco racional em termos ambientais, pois desperdiça grande quantidade de matérias e de energia, além de poluir o ar.
A grande dificuldade para um melhor aproveitamento do lixo está exatamente na forma de coleta. Como é sólido, o lixo tem de ser coletado por caminhões, o que por si só já cria algumas dificuldades.
Para fazer uma coleta seletiva, seria necessário maior número de coletas, o que implicaria maior quantidade de veículos. Além disso, é preciso que a sociedade se conscientize da importância da coleta seletiva. Cobrar isso de populações pobres, que mal tem onde morar e o que comer, soa ridículo.

Poluição das Águas
É tamanha a quantidade de água na terra três quartos de sua superfície são cobertos por água. Com tal abundancia, pensam alguns, jamais faltaria esse líquido precioso. Infelizmente não é bem isso o que acontece, porque há uma distribuição desigual das reservas de água no planeta, variando numa relação de 1:1000 entre um deserto e uma floresta tropical. Alem disso, a maior parte da água, em torno de 97%, está nos oceanos e mares, não podendo, portanto, ser utilizada, a não ser a partir de caros processos de dessalinização.
As fontes de água doce, as mais vitais para os seres humanos, são justamente as que mais recebem poluentes. Muitos lugares do planeta, cidades e zonas agrícolas correm sério risco de ficar definitivamente sem água. Além disso, poderemos chegar a uma época em que não haja nenhum lugar no planeta com águas limpas. A causa fundamental dessa tragédia ecológica, que pode eventualmente piorar se medidas sérias não forem tomadas, é o aumento acelerado de várias formas de poluição, além da ocupação desordenada em regiões de preservação de mananciais.
O lançamento de resíduos orgânicos acima da capacidade de absorção pelos organismos decompositores e o de resíduos inorgânicos não-biodegradáveis, muitos inclusive tóxicos e cumulativos, nos córregos, rios, lagos e mares, caracterizam o que chamamos genericamente de poluição das águas. As fontes de poluição das águas são várias e estão muito dispersas pela superfície terrestre. Embora o fenômeno seja mais concentrado e mais visível nos complexos sistemas urbanos, surge também nos ecossistemas naturais e agrícolas.



Como se vê no mapa, várias pessoas não tem o privilégio de usar água limpa.

Poluição das águas em ecossistemas naturais e em ecossistemas agrícolas
Uma das piores formas de poluição das águas num ecossistema natural é o derrame de mercúrio nos rios, lagos e mares. O mercúrio, metal pesado e extremamente tóxico, tende a se concentrar no organismo dos animais, como os peixes. Como essa concentração é cumulativa, tende a ser muito maior no último elo da cadeia alimentar, que é justamente o homem. Por se acumular mais facilmente no cérebro, provoca sérios problemas neurológicos.
Um dos mais antigos e mais graves casos de derrame de mercúrio aconteceu no Japão, na década de 50. Industrias química lançaram grande quantidade de mercúrio na baía de Minamata. Os pescadores, sem saber o risco que corriam, continuaram pescando e se alimentando de pescados da região. Não tardou a aparecerem graves disfunções neurológicas nas pessoas que tiveram um grande acúmulo de mercúrio em seus cérebros.
Há muitos rios e lagos na Amazônia e no Pantanal contaminados com mercúrio, por causa do garimpo e ouro.
Outra forma de poluição das águas em ecossistemas naturais é o carreamento, quantidades de agrotóxicos e de fertilizantes utilizados pela agricultura moderna. Acabam escoando para os rios e lagos e, muitas vezes, atingem frágeis ecossistemas naturais, causando grandes desequilíbrios. Na década de 60, centenas de pelicanos morreram nos Estados Unidos. Análises dos corpos das aves mostraram alta concentração de DDT em seus organismos, 100 mil vezes maior do que a encontrada nas águas do lago onde eles se alimentavam de peixes. O DDT é um agrotóxico não-biodegradável e também cumulativo. Em 1990, foram constatadas concentrações de DDT em alguns lagos japoneses vinte após a proibição de seu uso.
O carreamento de matérias nutritivas, como nitratos e fosfatos, para rios lentos, lagos e mares, provoca um fenômeno conhecido como eutrofização das águas. O excesso de alimentos provoca uma enorme proliferação de algas, que logo morrem, consumindo enorme quantidade de oxigênio no processo de decomposição e, assim, matando os peixes por asfixia. Assim, a poluição orgânica mata os peixes por asfixia, e não por envenenamento.
Outro caso grave de poluição das águas que sempre ocorre é o derrame de petróleo nas águas oceânicas.
Quando o navio Exxon Valdez lançou toneladas de petróleo nas costas do Alasca, em 1989, causou também um serio impacto ambiental naquele ecossistema: poluiu de 1100 quilômetros do litoral, matando inúmeras espécies de peixes e de aves, cerca de 3500 lontras-do-mar e 200 focas.

Poluição das Águas em sistemas urbanos
Nas grandes aglomerações urbanas, o problema da poluição das águas assume proporções catastróficas. Nas cidades, há um elevado consumo de água e, conseqüentemente, uma infinidade de fontes poluidoras, tanto na forma de esgotos domésticos como de fluentes industriais.
Na França, o consumo doméstico de água é, em média, de 150 litros diários por habitantes. Somando-se a esse consumo as necessidades comunitárias chega-se facilmente a 200 litros diários por habitantes, consome em torno de 2 bilhões de litros de água por dia.
Toda essa enorme quantidade de água utilizada pelas atividades domésticas e industriais não é propriamente consumida, mas retirada da natureza e depois novamente devolvida. É exatamente aí que está o problema, a maior parte dessa água, depois de utilizada para vários fins, é devolvida ao meio ambiente parcial ou totalmente poluída. A poluição orgânica desequilibra o ecossistema aquático que a recebe, por exemplo, matando os peixes por asfixia, ao passo que a poluição tóxica mata por envenenamento. Proveniente exclusivamente dos efluentes industriais, a poluição tóxica é a mais perigosa, sendo que a metade dela é lançada pelas industrias químicas e em torno de um terço, pelas fábricas de metais.
Há a necessidade de implantação de um sistema de coleta e tratamento dos esgotos domiciliares e industriais para que, depois de utilizada, a água retorne limpa a natureza.

DEFENDER O MEIO AMBIENTE. COMO?

Resumo: este tutorial mostrará como às entidades políticas tem procurado defender o meio ambiente de tanta poluição. E que papel as ONGs desempenham nessa luta contra o desenvolvimento desorganizado em todo o mundo?
Todos os impactos ambientais que analisamos até agora são causados por um modelo de desenvolvimento, tanto capitalista como socialista que encarava a natureza e seus complexos e frágeis ecossistemas apenas como inesgotáveis fontes de energia e matéria-prima. Todos esses impactos, na verdade, foram provocados porque a natureza era vista apenas como fonte de lucros, de enriquecimento.
Já nos séculos XVIII e XIX, os impactos ambientais provocados pela crescente industrialização eram muito grandes. Mas, de qualquer maneira, ainda eram localizados. Os donos da fabrica poluidora, os rios, ainda tinham como se refugiar das mazelas da industrialização. Com o passar do tempo, devido a crescente expansão do processo de industrialização/urbanização, os impactos foram aumentando cada vez mais, até que, no pós-guerra, passaram a ter conseqüências globais.
Em 1972, foi realizada a Conferencia das Nações Unidas sobre o Homem e o Meio Ambiente, em Estocolmo. Nesse mesmo ano, uma entidade formada por importantes empresários, chamada Clube de Roma, encomendou ao Massachustts Institute of Techology dos Estados Unidos, um estudo que ficou conhecido como o desenvolvimento Zero. Esse estudo, alertando o mundo para problemas ambientais globais causados pela sociedade urbano-industrial, propunha o congelamento do crescimento econômico como única solução para evitar que o aumento dos impactos ambientais levasse o mundo a uma tragédia ecológica.
A Conferencia Estocolmo-72 foi marcada pela polêmica entre os defensores do desenvolvimento a qualquer custo. A proposta dos países ricos era, na verdade, a de congelar as desigualdades socioeconômicas vigentes no mundo; a dos países pobres era a de implementar uma rápida industrialização de alto impacto ecológico e humano.
A crise econômica mundial dos anos 70, detonada em parte pelo choque do petróleo colocou questões econômicas mais urgentes para os governantes do mundo inteiro se preocuparem.
Em 1983, a Assembléia Geral da ONU indicou a então primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, para presidir uma comissão encarregada de estudar esse tema. Em 1987, foi publicado pela Comissão Mundial sobre o meio Ambiente e o Desenvolvimento da ONU um estudo denominado Nosso Futuro comum. Esse estudo, que defendia o crescimento para todos, buscava um equilíbrio entre as posições antagônicas surgidas na Estocolmo-72. Tentando conciliar desenvolvimento e preservação do meio ambiente, surgiu pela primeira vez a concepção de desenvolvimento sustentável.
Muitos ambientalistas no mundo inteiro criticaram esse relatório, que, segundo eles, não passava de uma perspectiva conservadora de crescimento sustentável, ao não questionar o modelo de desenvolvimento vigente em escala mundial, por acreditar no voluntarismo dos agentes econômicos e, finalmente, por propor apenas a transformação do capitalismo num ecocapitalismo. O Relatório Brundtland sugeria apenas a implantação de uma série de medidas paliativas, um capitalismo verde, para minimizar os impactos ambientais.


Perspectivas para o futuro
A conferencia das Nações Unidas sobre o meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada em 1992 no Rio de Janeiro, reuniu chefes de Estado da maioria dos países do mundo, além de milhares de representantes de organizações paralela. Esse encontro, definiu uma serie de resoluções, visando alterar o modelo consumista de desenvolvimento vigente no mundo para outro, mais sustentável ecologicamente. O objetivo fundamental era tentar minimizar os impactos ambientais no planeta, garantindo, assim, o futuro das próximas gerações.
O plano de ação, mais conhecido como agenda 21, é um ambicioso programa para a implantação de um modelo de desenvolvimento sustentável em todo o mundo para o século XXI. Obviamente, para atingir esse objetivo são necessários volumosos recursos. Os países desenvolvidos comprometeram-se a canalizar 0,7% de seus PIBs.
Já a Convenção sobre Biodiversidade e a Convenção sobre Mudanças Climáticas tem como agente financiador um organismo denominado GEF. Criado em 199, o GEF é dirigido pelo Banco Mundial e recebe apoio técnico e cientifico dos programas das Nações Unidas para o desenvolvimento e para o Meio Ambiente.
A convenção sobre biodiversidades traça uma serie de medidas para a preservação das várias espécies de vida que habitam o planeta. Tenta frear a destruição da fauna e da flora, concentradas principalmente nas florestas tropicais, as mais ricas em biodiversidade.
A convenção sobre mudanças climáticas estabeleceu várias medidas que visam diminuir a emissão de poluentes pelas fábricas, automóveis e outras fontes poluidoras, com o objetivo de impedir a destruição da camada de ozônio, a ação do efeito estufa.
Ainda no Rio-92, foi criada a Comissão de desenvolvimento Sustentável com o objetivo básico de fiscalizar a aplicação da agenda 21.

O Papel das ONGs
Muitas ONGs tem desempenhado um papel fundamental como defensores da natureza, ao longo das últimas décadas. Elas simbolizam a conscientização e a organização da sociedade civil na luta pela preservação dos ecossistemas do planeta.
Conselho da terra, uma ONG liderada por 21 eminentes ambientalistas da vários países foi criada para fiscalizar a aplicação das soluções do Rio-92.
A mais famosa ONG do mundo é o Greenpeace. É umas das ONGs mais atuantes em vários campos da preservação ambiental. Notabilizou-se principalmente por organizar protestos contra a caça predatória, como a das baleias, e contra testes nucleares subterrâneos. Outra ONG importante é o WWF fundo mundial para a natureza, uma das mais antigas, que desde 1961 luta em defesa da natureza em todo o planeta.
No Brasil, uma das Ongs mais atuantes é a fundação SOS-Mata Atlântica, criada em 1986 com o objetivo de preservar o que restou dessa floresta nas encostas da serra do mar.

A falência do modelo consumista de desenvolvimento
Os países desenvolvidos congregam em torno de um quinto da população mundial. No entanto, essa minoritária população responde por cerca de 80% de todos os recursos naturais consumidos no planeta. Conseqüentemente, sobram apenas 20% desses recursos para serem consumidos por quatro quintos da humanidade. Se considerarmos que a riqueza, nesses países, é muito concentrada e, portanto, há uma elite e uma reduzida classe média que seguem padrões de consumo idêntico aos vigentes no mundo desenvolvido, conclui-se que a esmagadora maioria da população dos países subdesenvolvidos vive na pobreza ou na absoluta miséria, apresentando, assim, baixos níveis de consumo.
Por outro lado, apenas as duas maiores potências econômicas do mundo atual, Estado Unidos e Japão, consomem aproximadamente um terço de todos os recursos naturais do planeta. Um bebê norte-americano consome, em média, trinta vezes mais que um bebê nascido num país subdesenvolvido. Os habitantes dos países ricos consomem em média, quinze vezes mais papel, dez vezes mais aço e doze vezes mais energia comercial do que os habitantes dos países pobres.



O modelo de desenvolvimento consumista e de alto impacto ambiental é impossível de ser estendido a toda a população do planeta. O modelo de progresso difundido pelos países ricos é insustentável ecologicamente.
É por isso que a grande questão que se coloca hoje em dia é a busca de um novo modelo e desenvolvimento que não cause tantos impactos no meio ambiente, que seja ecologicamente sustentável e que promova uma melhor distribuição da riqueza no mundo.

É impossível não associar crescimento populacional e, portanto, políticas demográficas, aos impactos ambientais. O próprio Relatório Brundtland identifica a pobreza como causa primordial da deterioração ambiental. A outra perspectiva, que abriga várias correntes, as quais podem ser agrupadas como reformistas, afirma que o alto crescimento populacional é conseqüência da miséria, da desinformação, da falta de assistência médica. Assim, bastaria a elevação do padrão de vida da população para que as famílias espontaneamente reduzissem o numero de filhos.
Surge uma grande contradição. Você já pensou no que significa a população chinesa e a indiana, para ficar só em dois países, atingem um padrão de vida e, portanto, de consumo idêntico ao norte-americano, japonês ou europeu ocidental? Os sérios defendem um novo modelo de sociedade sustentável ecologicamente, política e economicamente democrática. Os levianos defendem o controle demográfico puro e simples, fazendo vistas grossas para uma série de aspectos importantes para a solução do problema.



Poucos países são responsáveis pela grande demanda de lixo. Os menos desenvolvidos tambem participam no aumento da poluição, mas em escala bem menor.
Mas é muito mais cômodo usar os pobres como bodes expiatórios, não tocando em questões importantes como distribuição da riqueza, acesso às tecnologias e as informações, gestão do meio ambiente, democratização do poder, entre outros temas que estão sob o controle dos países desenvolvidos.
Só o fortalecimento da democracia e da cidadania em escala planetária pode levar, a solução desses complexos problemas.

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