Módulo 2 - CRISTOLOGIA *


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DOUTRINAS BÁSICAS




Introdução
Este livro é escrito com a finalidade de expor o mais simples do fundamento da fé cristã. A palavra "doutrina" significa ensinamento. E nessas poucas páginas sintetizamos o maior número possível de doutrinas bíblicas.
Procuramos escrever de maneira simples e bem clara os ensinos, sempre bem acompanhados de versículos bíblicos. Em nenhuma doutrina frisamos nossas idéias particulares, mas usamos a Palavra para acurar a mais límpida verdade. Acreditamos que existem verdades cristãs que devem estar na mente e coração de cada autêntico servo de Deus. A simplicidade desse trabalho é proposital, visto que nesses últimos dias muitos querendo ser doutores acabaram dando ouvidos a demônios, se esquecendo da simplicidade que há no verdadeiro evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
Que a graça do Senhor nos ajude e que cresçamos nela com a ajuda do Espírito Santo. Lembrando sempre a exortação paulina: "Se morrestes com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos sujeitais ainda a ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: não toques, não provem, não manuseies (as quais coisas todas hão de perecer pelo uso), segundo os preceitos e doutrinas dos homens? As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria em culto voluntário, humildade fingida, e severidade para com o corpo, mas não têm valor algum no combate contra a satisfação da carne" (Cl.2.20-23).
Schleiermacher definiu o cristianismo como um “monoteísmo – em que tudo está vinculado a Cristo, o Redentor”.
Vamos nesse módulo conhecer um pouco sobre a Cristologia, ou seja, o estudo sobre Cristo. Veremos nesse módulo a importância do excelentíssimo e ilustríssimo Senhor Jesus Cristo, haveremos de navegar um pouco na eternidade, no reino de Cristo, nas teofanias, no seu amor inaudito e soberano.
É, na e somente na, Cristologia que passamos a conhecer melhor a grandeza de Cristo, seus atributos de poder, divindade e deidade. É de suma relevância que atentemos, para a beleza insondável de Cristo, pois o mesmo é visto em todo o Antigo Testamento como aquele que viria sobre Israel para salva-lo mas, mais do que isso veio para “buscar e salvar o que se havia perdido”. Não obstante isso “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” João 3.16.
Haveremos ainda de falar nesse estudo um pouco do sofrimento desse Cristo que, tanto amou a humanidade pois sendo Ele Deus não usurpou ser igual a Deus antes se humilhou por todos nós pecadores. Hoje, muitos que dizem ser seguidores de Cristo desconhecem a grandeza desse nome, muitos não têm noção do que é Cristo, sua vida e sua natureza, ainda acham-No inferior a Deus , o chamam de criatura, ou seja, um ser criado por Deus e não Deus mas, tudo isso e muito mais haveremos de comentar com meticulosidade nesse estudo.
Que Cristo Jesus nos aclare o entendimento para que, possamos compreender com singular maestria a sua santa e gloriosa vontade. Deus vos abençoe! Amém!
1. VÁRIAS DEFINIÇÕES
É impossível alguém conceber uma versão da religião cristã à parte da posição central ocupada por Cristo. De fato, não podemos entender o cristianismo sem o Cristocentrismo. A cristologia, pois, é o nome da interpretação teológica do sentido da pessoa e da obra de Cristo, e, como tal, é uma definição da natureza essencial do próprio cristianismo. Não há cristianismo sem o centro do mesmo, Cristo. Se Cristo não estivesse ressuscitado de nada nos valeria apregoar as boas novas de salvação pois, não teria significado algum o vaticínio dos profetas no Antigo Testamento, nós seriamos uma religião como o Islamismo, ou o Budismo, ou ainda o Hinduísmo onde seus deuses ainda dormem em seus túmulos, o Deus que ora nós apregoamos é um Deus ressuscitado, que todos podem conferir e ir até o seu túmulo que obviamente o encontraram vazio pois o mesmo ressuscitou.
A preocupação central da cristologia é a doutrina da pessoa e da obra de Jesus Cristo. Diz respeito a sua natureza divino-humana, à sua encarnação, à sua revelação de Deus, aos seus milagres, aos seus ensinamentos, à sua morte expiatória, à sua ressurreição e ascensão, à sua intercessão em nosso favor, à sua parousia, ao seu ofício de Juiz, à sua posição como Cabeça de todas as coisas, à sua centralidade dentro do mistério da vontade de Deus, dentro da restauração.
No que tange a vida de Jesus muitos já tentaram fazer uma biografia a seu respeito, vejamos: A princípio vejamos algumas definições do nome Jesus. Segundo Flávio Josefo existia no seu tempo cerca de 13 (treze) pessoas com o nome Jesus, mas por qual motivo? Observe: Jesus. Este nome vem da transcrição grega “Yhesus” do hebr. “Yesua”, forma tardia de “Yehosua” ou “Yosua”, nome judaico freqüente (Yavé é, ou dá salvação). As seguintes pessoas bíblicas têm esse nome: Josué (Atos 7.45; Hb 4:8; I Mac 2.55); um levita do tempo de Ezequias (II Cr 31.15); um sacerdote (I Cr 24.11); vários contemporâneos de Zorobabel (Ed 2.6; 3:9) e Ne (8:7); o sumo sacerdote Josué (Zc 3.1); um dos antepassados de Jesus Cristo (Lc 3.29); ainda Jesus filho ou neto de Sirac (Eclo 50.27), Jesus Barrabás (conforme muitos manuscritos), Jesus um justo colaborador de Paulo (Cl 4.11), Jesus Cristo. As palavras do anjo em Mt 1.21 aludem ao sentido do nome heb. Ele Jesus há de libertar o seu povo dos pecados.
Como já dissemos anteriormente tudo foi adredemente preparado por Deus, o contexto da vinda de Jesus na terra teve exatamente a aprovação prévia do Senhor Todo- Poderoso. Se não vejamos:
O Antigo Testamento, é a história de como Deus tratou a nação judaica com o fim de, por meio dela, trazer ao mundo um Messias para Todas as nações. O Antigo Testamento, é uma espécie de hino triunfal do Messias vindouro. Começando piano, com notas esparsas e indistintas, à medida que o tempo avança, expande-se num crescente até atingir a tonalidade clara, vibrante, robusta e exultante do Rei que se aproxima. Entrementes, Deus em sua providência preparava as nações. A Grécia uniu as civilizações da Ásia, Europa e África, e estabeleceu uma língua universal. Roma fez do mundo inteiro um império só; as estradas romanas tornaram acessíveis todos os pontos dele. A dispersão dos judeus entre as nações, com suas sinagogas, suas Escrituras, sua religião, seu monoteísmo, fizera conhecida em toda parte a expectação deles por um Messias. Foi assim que Deus preparou o caminho para a propagação do Evangelho de Cristo entre as nações.
No capítulo 1.1-3 de João vemos a Eternidade e Deidade de Jesus. Esta sublime passagem faz-nos lembrar as palavras iniciais de Gênesis. Jesus é ai expressamente chamado “Deus” e “Criador”. João declara muito positivamente que Jesus era uma pessoa existente desde a eternidade. O próprio Jesus falou da glória que tivera com o Pai “antes de existir o mundo”, João 17.5. Uma das coisas que implica o nome VERBO, dado a Jesus, é ser ele a expressão pessoal de Deus para a humanidade. Jesus era Deus. Jesus era como Deus Jesus é a mensagem de Deus para a humanidade.
Ainda analisando o texto vemos em João 1.4-13 Jesus como a Luz do Mundo é lógico que aclararemos melhor em outros tópicos mas vejamos: João ouviu Jesus dizer isto muitas vezes, 8.12; 9.5; 12.46. É um de seus pensamentos predominantes acerca de Jesus, 1 Jo 1.5-7. Uma das idéias da palavra “Luz”, aplicada em Jesus, é ser Ele quem aclara o sentido e o destino da existência humana.
Ainda visualizando O Cristo no capítulo 1.14-18 de João contemplamos a Encarnação de Jesus. Deus se fez homem para ganhar para Si o homem. Deus podia ter feito o homem com instinto de Lhe fazer a vontade; todavia, escolheu antes lhe dar o poder de decidir por si qual atitude a tomar para com o seu Criador.
A primeira lei da existência é que a criatura ame o seu Criador de todo o seu coração, alma, força e entendimento. Deus, porém, é espírito, e o homem está encerrado nas limitações de um corpo material e tem concepção acanhada do que seja um Espírito. Assim, o Criador veio às Suas criaturas na forma de uma delas, para lhes dar idéia de espécie de ser que Ele é. Deus é semelhante a Jesus. Jesus é semelhante a Deus.
“Filho do Homem”. Foi este o nome que Jesus gostava de aplicar a Si. Ocorre em média 80 vezes nos Evangelhos: Mateus, 30 vezes; Marcos, 15; Lucas, 25; João, 10.
Foi usado em Dn 7.13,14,27 como um nome de Messias vindouro. Pensa-se que o fato de Jesus adotá-lo, vale por uma afirmação de ser Ele o Messias.
Sugere, outrossim, que Jesus se regozijava na sua experiência de Deus encarnado, em forma humana, a partilhar da vida comum da humanidade. Levou consigo esse título para o céu, At 7.56; Ap 1.13; 14.14. Ezequiel umas 90 vezes foi assim chamado por um mensageiro celeste (Ez 2.1,3,6,8 etc.), dando a entender a baixeza do homem comparado com Deus.
O Mundo de Jesus.
Embora fosse cidadão do universo, familiarizado com os caminhos de Deus pelos espaços estelares dos abismos infinitos, Sua vida terrena foi passada em círculo muito limitado, e, não obstante, estrategicamente importante. A Palestina era o ponto de junção de três continentes, situada entre o Mar Mediterrâneo e o grande deserto da Arábia, convergência das estradas do mundo. Nos dias de Jesus, dividia-se em quatro partes, todas sob o domínio de Roma:
Judéia, parte sul, baluarte do conservadorismo judaico.
Galiléia, parte norte, com grande mistura de população grega.
Samaria, no meio, raça híbrida, em parte de sangue judaico.
Peréia, ao leste do baixo Jordão, com muitas e prósperas cidades romanas. Herodes governava na Galiléia e Peréia. Pilatos, na Judéia e Samaria.
Alexandria, segunda cidade do império romano, ficava uns 500 Km ao norte. Ao longo das costas palestinenses e através da Galiléia, passavam o comércio e os exércitos do mundo. À parte a fuga, quando menino, para o Egito, não há notícia de Jesus ter-Se afastado de Nazaré mais de 110 Km. Jerusalém ao sul, Sidom ao norte, Decápolis e Peréia a leste, foram os limites de Suas viagens conhecidas.
Galiléia. Sua população foi estimada por Josefo em 3.000.000. Era pontilhada de ricas cidades gregas. Foi um centro considerável de cultura mundial. Sua capital romana e residência real de Herodes foram Seforis, a 6 Km apenas de Nazaré.
Jesus, o meigo rabi da galiléia, segundo o que podemos inferir Dele era uma pessoa e como tal tinha sua vida totalmente voltada para Deus; Mt 26.36; Mc 14.32. Hoje muitos perquirem acerca de Jesus, vemos um Jesus belo em quadros espalhados por todo lugar mas Jesus era realmente assim? Bem em uma certa carta NÃO AUTÊNTICA, ou seja, apócrifa atribuída a Públio Lêntulo, amigo de Pilatos, escrita ao senado romano diz:
“Atualmente apareceu um homem revestido de grandes poderes. Seu nome é Jesus. Seus discípulos chamam-no Filho de Deus. É de estatura nobre e bem proporcionada, seu rosto cheio de bondade, todavia, firme, de modo que os que o vêem, amam-no e temem-no. Seus cabelos têm a cor do vinho, estirado e sem lustro, mas a partir do nível dos ouvidos são anelados e brilhosos. Sua testa, lisa e macia; suas faces não têm falha, realçadas por um rubor moderado; seu semblante é franco e bondoso. O nariz e a boca não têm defeito algum. Sua barba é cheia, da mesma cor dos cabelos; seus olhos, azuis e brilhantes em extremo. Reprovando ou censurando, é formidável; exortando e ensinando, é gentil e de linguagem afável. Ninguém o tem visto rir, porém muitos, ao contrário, têm-no visto chorar. Esbelto e alto de porte, suas mão são belas e finas. No falar é ponderado, grave, pouco dado à loquacidade; excede a maioria dos homens em beleza”.
Há tradições outras. Uma se diz que era ereto e de boa presença. Outra, que tinha os ombros encurvados e era feio.
Qualquer que fosse sua aparência pessoal, deve ter havido algo em Seu semblante e nos Seus modos que era majestoso, dominador, divino. O vislumbre que dEle se tem no capítulo 53.2 de Isaías, dá a entender uma aparência sem atrativos; mas isso se refere provavelmente à Sua maneira humilde de vida, sem afetação, Ele que ia ser rei, e não à Sua aparência pessoal. Cremos insofismavelmente no que diz o profeta Isaías sobre a aparência de Jesus haja vista que, o mesmo era judeu e como tal, tinha costumes judaicos, trabalhava como carpinteiro, quem sabe também no campo visto que conhecia maneiras peculiares dos agricultores, vemos isso também em suas parábolas, naturalmente tinha a pele escura de tanto ficar no sol escaldante do deserto e, outra coisa, era um homem que não deveria ser cobiçado. Isaías diz: “Ele foi subindo como renovo perante ele, e como raiz de uma terra seca. Não tinha parecer nem formosura; e, olhando nós para Ele, nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos.
Era desprezado, e o mais indigno entre os homens, homem de dores, e experimentado no sofrimento. Como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizeram dele caso algum “. Is 53.2,3.
Sendo carpinteiro, devia ter considerável força física. Falava tão impressionantemente a vastas multidões, ao ar livre, que imaginamos possuir Ele uma voz poderosa. À vista dos Seus discursos, conversas e ensinos, julgamos que sempre mantinha o domínio de Si mesmo, nunca Se apressava, equilibrava-Se perfeitamente, calmo e majestoso em todos os Seus movimentos.
Quanto à lenda acima citada que diz ter Ele chorado muitas vezes e nunca ter rido, o Novo Testamento, confirma que Ele chorou, como por exemplo sobre Jerusalém e junto ao túmulo de Lázaro, porém quanto à nunca rir, o Novo Testamento guarda silêncio. Todavia, há fatos que dão a entender que Ele tinha senso de humor. Este é sem dúvida o Cristo que não mediu esforços para nos dar vida e vida com abundância, sua vida, obra, amor, carinho nos mostra quão grande zelo tem o Senhor para conosco. Aleluia!
Uma coisa que desperta-nos a atenção é como os pregoeiros da Cristologia sofreram, os mesmo eram perseguidos enforcados, degolados, queimados, apedrejados, mortos por feras e por gladiadores que lhes atravessavam os corpos com lanças e isso pelo fato de adorar a Cristo, mas alguém pode dizer, no império romano havia ali um Panteão ou seja, Pan “todos” “theós” “deus” “todos os deuses” já que podiam adorar todos os deuses por qual motivo foram perseguidos? Pelo fato de adorar não a Cristo mas, somente a Cristo.
No panteão a adoração era para todos os deuses e Cristo deve ser adorado como o único Deus.
Vejamos outros detalhes:
Considerando as vantagens inegáveis de que os cristãos usufruíam ao iniciar sua missão, as quais expulsemos no tópico anterior, há um perigo muito grande de subestimarmos a magnitude da sua obra. Alguém que nunca viveu numa sociedade que foi conquistada do paganismo pelo cristianismo tem dificuldades para imaginar o tamanho dos obstáculos que a religião, vícios, hábitos e mesmo heresias representam para o cristianismo. Além disto nós temos a tendência de presumir que para os primeiros cristãos era muito mais fácil falar da magnitude de um Cristo ressurrecto, de sua deidade mas, não o era; na sociedade altamente complexa em que vivemos a tarefa nos parece ser bem mais difícil.
Não tem nenhum sentido tentar comparar a dificuldade de pregar a Cristologia em épocas diferentes, mas sem dúvida fazê-lo nas condições e circunstâncias do primeiro século era muito difícil.
Onde quer que fossem, os cristãos eram chamados de anti-sociais, ateus e depravados. Sua mensagem anunciava um criminoso crucificado, e nada pior pode ser imaginado para conseguir convertidos. Para os gregos esta história mostrava como a nova fé era ridícula, para os romanos como ela era fraca e ineficaz, e os judeus não podiam engoli-la de forma alguma. Os cristãos ofendiam tanto os judeus como gentios, tanto com suas doutrinas como com o comportamento que lhes era atribuído. Tudo isso eles tinham de suportar se quisessem ganhar uma pessoa que fosse para Jesus Cristo.
Cristo como pedra de tropeço.
Não obstante os cristãos apregoarem um Cristo que haveria de dá um descanso para a humanidade, um fardo leve e de ter um amor inigualável, tentaram de todas as maneiras apagar a chama em seus corações e, não obstante a maioria dos apóstolos serem judeus, para pregar para os seus compatriotas não era tarefa nada fácil, de onde vinha maior objeção? sem dúvida alguma era dos judeus.
A primeira e principal com que os primeiros cristãos se depararam foi o fato de que eles não eram ninguém. Uma meia dúzia de homens sem formação rabínica formal estava tentando corrigir a teologia e a fé, sem falar das práticas religiosas, de líderes religiosos profissionais preparados adequadamente; além do mais eram homens portadores de uma tradição oral que diziam remontar até Moisés. Que impertinência! Não é de estranhar que o sumo sacerdote os tratou com um misto de admiração e pena, como “homens iletrados e incultos”. À vontade de rir desapareceu quando estes leigos ignorantes começaram a atrair um séqüito considerável (inclusive alguns sacerdotes) e a mexer em um vespeiro bem no meio das autoridades religiosas, acusando-as de assassinato judicial. O movimento tinha de ser extirpado no nascedouro.
Foi exatamente isto que provou ser impossível. Não era fácil se livrar da pregação cristocêntrica. E por isso os judeus tiveram de dialogar sobre a mensagem que estes homens pregavam. Quase cada item dela era uma afronta ao judaísmo. Os cristãos afirmavam, em primeiro e principal lugar, que Jesus era o Messias_ o ponto central de toda a esperança de Israel, por mais variadas que tenham sido as formas desta esperança se expressar. Não sabemos se Jesus aplicou o termo Messias a Si mesmo, mas não pode haver dúvidas de que ele foi executado por apresentar-se como tal, e que depois de sua morte os seus seguidores constantemente o pregaram como Messias. Ato 2.36 resume o conteúdo de muitas pregações primitivas: “Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que este Jesus que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo”. Esta ênfase em que Jesus era o Messias era tão central, que em poucos anos “Cristo” (a tradução grega do termo Messias) tinha deixado de designar a função de Jesus para tornar-se uma espécie de sobrenome.
Acontece que tudo isto escandalizava de maneira especial aos judeus. Não era fácil imaginar um mestre-carpinteiro como ponte culminante do desenvolvimento de Israel. Não era fácil entender que alguém tão recente encarnasse uma sabedoria maior que a de Moisés, de tanto tempo passado. Não era fácil crer que um rabino não ordenado, que não raras vezes entrava em conflito com os expositores oficiais da Tora, pudesse ser o mestre de Israel indicado por Deus. É por isto que durante sua vida tão poucos líderes religiosos creram nele. Porém após sua execução não era mais difícil: era absurdo crer que Ele fosse o Messias. O Messias por definição era libertador e conquistador. O décimo-sétimo Salmo de Salomão, escrito talvez meio século ª C., é típico das esperanças daquele tempo.
“Atenta para eles, Senhor, e levanta-lhes seu rei, o filho de Davi preparado para o tempo que tu, ó Deus, escolhestes para que Ele iniciasse seu reinado sobre teu servo Israel, E cinge-o de força para destruir governantes injustos, e para purificar Jerusalém dos gentios que a pisam aos pés até destruírem-na.”
É claro que o salmo dali em diante fala mais das qualidades “espirituais” do Messias; os pecadores serão expulsos, o orgulho será repreendido, a glória de Israel será restabelecida. Mas o lado político da obra do Messias estava em primeiro plano. Enquanto a Terra Santa de Deus suspirasse sob o domínio de um jugo estrangeiro o próprio Deus estava sendo insultado cada dia. A libertação tinha de incluir independência política. E era óbvio que Jesus não trouxera isto. Sua morte na cruz caracterizou-o como um fracassado fanfarrão, pelo menos no que dizia respeito a ser Messias. Longe de conquistar, Ele tinha sido conquistado. Por que seguir um homem destes?
“Sem dúvida alguma os judeus esperavam um Messias montado em um grande cavalo branco e, um extraordinário exército para os libertar e quando Pilatos os pediu para escolher entre Jesus e Barrabás, prontamente escolheram Barrabás, mas por que? Jesus era meigo, sua mensagem era de amor, mas Barrabás era um grande líder religioso roubava de Roma e isto, agradava os judeus, ele por assim dizer era um tropeço para Roma, viam-no como o Libertador ou Messias de Israel. Israel esperava ficar livre da opressão romana e abraçariam qualquer um que desafiasse a ordem de Roma”. Nota do autor.
E o que é pior, adorar a um Messias crucificado era uma blasfêmia descarada. O Antigo Testamento deixava bem claro que qualquer homem pendurado em um madeiro estava sob a maldição de Deus. Como poderia ser possível que O Escolhido de Deus fosse exposto no lugar da maldição? Sabemos que este problema continuou sendo quase insuperável para os judeus. Atos e as cartas de Paulo e de Pedro referem-se a ele sempre de novo; e com boas razões.
Para ambos a doutrina do Messias crucificado tinha sido uma pedra de tropeço tremenda, até que conseguiram compreender seu significado profundo. Para a maioria dos judeus o problema persistiu. Justino teve que lidar com ele longamente em seu diálogo com o judeu Trifo: “Pode estar certo”, retrucou Tifo, “que todo o nosso povo espera por Cristo. E nós admitimos que todas as passagens da Escritura que você mencionou se referem a Ele. Mas temos dúvidas quanto a se o Cristo deveria ser crucificado de maneira tão vergonhosa. Porque a Lei diz que qualquer crucificado é maldito, e neste ponto eu sou totalmente incrédulo. É verdade que as Escrituras predizem que o Cristo teria de sofrer; mas queremos que você nos prove que teria de ser pelo sofrimento considerado maldito pela Lei.”
Este era o problema que todos os cristãos que quisessem conseguir convertidos entre os judeus teriam de resolver.
Não teria sido tão mau se os cristãos tivessem se contentado em afirmar que Jesus era o Messias. Mas eles foram muito além. A primeira confissão batismal de que temos notícia foi a curta afirmação de que “Jesus é o Senhor”. É preciso relembrar que “Senhor” é o termo especial usado para Deus no Antigo Testamento; na Septuaginta ele traduz a palavra Adonai. Não havia engano. O próprio Jesus, e depois dele os primeiros cristãos, usou muito o Salmo 110.1, onde Davi fala ao “meu Senhor”. Isto foi interpretado com referência a Jesus, que, por conseguinte, era Senhor de Davi. É de admirar que os judeus pensassem que os cristãos estavam pregando um segundo Deus? Como eles poderiam, com seu monoteísmo puro, ter qualquer ligação com uma blasfêmia destas? Toda a parte central do diálogo com Tifo gira em torno da afirmação dos cristãos de que Jesus é divino. É óbvio que qualquer idéia de divinização, qualquer indício de encarnação, eram inaceitáveis para um judeu. Quanto ao nascimento virginal, para os judeus isto era um insulto da pior espécie para Deus, uma história parecida com as que os gregos contavam de Zeus e Dánae.
O argumento de que Ele tinha sido profetizado por Isaías (“Eis que a virgem conceberá, e dará a luz a um filho”) era negado como uma compreensão erronia do original. O mais provável em termos de algo incomum em relação ao nascimento de Jesus era que Ele fosse filho de uma mãe solteira.
A DOUTRINA DE CRISTO - CRISTOLOGIA - RESUMO
Jesus de Nazaré transformou o mundo. Jamais houve e jamais haverá alguém como Ele. Ele é o tema de mais livros, peças, poesias, filmes, e manifestações de adoração do que qualquer outro homem na história da humanidade. Ele dividiu a história humana em a.C. e d.C. – "antes e depois de Cristo".
Ler as Suas palavras cuidadosamente – comparando-as com as de Maomé, Buda, e os escritos hindus, ou de qualquer outro líder religioso – é ficar atônito diante do seu poder e singularidade. Os que O ouviram, perguntaram surpresos: "Donde lhe vêm esta sabedoria e poderes miraculosos?" (Mt 13.54). Observar o que Ele fez é convencer-se intuitivamente das afirmações básicas da fé cristã.
Tudo de bom que o cristianismo fez ao mundo é resultado da influência de Jesus. Mas, quem era esse homem? As Escrituras hebraicas predisseram com séculos de antecedência a vinda de um Messias divino para toda a humanidade, e Jesus é o cumprimento dessas profecias.
Veja o que a Bíblia diz sobre Ele:
§ Jesus é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação (Colossenses 1.15);
§ Porque aprouve a Deus que, em Jesus, residisse toda a plenitude (Colossenses 1.19);
§ Jesus é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste (Colossenses 1.17);
§ Em Jesus habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade (Colossenses 2.9);
§ Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito [Jesus], que está no seio do Pai, é quem o revelou (João 1.18);
§ Jesus é o resplendor da glória e a expressão exata do Ser de Deus, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder... (Hebreus 1.3);
§ Em Cristo todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos (Colossenses 2.3);
§ O Verbo [Jesus] estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu (João 1.10);
§ O mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia se manifestou... Isto é, Cristo em vós, a esperança da glória (Colossenses 1.26,27);
§ Jesus se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção (1 Coríntios 1.30);
§ Jesus é a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem (João 1.9);
§ Deus, o Pai, constitui ao Filho, Jesus, herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo (Hebreus 1.2);
§ Jesus é o Mediador da Nova Aliança... (Hebreus 12.24);
§ Jesus é o Autor e Consumador da fé... (Hebreus 12.2);
§ Em Jesus temos a redenção, a remissão dos pecados (Colossenses 1.14);
§ Há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem (1 Timóteo 2.5);
§ Jesus disse: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim (João 14.6).




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