A mitologia nórdica não segue uma linha do tempo única e linear como uma história moderna. Em vez disso, ela é um conjunto de mitos interligados que se movem entre a criação, a vida dos deuses e o inevitável fim, o Ragnarök. A ordem a seguir é uma forma de organizar os eventos mais importantes para que você possa entender a jornada completa do mundo nórdico.
1. A Criação do Universo e dos Nove Reinos
No início, não havia nada além de um imenso vazio, o Ginnungagap. Ao norte, o reino gelado de Niflheim, e ao sul, o reino de fogo de Muspelheim. Do choque entre o gelo e o fogo, nasceu o gigante primordial Ymir e a vaca cósmica Audumla.
Audumla se alimentava lambendo o gelo, e de suas lambidas, surgiu Buri, o primeiro dos deuses. Buri teve um filho, Bor, que por sua vez teve três filhos: Odin, Vili e Vé. Esses três deuses se uniram para matar o gigante Ymir.
Dos restos do corpo de Ymir, os deuses criaram o mundo: sua carne se tornou a terra, seus ossos as montanhas, seu sangue os rios e lagos, e seu crânio se tornou o céu, sustentado por anões. De dois troncos de árvore à beira-mar, Odin e seus irmãos criaram o primeiro casal humano, Ask e Embla, que habitariam Midgard, o mundo dos homens.
O universo nórdico é sustentado pela grandiosa árvore Yggdrasil, que conecta os Nove Reinos. Entre eles estão Asgard, o lar dos deuses Æsir; Vanaheim, o reino dos deuses Vanir; Jotunheim, o mundo dos gigantes, e Helheim, o reino dos mortos.
2. A Ascensão dos Deuses e o Auge de Asgard
Com o mundo criado, os deuses se estabeleceram em Asgard. Odin, o Pai de Todos, se tornou o rei supremo, dedicado a buscar sabedoria a qualquer custo. Ele sacrificou um de seus olhos para beber da fonte do conhecimento de Mimir, e ficou pendurado por nove dias em Yggdrasil para aprender as runas.
Thor, o deus do trovão e filho de Odin, se tornou o protetor de Asgard e Midgard, usando seu poderoso martelo Mjölnir para combater gigantes e outros monstros. Sua força e coragem eram lendárias, e ele era um dos deuses mais populares.
A paz, no entanto, era frágil. A presença de Loki, um astuto deus trapaceiro com sangue de gigante, frequentemente causava problemas. Suas ações, embora muitas vezes resultassem em benefícios para os deuses, eram imprevisíveis e cheias de malícia.
Diversos mitos se desenrolam durante esse período, detalhando as aventuras dos deuses. A construção da muralha de Asgard, o roubo do martelo de Thor, o casamento de Freya e a criação de diversos artefatos mágicos são algumas das histórias mais conhecidas, todas pontuadas pelas trapaças de Loki.
3. A Semeadura da Tragédia: A Morte de Balder
A era de glória de Asgard começa a desmoronar com a morte do deus Balder, o mais belo e amado de todos os deuses. Balder era atormentado por sonhos de sua própria morte. Sua mãe, Frigga, desesperada, fez um juramento com todas as criaturas e objetos do mundo para que nunca o machucassem. O juramento, no entanto, não foi feito com o visco, uma planta considerada inofensiva.
Loki, movido por inveja e maldade, descobriu a fraqueza de Balder. Ele enganou o deus cego Hod para que ele atirasse uma flecha de visco em Balder, matando-o. O luto por Balder foi o maior já visto em Asgard, e a sua morte selou o destino de Loki, que foi capturado e aprisionado sob a terra.
A prisão de Loki, no entanto, não significou o fim de seus males. Seus três filhos monstruosos, Fenrir (o lobo), a serpente do mundo Jormungand e a deusa dos mortos Hela, cresceram e se tornaram ameaças aos deuses, que tentaram contê-los. O aprisionamento de Fenrir e de Jormungand seriam os eventos que levariam ao Ragnarök.
4. O Ragnarök: O Crepúsculo dos Deuses
O Ragnarök é o evento apocalíptico que marca o fim do mundo, uma batalha final entre os deuses e seus inimigos. Ele é precedido por um período de três invernos seguidos, sem verão, conhecido como Fimbulvetr, que leva à destruição da moralidade humana e a um caos global.
A grande batalha começa com o lobo Fenrir se libertando de suas correntes e devorando o sol, enquanto a serpente Jormungand se levanta dos oceanos e envenena o céu. O barco dos mortos, Naglfar, feito com as unhas dos mortos, navega sob o comando de Loki.
Os deuses se unem em Asgard para enfrentar as forças do caos. Odin é devorado por Fenrir, mas é vingado por seu filho Vidar. Thor enfrenta Jormungand e a mata, mas morre logo em seguida, envenenado por seu bafo. Tyr, o deus da guerra, e Garm, o cão infernal, matam um ao outro. Freya, Heimdall e os outros deuses também perecem na batalha.
O mundo é consumido pelo fogo de Surtur, o gigante de fogo de Muspelheim, e a terra é engolida pelo mar. Quase todos os deuses e a humanidade morrem.
5. O Renascimento do Mundo
Apesar da destruição, o Ragnarök não é um fim completo. Dois humanos, Lif e Lifthrasir, sobrevivem escondidos em Yggdrasil. Apenas alguns poucos deuses, como os filhos de Thor (Modi e Magni), os filhos de Odin (Vidar e Vali) e Balder e Hod, sobrevivem à batalha.
Esses sobreviventes encontram-se em um mundo novo e renascido. A terra se ergue novamente do oceano, e a vida recomeça, mais verde e pura. A narrativa termina com um tom de esperança, sugerindo que um novo ciclo de vida e deuses se iniciará. O Ragnarök não é o fim absoluto, mas um ponto de transição para um novo começo.





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