Guia de Profissões 2014: História infoENEm





Posted: 26 Dec 2014 08:44 AM PST


História tem como objetivo o estudo da humanidade através de sua memória, analisando criticamente os contextos sociais, econômicos, culturais etc.

Compartilhando sua vivência, Alexandra Villar, graduanda em História na Universidade de São Paulo (USP).


1- Por que escolheu História?
Inicialmente, quando saí do Ensino médio, pensava em cursar algo relacionado a artes, mas não queria ficar presa no mercado, no sentido de ter uma graduação que me proporcionasse poucas opções fora da área, não queria ficar restringida. Escolhi história pela diversidade dos caminhos e opções que o curso abre, tanto durante a graduação quanto depois, na hora de entrar no mercado de trabalho, já que existem inúmeras áreas para especialização. É bacana lembrar que existem os cursos de bacharelado (já orientados para quem quer seguir na área de pesquisa) e os cursos de licenciatura (para quem planeja dar aulas) e os cursos mistos, como é o que eu faço, você entra no bacharelado e pode abrir a licenciatura a qualquer momento da graduação.

Enfim, história é algo muito amplo e algo que “sempre está lá”, podendo ser relacionada com praticamente qualquer coisa, e isso proporciona uma liberdade bem grande quando o assunto é escolher o que queremos fazer (dentro ou fora da graduação).


2– Na prática, sua visão sobre o curso mudou? Conte-nos um pouco sobre sua rotina.
Sim, a gente tem muita coisa pré-estabelecida sobre a história em si, e então é natural que entremos na graduação tendo uma ideia diferente do curso, e leve muita coisa da ideia de história linear do ensino médio e cursinho (que não estão erradas também). Na graduação os professores quebram muito essas ideias (e nem sempre reconstroem com outras visões), quebram a linearidade, apresentam reflexões profundas sobre as fontes e o que a gente conhece sobre história, e a gente vai percebendo o quão o curso é pesado, mentalmente, hahaha.

Agora, terminando o segundo ano eu já cursei matérias de metodologia, de Brasil, de Ibérica, de América, de Medieval, entre outras. Cada matéria tem um espaço-tempo restrito de acordo com as especialidades do professor, e dependendo do professor, a mesma matéria pode ser completamente diferente.

Têm ainda as optativas (na maioria das grandes faculdades públicas, que te oferecem a oportunidade de fazer matérias em outras faculdades/cursos), que te abrem um caminho mais amplo e é também uma forma de escolher para onde você quer direcionar a sua graduação, já que você escolhe as matérias que tem interesse. Tenho pegado optativas voltadas para licenciatura que me permitirão anular matérias obrigatórias da licenciatura quando eu abrir (o que planejo fazer em breve).


3 – Quais os principais benefícios e dificuldades de fazer esse curso?
Os benefícios são ter as diversas opções para seguir: você pode ter uma formação voltada para o ensino, para pesquisa (e dentro dessas opções pode montar uma grade que te direcione para área de artes, para áreas específicas da história, para política, economia etc) além de conhecer a história em si, que é uma ferramenta muito importante para se entender o mundo.

Quanto às dificuldades, eu acho que são comuns às dificuldades da maioria dos cursos de humanas: tem uma carga muito grande de leitura (o que exige dinheiro para xerox também) e de escrita, já que se exigem provas e trabalhos longos. A licenciatura exige estágio, o que também pode ser uma dificuldade (caso o aluno trabalhe).


4- Quais as principais características que você acredita serem necessárias para quem escolher esse curso?
Principalmente se interessar por história (ao longo da graduação, não gostar ou amar algumas matérias é natural, depende do professor, do programa da matéria etc), mas o interesse e a curiosidade nos mantém até nas piores matérias, e gostar muito de ler (mas, principalmente, não se desanimar ou abandonar leituras maçantes – que podem e com certeza vão acontecer no decorrer das matérias na graduação, hahaha)


5- Gostaríamos que você desse dicas, conselhos ou qualquer outro tipo de informação que ajude nossos leitores a decidir seguir (ou não) a sua profissão.
Não sei se sou a melhor pessoa para isso, pois quando decidi que ia prestar história, ainda tinha dúvidas. Mas se serve de consolo, não me arrependo, acho que num momento de muita indecisão entre carreiras de humanas, escolher uma graduação base (como história, letras, sociais) é algo viável, já que elas vão te aparelhar com coisas que você vai usar em qualquer carreira na área de humanidades.

Pense no que você realmente gosta de fazer. História é principalmente leitura, questionamento e escrita (ou fala, caso siga a carreira de ensino – que apesar de desvalorizada, pode ser incrível também). Muitas vezes a gente foge dessas graduações de base justamente porque pensamos que elas são limitadas a carreira em sala de aula, mas durante a graduação você vai descobrir muitos outros caminhos pelo meio da pesquisa (que é também exaustiva e que é muitas vezes pré-requisito para uma carreira de fato na área de ensino) e pode descobrir que a carreira de ensino é algo que você gosta.

Agradecemos à Alexandra Villar pelas ótimas explicações e dicas na entrevista de hoje.







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Posted: 26 Dec 2014 02:15 AM PST


Seguimos trazendo as notas de corte das principais universidades públicas que participaram do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) de 2014 e que devem oferecer vagas novamente na primeira edição de 2015, que deve ocorrer em janeiro.

Após disponibilizar as pontuações de corte de todos os cursos da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) para ampla concorrência (clique para ver), nesta postagem trazemos os dados referentes a modalidade de cotas.

Vale lembrar que a nota de corte equivale ao desempenho necessário para estar entre os classificados num determinado processo seletivo, no caso o primeiro Sisu deste ano, que aproveitou o resultado do Enem 2013.

Veja a tabela.





Notas Sisu 2014.1 – Cotas UFMT
Campus Curso Formação Turno Social até 1,5 Salário Racial até 1,5 Salário Social Renda Livre Racial Renda Livre
Campus Cuiabá MEDICINA Bacharelado Integral 751.52 736.24 773 748.94
Campus Cuiabá ENGENHARIA CIVIL Bacharelado Integral 680.18 663.52 679.38 677.34
Campus Cuiabá DIREITO Bacharelado Matutino 681.98 665.30 702.78 694.44
Campus Cuiabá DIREITO Bacharelado Noturno 680.04 657.80 694.02 692.22
Campus Cuiabá ARQUITETURA E URBANISMO Bacharelado Integral 666.10 648.74 694.32 651.86
Araguaia/ Barra do Garças ENGENHARIA CIVIL Bacharelado Integral 672.48 652.96 697.26 660.52
Araguaia/ Barra do Garças DIREITO Bacharelado Integral 667.84 650.84 679.10 663.44
Araguaia/ Barra do Garças BIOMEDICINA Bacharelado Integral 668.46 648.08 686.36 654.60
Campus Rondonópolis ENGENHARIA MECÂNICA Bacharelado Integral 648.04 638.98 667.52 636.54
Campus Cuiabá PUBLICIDADE E PROPAGANDA Bacharelado Matutino 646.36 638.48 652.94 654.80
Campus Cuiabá ENGENHARIA ELÉTRICA Bacharelado Integral 643.90 625.74 670.06 644.80
Campus Cuiabá GEOLOGIA Bacharelado Integral 654.80 649.08 675.52 645.10
Campus Cuiabá MEDICINA VETERINÁRIA Bacharelado Integral 652.42 633.44 665.38 637.84
Campus Cuiabá JORNALISMO Bacharelado Matutino 624.42 623.46 688.68 624.14
Campus Cuiabá PSICOLOGIA Bacharelado Integral 642.64 624.56 655.60 636.16
Campus Sinop MEDICINA VETERINÁRIA Bacharelado Integral 645.28 620.86 652.28 621.10
Campus Rondonópolis PSICOLOGIA Bacharelado Integral 636.18 615.02 653.54 628.60
Campus Cuiabá CIÊNCIAS CONTÁBEIS Bacharelado Noturno 623.82 616.56 658.46 630.18
Campus Cuiabá ADMINISTRAÇÃO Bacharelado Noturno 618.52 604.58 626.48 619.22
Campus Cuiabá ADMINISTRAÇÃO Bacharelado Matutino 600.00 599.90 640.08 612.42
Campus Cuiabá ENG. AMBIENTAL E SANITÁRIA Bacharelado Integral 621.92 609.64 640.76 617.30
Araguaia/ Barra do Garças JORNALISMO Bacharelado Noturno 646.08 609.08 646.02 617.82
Campus Cuiabá ENFERMAGEM Bacharelado Integral 622.86 613.16 647.64 617.68
Campus Cuiabá CIÊNCIAS CONTÁBEIS Bacharelado Matutino 611.38 594.66 643.00 614.28
Campus Sinop FARMÁCIA Bacharelado Noturno 644.24 611.38 634.50 613.74
Campus Cuiabá CIÊNCIAS ECONÔMICAS Bacharelado Matutino 587.38 585.06 634.18 593.34
Campus Cuiabá NUTRIÇÃO Bacharelado Integral 628.46 599.28 631.02 604.36
Campus Araguaia/ Pontal do Araguaia FARMÁCIA Bacharelado Integral 621.48 605.72 633.36 600.86
Campus Cuiabá CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO Bacharelado Integral 616.94 603.48 644.92 620.14
Campus Cuiabá ENGENHARIA FLORESTAL Bacharelado Integral 624.24 608.78 640.78 609.92
Campus Cuiabá AGRONOMIA Bacharelado Integral 613.18 601.90 630.56 608.52
Campus Cuiabá RADIALISMO Bacharelado Matutino 602.78 585.72 649.74 600.06
Araguaia/ Pontal do Araguaia ENGENHARIA DE ALIMENTOS Bacharelado Integral 609.78 588.48 614.46 600.54
Campus Cuiabá SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Bacharelado Noturno 625.72 613.80 635.58 618.44
Campus Sinop ENFERMAGEM Bacharelado Integral 622.06 601.60 631.10 608.52
Campus Cuiabá CIÊNCIAS ECONÔMICAS Bacharelado Integral 604.14 585.70 637.60 612.56
Campus Rondonópolis ENFERMAGEM Bacharelado Integral 613.36 607.24 604.32 625.96
Araguaia/ Pontal do Araguaia ENFERMAGEM Bacharelado Integral 613.96 613.86 620.64 605.58
Campus Cuiabá QUÍMICA Bacharelado Integral 598.08 587.40 623.44 597.98
Araguaia/ Barra do Garças AGRONOMIA Bacharelado Integral 608.02 593.54 612.12 598.58
Campus Cuiabá CIÊNCIAS SOCIAIS Bacharelado Noturno 620.86 578.16 613.10 618.38
Campus Sinop ENG. AGRÍCOLA/AMBIENTAL Bacharelado Integral 604.24 595.50 628.52 584.82
Campus Sinop ENGENHARIA FLORESTAL Bacharelado Integral 598.62 588.80 617.74 593.64
Campus Rondonópolis ENG. AGRÍCOLA/AMBIENTAL Bacharelado Integral 613.94 593.14 603.66 595.72
Campus Cuiabá LETRAS PORTUGUÊS E INGLÊS Licenciatura Matutino 580.36 578.38 617.42 578.64
Campus Rondonópolis ADMINISTRAÇÃO Bacharelado Noturno 601.78 584.24 616.22 585.24
Campus Cuiabá FÍSICA Bacharelado Integral 580.10 570.40 613.14 583.04
Campus Sinop AGRONOMIA Bacharelado Integral 596.92 582.28 620.78 581.22
Campus Cuiabá LETRAS – PORT./LITERATURAS Licenciatura Noturno 574.12 567.82 607.00 577.10
Campus Cuiabá FILOSOFIA Bacharelado Noturno 607.40 567.86 622.64 594.18
Campus Rondonópolis ADMINISTRAÇÃO Bacharelado Matutino 594.16 577.78 610.86 586.16
Araguaia/ Barra do Garças CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO Bacharelado Integral 610.34 585.86 627.86 608.90
Campus Cuiabá ZOOTECNIA Bacharelado Integral 596.12 579.14 609.38 587.50
Campus Cuiabá HISTÓRIA Licenciatura Noturno 584.18 578.98 611.24 592.24
Campus Cuiabá ESTATÍSTICA Bacharelado Noturno 587.86 585.38 616.42 583.98
Campus Cuiabá EDUCAÇÃO FÍSICA Bacharelado Matutino 589.18 590.20 605.50 597.96
Campus Cuiabá CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Licenciatura Integral 587.90 569.00 607.90 578.74
Campus Rondonópolis CIÊNCIAS ECONÔMICAS Bacharelado Noturno 589.82 578.72 617.68 569.10
Campus Cuiabá HISTÓRIA Licenciatura Matutino 590.36 575.14 595.42 571.80
Campus Cuiabá CIÊNCIA/TEC. DE ALIMENTOS Bacharelado Noturno 587.86 577.24 612.32 586.80
Campus Cuiabá CIÊNCIAS SOCIAIS Licenciatura Noturno 594.62 563.62 606.42 577.58
Campus Cuiabá LETRAS PORTUGUÊS E ESPANHOL Licenciatura Noturno 592.90 584.74 609.06 605.18
Campus Cuiabá SAÚDE COLETIVA Bacharelado Noturno 580.28 569.92 605.20 577.66
Campus Cuiabá LETRAS PORTUGUÊS E FRANCÊS Licenciatura Matutino 579.46 549.26 605.54 571.68
Campus Rondonópolis CIÊNCIAS CONTÁBEIS Bacharelado Noturno 604.56 573.82 607.46 601.46
Campus Rondonópolis CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Licenciatura Noturno 572.50 566.00 600.40 551.66
Campus Rondonópolis CIÊNCIAS CONTÁBEIS Bacharelado Noturno 566.50 568.52 609.40 584.00
Campus Sinop ZOOTECNIA Bacharelado Integral 581.76 571.28 598.46 574.10
Campus Rondonópolis ZOOTECNIA Bacharelado Integral 585.54 572.50 588.68 578.46
Campus Cuiabá SERVIÇO SOCIAL Bacharelado Matutino 595.52 573.50 602.04 580.50
Campus Rondonópolis SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Bacharelado Noturno 581.16 578.26 593.36 578.06
Campus Cuiabá EDUCAÇÃO FÍSICA Licenciatura Matutino 578.80 567.34 599.90 579.90
Campus Cuiabá GEOGRAFIA Bacharelado Matutino 575.38 562.06 598.16 564.18
Campus Cuiabá QUÍMICA Licenciatura Integral 572.58 555.20 596.36 560.84
Araguaia/ Pontal do Araguaia CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Licenciatura Noturno 550.14 548.24 569.76 556.34
Campus Rondonópolis LETRAS LÍNGUA/LIT. INGLÊS Licenciatura Matutino 556.82 538.36 603.44 555.76
Campus Cuiabá FILOSOFIA Licenciatura Integral 572.48 561.58 606.88 557.30
Campus Cuiabá FÍSICA Licenciatura Matutino 568.80 558.72 582.10 553.04
Campus Cuiabá GEOGRAFIA Licenciatura Noturno 562.24 560.38 597.10 568.50
Campus Cuiabá PEDAGOGIA Licenciatura Matutino 565.04 559.40 562.66 557.58
Campus Rondonópolis BIBLIOTECONOMIA Bacharelado Noturno 563.32 554.92 573.14 549.56
Campus Rondonópolis MATEMÁTICA Licenciatura Noturno 573.98 561.34 564.72 550.76
Araguaia/ Pontal do Araguaia EDUCAÇÃO FÍSICA Licenciatura Integral 548.38 560.00 570.36 559.00
Campus Cuiabá MATEMÁTICA Licenciatura Integral 567.14 569.08 576.96 569.14
Araguaia/ Pontal do Araguaia FÍSICA Licenciatura Noturno 567.28 545.44 561.30 516.00
Araguaia/ Pontal do Araguaia QUÍMICA Licenciatura Noturno 573.44 538.86 575.34 562.28
Campus Sinop CIÊNC. NATURAIS/MAT-MATEMÁTICA Licenciatura Noturno 564.16 537.74 571.40 556.04
Campus Rondonópolis HISTÓRIA Licenciatura Noturno 569.58 546.56 580.86 559.06
Campus Cuiabá PEDAGOGIA Licenciatura Vespertino 577.98 554.26 574.60 563.22
Campus Sinop CIÊNC. NATURAIS/MAT.-QUÍMICA Licenciatura Noturno 557.26 542.74 586.70 550.90
Araguaia/ Pontal do Araguaia MATEMÁTICA Licenciatura Noturno 551.92 535.66 575.06 544.86
Campus Sinop CIÊNC. NATURAIS/MAT.-FÍSICA Licenciatura Noturno 560.42 553.56 570.56 548.76
Araguaia/ Barra do Garças LETRAS – LÍNGUA PORTUGUESA Licenciatura Noturno 549.58 560.48 565.82 553.42
Araguaia/ Barra do Garças GEOGRAFIA Licenciatura Noturno 555.74 554.04 526.98 554.94
Campus Rondonópolis PEDAGOGIA Licenciatura Matutino 541.72 548.54 558.78 535.50
Campus Rondonópolis GEOGRAFIA Licenciatura Noturno 547.34 538.82 573.30 548.72
Campus Rondonópolis LETRAS – LÍNGUA PORTUGUESA Licenciatura Vespertino 548.32 547.92 552.06 537.48
Campus Rondonópolis MATEMÁTICA Licenciatura Vespertino 568.84 543.72 563.64 551.32






Fonte: UFMT





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Posted: 25 Dec 2014 11:55 AM PST


No texto de hoje, daremos continuidade à série que aborda temas relevantes para a proposta de redação do Enem 2015 e de demais vestibulares e dissertaremos sobre uma questão pertinente, importante e polêmica: a inclusão escolar.

A inclusão de alunos portadores de necessidades especiais na escola sempre foi um assunto muito debatido nas universidades, nas próprias instituições escolares, na mídia, na esfera política e nas famílias que possuem ou não membros com algum tipo de deficiência.

Porém, esta discussão tem aumentado de uns anos para cá, já que, antigamente, essas pessoas eram escondidas em suas casas e pouco expostas à sociedade. Com o avanço da medicina e dos demais tratamentos (psicológico, fonoaudiólogo, fisioterápico, ocupacional dentre outros) e, consequentemente, com a diminuição do preconceito e com o aumento da acessibilidade, os portadores de diversas necessidades especiais começaram a ser mais incluídos na sociedade.

No entanto, infelizmente, ainda existe preconceito e discriminação para com esses indivíduos e a acessibilidade a lugares públicos e privados ainda não está 100% garantida. No caso dos deficientes físicos, por exemplo, poucos imóveis estão adaptados para a entrada e saída de cadeirantes; as calçadas não são projetadas para deficientes visuais; há poucos intérpretes de Libras nas escolas para os alunos deficientes auditivos e portadores de Síndrome de Down, Autismo e demais síndromes enfrentam muitos obstáculos para serem incluídos nas escolas, nas universidades e no mercado de trabalho.

No caso das crianças com Autismo, um caso recente chamou a atenção na última semana, dia 18 de dezembro. Em Sorocaba, interior de São Paulo, um menino autista de cinco anos foi convidado a se retirar do colégio particular que frequentava desde os cinco meses de vida por não estar apresentando bons resultados.

Em matéria publicada pelo portal G1 e em reportagem produzida pela TV Tem que podem ser acessados por aqui, os pais relatam que o colégio foi muito importante para a família, já que ajudou no diagnóstico do Autismo quando a criança tinha dois anos de idade e que ficaram surpresos e chocados com a postura adotada pela direção e pela coordenação escolar e, por isso, fizeram um desabafo em uma rede social que repercutiu em toda a população de Sorocaba pelo colégio ser um dos mais renomados, elitizados e caros da cidade.


O colégio alegou que não estava obtendo bons resultados e que o aluno não conseguiria acompanhar os conteúdos e o ritmo do Ensino Fundamental, já que em 2015 começaria a cursar o 1º ano desta etapa do ensino básico. Neste ponto, o que são bons resultados para um colégio privado e de elite? Como a instituição não forneceu maiores detalhes, só podemos formular hipóteses e inferências, algo muito importante na produção de uma redação.

Ao que parece, bons resultados para este colégio que é sempre o 1º colocado em Sorocaba no Enem e que está localizado em um dos bairros nobres da cidade é aprovações em universidades públicas e a primeira colocação no Exame Nacional do Ensino Médio e não a inclusão, a socialização e o desenvolvimento de um aluno com necessidades especiais.

Aliás, este é um dos males do sistema de seleção pelo vestibular: é uma prova que não atesta e não afere todo o conhecimento adquirido pelo aluno, pois é uma avaliação tradicional, comparativa e que valoriza apenas conteúdos clássicos e canônicos e que não é democrático, já que, infelizmente, há diferenças gritantes entre escolas em todo o Brasil e nem todos têm acesso aos melhores colégios e nem todas as escolas têm oportunidades de serem as melhores, pois mal há investimento e gestão adequadas.

Portanto, colégios pautados e pressionados apenas pelo vestibular tendem a colocá-lo como prioridade e isso acaba sendo um critério de seleção antes mesmo do fim do Ensino Médio.

Além desta questão dos “bons resultados” ser altamente questionável, também é passível de discussão a própria inclusão escolar. Segundo juristas entrevistados pelo G1 e pela TV Tem, o colégio cometeu uma atitude ilegal, pois de acordo com a Constituição todos têm direito a educação e segundo a Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394/96 todos os sistemas de ensino devem assegurar a inclusão aos alunos portadores de necessidades especiais por meio de currículos e métodos específicos. Inclusive, há uma lei recente e específica para os alunos autistas que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista que prevê a preparação das escolas para receber alunos nestas condições.

No entanto, apesar da existências destas leis fundamentais, será que as escolas estão preparadas para a inclusão de portadores de necessidades especiais? Será que os professores, os diretores, os coordenadores e os demais funcionários estão e são preparados para receber estes alunos? Estas perguntas devem ser discutidas e respondidas, com argumentos sustentáveis, caso este tema seja alvo de uma proposta de redação no Enem.

Falando por mim, pouco foi discutido em meu curso de Licenciatura em Letras a questão da inclusão escolar e quando me deparei com alunos especiais precisei estudar por conta própria e criar novos modelos de estudo e de avaliação para atendê-los e ensiná-los da melhor maneira possível.

Falando em Enem, minha irmã portadora de Síndrome de Down foi muito bem recebida nos dois dias do exame: fez a prova em uma sala especial, apenas para ela e obteve ajuda de uma pessoa e de um fiscal e minha mãe pôde ficar no corredor da universidade, aguardando a sua saída. Porém, uma pergunta ficou no ar: e depois? Será que minha irmã será aceita em uma faculdade ou curso técnico em 2015? Se sim, como isso se dará, já que para conseguir uma escola que a aceitasse aos sete anos meus pais batalharam bastante, pois algumas se recusavam e a maioria aceitava, mas afirmava ser uma tentativa, pois seria a primeira aluna especial.

O Enem, aliás, é inclusivo no sentido de aceitar e de facilitar a realização da prova por portadores de necessidades especiais, mas no caso das deficiências mentais, a avaliação do exame é inclusiva? Não, pois não é diferenciada e especial como cada caso pede. Obviamente há algo que admitimos ser difícil pela dimensão do Enem e pela dimensão e variedade das deficiências mentais e pela diversidade dos candidatos, já que cada pessoa tem seu desenvolvimento, seu aprendizado, sua evolução. Inclusive, isso já é uma realidade entre alunos sem deficiência e não poderia ser diferente entre alunos com necessidades especiais.

Enfim, trata-se de um debate fundamental e de suma importância na nossa sociedade que pode ser colocado em uma proposta de redação do Enem e que, dentro e fora dele, deve ser tratado com todo o respeito a fim de assegurar a dignidade e a educação de cada um.

*CAMILA DALLA POZZA PEREIRA é graduada e mestranda em Letras/Português pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atualmente trabalha na área da Educação exercendo funções relacionadas ao ensino de Língua Portuguesa, Literatura e Redação. Foi corretora de redação em em importantes universidades públicas. Além disso, também participou de avaliações e produções de vários materiais didáticos, inclusive prestando serviço ao Ministério da Educação (MEC).



**Camila também é colunista semanal sobre redação do infoEnem. Um orgulho para nosso portal e um presente para nossos milhares de leitores! Seus artigos serão publicados todas às quintas-feiras, não percam!

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